Neste final de semana, a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba lança o seu sétimo trabalho fonográfico, o álbum Passarinhadeira. O CD é um daqueles projetos que fazem – ou deveriam fazer- o público repensar sua forma de consumir arte. E para nós, trabalhadores deste ecossistema da música, Passarinhadeira é um álbum de lavar a alma. Um disco grandioso em sonoridade, conteúdo, estrutura técnica e elenco. Convenhamos, um disco envolvendo dezoito artistas em cena para gravação do registro ao vivo é grandioso no simples fato de existir. Ou resistir.
No texto impresso no encarte do CD, o compositor Guinga dá o seu depoimento. “Passarinhadeira é uma declaração de amor. Nem sei se mereço”. Uma declaração de amor às canções de Guinga, realizada por Sérgio Albach, Izabel Padovani e a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba. Um álbum com onze músicas de Guinga e seus principais parceiros, como Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc e Simone Guimarães. Luis Otávio Almeida, Lea Freire, André Mehmari, Vicente Ribeiro, Sérgio Freire, Mário Conde, Davi Sartori, Luca Raele, Gabriel Schwartz e Gilson Fukushima são os arranjadores responsáveis pela construção sonora do disco. Uma seleção impecável de músicos, que mistura membros da Orquestra com arranjadores convidados.
![Orquestra à Base de Sopro e Izabel Padovani](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Orquestra-de-sopro-izabel-padovani-passarinhadeira-1024x683.jpg)
Passarinhadeira foi gravado ao vivo durante dois shows, em julho de 2017, na Capela Santa Maria em Curitiba.
Passarinhadeira foi gravado ao vivo durante dois shows, em julho de 2017, na Capela Santa Maria em Curitiba, sob responsabilidade técnica do engenheiro de som Chico Santarosa, a quem são confiados os trabalhos mais elaborados que já ouvi. A mixagem é de Chico Santarosa e a masterização de Homero Lotito.
O álbum abre com um rock-sinfônico sobre a música “Saci”, arranjo de Gilson Fukushima. O arranjo dá o suporte necessário para a interpretação mais virtuosa de Izabel Padovani. O disco que segue com “Cine Baronesa”, uma canção sem letra – que remete aos trabalhos anteriores de Izabel.
“Porto de Araújo” é outro destaque. Um grande encontro das mulheres do disco. Izabel Padovani interpreta o arranjo escrito por Léa Freire sobre a canção de despedida de um filho com a sua mãe. Não há quem não encontre na poética desta canção uma sensível memória. A beleza também aflora na “Canção Necessária”, valsa arranjada por Davi Sartori. O arranjo escrito para clarinetes e voz é uma exaltação da beleza. Obra-prima.
Outras músicas como “O Côco do Côco” e “Vô Alfredo”, as mais conhecidas do público, cumprem uma função importante dentro do CD como um todo. São obras que se aproximam o trabalho da brasilidade, embora permaneçam na complexidade técnica da execução dos arranjos.
Para quem está na órbita da Orquestra à Base de Sopro, do Sérgio Albach e da Izabel Padovani, sabe o quanto seria difícil meu distanciamento da criação deste álbum. Convivemos como artistas, como amigos e como indivíduos. Mas, a cada novo trabalho, a surpresa toma conta dos ouvidos, como se nos conhecêssemos de novo. Sinal de que ainda estamos em sintonia com a arte. Ainda bem.
A parte boa dessa intimidade toda? Lançamento exclusivo pra vocês. Vai, Saci!
SERVIÇO | Lançamento de ‘Passarinhadeira’, da Orquestra à Base de Sopro e Izabel Padovani
Onde: Teatro do Museu Oscar Niemayer| R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico;
Quando: 8 de julho, domingo, às 19h;
Quanto: Ingressos R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).