Um crossover com rock, jazz, soul, R&B e experimentalismo. É mais ou menos isso o resultado do primeiro álbum da banda Steely Dan, Can’t Buy a Thrill, lançado em 1972. Ao surgir, o grupo era formado pelos músicos Walter Becker (guitarra, baixo e vocais), Jeff “Skunk” Baxter (guitarra, backing vocal), Denny Dias (guitarra), Jim Hodder (bateria e vocais), David Palmer (vocais) e Donald Fagen (vocais e teclados). Mas toda criação tinha o vetor principal na dupla Becker e Fagen.
Ao longo dos anos 1970 o Steely Dan fez sete álbuns e vendeu uns 40 milhões de discos. Além de muitas turnês. Adjetivos não faltam, aqui e ali, para qualificar a personalidade e o comportamento de Becker e Fagen: músicos estranhos, arrogantes, exigentes, soturnos e sarcásticos.
E de um início com vários músicos, muito provavelmente devido aos mesmos adjetivos já citados, as formações foram mudando e encurtando até chegar à composição que gravaria a obra-prima “Aja”: Becker, Fagen e muitos músicos de apoio, contratados de acordo com a demanda de cada canção.
https://www.youtube.com/watch?v=YhQ5Dg6gdEw
Mas o belíssimo passo inicial desta impressionante trajetória musical foi Can’t Buy a Thrill. Produzido por Gary Katz, produtor que acabaria ficando mais conhecido pelas participações junto ao Steely Dan, mesmo – o que não é nenhum demérito, aliás. O registro arrasou já de cara com os hits “Do It Again” e “Dirty Work”, cantados por Palmer – primeiro a ser “limado” dos próximos trabalhos do grupo. “Reeling In The Years” traz o famoso solo de guitarra de Elliott Randall.
A Billboard disse, na ocasião do lançamento de ‘Can’t Buy a Thrill’: ‘[…] um álbum com boas possibilidades de gerar hits para um grupo que deve durar algum tempo’.
Provavelmente este álbum contenha as músicas mais conhecidas do grande público – “Do It Again” e “Reeling In The Years”, sendo a primeira, talvez, a mais lembrada até hoje. Uma curiosidade: o single de “Do It Again” saiu pouco depois do álbum.
Isso porque nem a banda tampouco Gary Katz acreditavam no potencial da canção. “Só que fizemos a música como uma balada e ela conta uma história”, afirmou Fagen, único que botava fé na faixa.
Quando foi lançado na Espanha de Francisco Franco, Can’t buy a thrill polemizou no ambiente do departamento de censura do país. Os “homens de bem” do governo espanhol acharam a fotomontagem da capa original lasciva e obrigaram a gravadora a substituir a imagem por uma foto da banda tocando ao vivo. Ou seja, de norte a sul, de leste a oeste, às vezes, como diria Wayne Coyne, algum monstro fanático aparece para tentar nos regrar. Não se pode comprar uma emoção, afinal. É a vida.
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