Na série de ilustrações All-New Superpowered Pós-Punk, o artista Butcher Billy transforma alguns ícones do Pós-Punk em super-heróis da Marvel. Morrissey, é o Hulk; Ian Curtis, o Homem Aranha; Mark Mothersbaugh, vocalista do Devo, o Homem de Ferro; Bob Smith, o Noturno; Siouxsie, a Feiticeira Escarlete; Gary Numan, o Visão; John Lydon, do PIL, o Wolverine e Billy Idol, é Thor.
Peço licença ao artista para também criar, no meu imaginário que não desenha, uma trupe. A ideia inicial era transformá-los em super-heróis britânicos. Mas, vamos e venhamos, eles não são tão bons nesse lance de superpoderes. Os americanos criaram seres quase imortais. Já no outro continente temos heróis sendo meros humanos. O arqueiro Hobin Hood, que já passou dos 700 anos, e que, ao menos no som, tem nome que lembra o do parceiro de Batman; Sherlock Holmes, com seu chapéu, lupa e cachimbo inconfundíveis; na vida contemporânea, James Bond e seus carros incríveis.
Então resolvo dar poderes aos americanos mesmo. Mas não vou de Vingadores. As inspirações vieram da turma dos Renegados, da DC Comics. O grupo ajudou Batman a invadir o reino de Markóvia, em 1983, depois que a Liga lhe deu as costas. Os Renegados eram uma espécie de força que ficava nos bastidores, sob os holofotes dos heróis mais famosos. Alguma semelhança entre o Pós-Punk e os astros que lotavam estádios nos anos 1980?
A ideia de dar poderes a ícones da música não é inédita. Em 2009, em comemoração aos seus 70 anos, a Marvel lançou algumas capas que homenagearam a cultura pop dos anos 1980 e 1990.
Não quis fazer uma mera relação aleatória, entre músico e super-herói, sem que não houvesse real semelhança física ou de personalidade. Por isso meu grupo é restrito e exclui muitos músicos que eu gostaria de vestir com uma capa de super-herói.
Pra começar coloquei Ian McCulloch, do Echo and the Bunnymen, na pele do Arsenal, que foi líder dos Renegados durante um tempo. O senso de humor sarcástico e o temperamento um tanto rebelde já são características que se encaixam bem na alma de “Mac, the Mouth”, como Ian é conhecido por alguns.
Também há certa provocação nessa escolha. Arsenal é um nome horripilante para o músico, já que remete ao nome de um grande rival do Liverpool FC, time pelo qual Ian é fanático. Como inimigo de Ian/Arsenal, colocaria o Exterminador. Mas o único músico que seria forte candidato para representá-lo é Morrissey. Ele e Ian são rivais desde que faziam sucesso nos 1980. Cada um defendia que sua banda era a melhor do mundo. Uma pena, pois Morrissey não tem nenhuma semelhança com o Exterminador.
Peter Murphy tornou-se o Rastejante. Além de ambos terem personalidade excêntrica e comportamento hiperativo, Murphy e Rastejante também gostam de usar pouca roupa. E mais – Gotham City, onde vive Rastejante, remete ao nome do disco Gotham, gravado ao vivo pelo Bauhaus, em 1998. Siouxsie, na pele de Divina, ficou Siouxsie sendo ela mesma. Sexy, bonita, meio vamp e morando em uma mansão em Gotham City, talvez com um pouco mais de roupa do que Divina costuma usar.
E que tal Mark E. Smith, líder do The Fall, sendo Metamorfo, o personagem meio estranho e marginal dos Renegados? E mais do que isso, quando se pensa que Metamorfo é capaz de transformar seu corpo em qualquer elemento químico, impossível não lembrar que Smith é um das figuras mais ilícitas e etílicas de Manchester.
A ideia de dar poderes a ícones da música não é inédita. Em 2009, em comemoração aos seus 70 anos, a Marvel lançou algumas capas que homenagearam a cultura pop dos anos 1980 e 1990. Cher foi inspiração para uma nova Mulher-Hulk, com direito a roupas e cabelos espalhafatosos; Kurt Cobain foi o Máquina de Combate; Madonna tornou-se a mutante Vampira e os Zumbis ficaram uma graça na pele dos comparsas de Michael Jackson no clipe “Thriller”.
Em 2013, Butcher fez a primeira série do Pós-Punk versus Super-heróis, com personagens da DC Comics. A série The Pós-Punk/New Wave Super Friends, tinha Morrissey (Super Homem), Ian Curtis (Batman), Siousxie (Mulher Maravilha), Mark Mothersbaugh – da banda britânica Devo (The Flash) John Lydon (Nuclear), Billy Idol (Aquaman), Robert Smith (Homem Borracha) e Adam Ant (Lanterna Verde).
E não sou só eu que digo que Butcher acertou. The Guardian, The Observer, NME e outros veículos de peso também caíram nas graças do artista. E mais – a arte de Butcher chegou até os olhos de Peter Hook, ex-baixista do Joy Division e New Order. O músico pediu a ilustração que o designer fez de Ian Curtis como Batman para ilustrar o poster da atual turnê do banda Peter Hook & The Light. Nas recentes apresentações, Hook tem tocado um vasto repertório do Joy Division.
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