O line up não está completo e nem oficialmente declarado, mas a data está definida: os dias 12 e 13 de março marcarão mais uma edição do festival Lollapalooza Brasil, novamente no autódromo de Interlagos, na capital paulista. Será o quinto ano consecutivo do festival no país.
O que se sabe – e se especula – até agora deixa claro que o evento, se todas as informações se confirmarem, já garantiu atrações do indie rock e pop que atraem o seu principal público, mas ainda faltam grupos de rock mais direto e pesado serem anunciados, assim como estrelas do pop mais mainstream e radiofônico, sem falar nos DJs e artistas eletrônicos que acabam atraindo um novo público pagante ao autódromo. O que também se sabe é que o Lollapalooza vai enfrentar uma grande concorrência. Eles que não cuidem do line up!
É praxe: artista bem quisto pelo público está com disco novo? Se encaixa no perfil? Então a chance de entrar para a escalação é grande. Como nos anos anteriores, bandas e artistas que se apresentaram na matriz do evento, o Lollapalooza Chicago, fecharam a participação na América do Sul (que em 2016, além de São Paulo, Buenos Aires e Santigo também terá uma etapa em Bogotá, na Colômbia). Assim, dois dos nomes que a princípio já estariam na escalação são os ingleses do Florence + The Machine e os islandeses do Of Monsters and Men, dois grupos que estão trabalhando seus novos discos de forma soberba. No Brasil, será a segunda vez de cada um.

Os islandeses, que já se apresentaram no Lollapalooza 2013, deverão cair nas graças do pessoal mais assumidamente indie com seus reverbs, arranjos bem feitos e melodias encantadoras. Não será uma das principais atrações, no entanto, devendo tocar no final da tarde. Já Florence Welch tem sido uma força arrebatadora nos palcos, se apresentando com uma banda afiada, um ótimo esquema de iluminação e a performance incrível da cantora e compositora, que não para de correr de um lado para o outro do palco. Não é garantido que ela seja headliner, mas merece ser.
É praxe: artista bem quisto pelo público está com disco novo? Se encaixa no perfil? Então a chance de entrar para a escalação é grande.
Quem também está no radar do festival é o Tame Impala, a banda que já se apresentou em shows menores no país e que lançou o excelente Currents mês passado. Kevin Parker e sua turma deverão não só colocar o público para dançar ao som de suas novas músicas soul, funk e pop com pegada retrô e psicodélica, mas também encontrar um público ávido para vê-los novamente. O mesmo pode ser dito do Alabama Shakes, outra banda que já se apresentou no Brasil, também no Lollapalooza 2013, e que deve voltar com mais moral e em horário de maior prestígio. Um grupo que vem conseguindo mais fãs com seu soul, country e rock bonito, divertido e bem feito, sem falar na voz arrebatadora de Brittany Howard.
Não é surpresa nenhuma ver os ingleses do Mumfords & Sons entre os cogitados. O novo disco do grupo, Wilder Mind, foi feito sob medida para fazer o grupo funcionar em palcos de festivais. Eles ganharam notoriedade pelo jeito western de suas músicas que nem precisavam de bateria. O som era ótimo, mas dentro de um festival é importante ter força nos PAs e fazer um público heterogêneo se empolgar com sua música. Afinal, a competição por atenção é enorme. Eles não só eliminaram muito do western com seu trabalho novo como incorporaram a bateria, efeitos eletrônicos e muitos detalhes de guitarra típico do indie.
Florence, OMAM, Alabama Shakes, Tame Impala e Mumford & Sons já garantem a aprovação de grande parte do público mais alternativo, estilo que é o forte do festival. Marina And The Diamond seria outra que traria seu pop e suas boas performances, engrossando o caldo indie. Ela tocaria na edição 2015, mas acabou não conseguindo embarcar a tempo para São Paulo.

Já o rock está representado apenas por Noel Gallagher, que além das músicas do Oasis, já pode fazer um show inteirinho só seu apresentando o ótimo repertório de seus dois discos de estúdio. Albert Hammond Jr., do Strokes, deve trazer seu trabalho solo, mas provavelmente de forma mais discreta, sem muito prestígio entre o público. O festival ainda precisa de nomes mais pesados para o rock, como foram o de Jack White, Robert Plant, The Smashing Pumpkins, Foo Fighters, Muse, Pearl Jam, Nine Inch Nails e Soundgarden em edições anteriores. Ou será que o espaço do rock será enxugado?
Não dá para ignorar as atrações do pop e do eletrônico, cujos representantes no Lollapalooza 2015 foram Pharrel Williams, Calvin Harris e Skrillex. Eles conseguiram mais público que os headliners roqueiros e, por isso, a organização do evento não pode desprezar a força desses estilos junto ao público sul-americano. Para o pop mais acessível e mainstream já há o nome de Sam Smith sendo sondado. Faltam os nomes da música eletrônica, que deverão ser vários, pois o evento tem uma tenda só para DJs.
A formação do line up é essencial para o Lollapalooza 2016 no Brasil, já que o mês de março também vai receber a turnê no Maroon 5, mais pop e mais gigantesca do que nunca, e, a confirmar, a nova turnê do Coldplay, que já prepara o lançamento do seu próximo disco de inéditas. Tanto o grupo de Adam Levine quanto o de Chris Martin querem se apresentar em estádios e geralmente esses ingressos são salgados. Com a atual situação econômica do país, com solução a perder de vista, é possível que um evento canibalize o outro, roubando e dividindo o público.
Seria o Lollapalooza Brasil capaz de contratar uma escalação de boas e interessantes bandas para atrair mais de 120 mil pagantes frente a dois pesos pesados do pop mundial? Vá fazendo suas economias.