O Brasil se prepara para receber uma das bandas mais icônicas do rock alternativo mundial. O Garbage, formado em 1993 em Madison, Wisconsin, e conhecido pela mistura única de rock, eletrônica e trip-hop, retorna ao país em março de 2025 com três apresentações marcadas para São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Em produção da Liberation, o quarteto formado por Shirley Manson, Duke Erikson, Steve Marker e Butch Vig fará novas apresentações menos de dois anos após tocar no The Town. O grupo segue nos preparativos de seu próximo disco, que, nas palavras de Shirley ao portal NME, deve surpreender. “Depois de queimar a terra, estamos procurando fragmentos de vida e de humanidade”.
Na companhia da L7, pioneiras do punk/grunge, conhecidas por performances estridentes e sonoridade que une o peso do punk, metal, noise e pop, esses shows prometem reacender a energia de duas bandas que, em três décadas de estrada, nunca se contentaram em seguir o esperado.
O nascimento de uma trajetória marcante
Liderado pela vocalista escocesa Shirley Manson, o Garbage surgiu quando os produtores Butch Vig, Duke Erikson e Steve Marker, que já eram nomes consagrados por trás de grandes álbuns de bandas como Nirvana e Smashing Pumpkins, decidiram formar seu próprio projeto. O encontro com Manson foi o ponto de virada que selou o destino da banda. Em 1995, o primeiro álbum homônimo (Garbage) conquistou a crítica e o público com faixas como “Only Happy When It Rains” e “Stupid Girl”. A estética sombria, os vocais potentes de Manson e a combinação entre guitarras distorcidas e batidas eletrônicas trouxeram uma nova sonoridade que dialogava com a angústia dos anos 1990.
O sucesso do álbum de estreia pavimentou o caminho para o grupo se tornar uma das grandes forças do rock alternativo da década. Version 2.0, de 1998, consolidou essa posição ao apresentar uma sonoridade ainda mais refinada, com sucessos como “Push It” e “I Think I’m Paranoid”. A influência eletrônica se tornou mais presente, sem que a banda perdesse seu apelo visceral. Esse disco recebeu diversas indicações ao Grammy e mostrou que o Garbage não era apenas uma banda de um único sucesso, mas um nome que veio para ficar.
O amadurecimento em uma indústria em mudança
Nos anos 2000, o Garbage enfrentou novos desafios. Em 2001, o lançamento de Beautiful Garbage trouxe uma sonoridade mais pop, flertando com o mainstream e a música eletrônica de forma ainda mais explícita. Embora tenha sido elogiado por sua audácia, o álbum dividiu a crítica e não alcançou o mesmo sucesso comercial dos anteriores. Foi um momento de transição para a banda, que estava tentando se reinventar em um cenário musical cada vez mais dominado por novas tendências.
Agora, em 2025, o grupo prepara-se para mais uma vez eletrizar o público brasileiro, trazendo consigo o legado de décadas de inovação e provocação.
A virada veio com Bleed Like Me (2005), um retorno às raízes mais pesadas e orgânicas do grupo. O álbum, que contou com faixas como “Why Do You Love Me”, mostrou que eles ainda tinham fôlego criativo para competir em um cenário musical dominado por novos nomes. No entanto, após a turnê deste disco, a banda entrou em hiato.
O retorno triunfal veio em 2012 com Not Your Kind of People, que mostrou um Garbage rejuvenescido e pronto para conquistar uma nova geração. A banda continuou a evoluir com Strange Little Birds (2016), explorando sonoridades ainda mais sombrias e introspectivas.
No Gods No Masters (2021), o trabalho mais recente do quarteto, trouxe uma abordagem mais política e crítica, refletindo o clima global de incertezas e tensões. As faixas são carregadas de mensagens sobre poder, desigualdade e mudanças sociais, sem perder o toque sarcástico e provocador que sempre foi uma marca registrada de Shirley Manson.
Garbage e o Brasil: o que esperar dessa relação duradoura
Esta será a quarta vez que o Garbage desembarcará no Brasil. A banda se apresentou pela primeira vez no país em 2012, durante a turnê de Not Your Kind of People. Na ocasião, durante o (falecido) Planeta Terra Festival, a mistura de rock alternativo e sonoridades eletrônicas encantou o público brasileiro, marcando a estreia da banda nos palcos nacionais.
Quatro anos depois, em 2016, o Garbage voltou com apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro, promovendo o álbum Strange Little Birds. Ambos os shows foram recebidos com entusiasmo, consolidando a relação da banda com seus fãs brasileiros. As casas lotadas foram testemunhas da potência vocal de Manson e da coesão entre os membros da banda, que entregaram um show enérgico e repleto de hits, tanto para os fãs de longa data quanto para os novos admiradores.
Agora, em 2025, o grupo prepara-se para mais uma vez eletrizar o público brasileiro, trazendo consigo o legado de décadas de inovação e provocação. Os três shows em território brasileiro fazem parte da turnê pela América do Sul, que contará, ainda, com apresentações em Bogotá (Colômbia, 12/03), Santiago (Chile, 14/03) e Buenos Aires (Argentina, 18/03), e prometem ser uma verdadeira viagem no tempo, mesclando grandes sucessos como “Only Happy When It Rains”, “I Think I’m Paranoid” e “Cherry Lips”, com faixas mais recentes e potentes, como “The Men Who Rule the World” e “Wolves”, do álbum No Gods No Masters. Confira acima uma playlist especial com o set que o quarteto tem apresentado na tour pela Europa.
Shirley Manson, conhecida por sua presença de palco hipnotizante, continua a ser o ponto focal da banda, com sua postura enérgica e olhar crítico sobre o mundo contemporâneo. A expectativa é que o Garbage ofereça performances impactantes, marcadas pela mistura de distorção, melodia e letras provocativas. Para os fãs brasileiros, esta é uma oportunidade imperdível de revisitar a carreira de uma banda que, mesmo após 30 anos, se recusa a se acomodar.
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