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Home Música

Um rolê na Corrente Cultural

porEscotilha
12 de novembro de 2015
em Música
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Por Bruno Vieira*, especial para A Escotilha

Quando resolvi trocar o Sérgio Sampaio que saía dos meus fones pelos sons da Corrente Cultural, não foi música que invadiu os meus ouvidos. Eram outras as vozes que reinavam na Boca Maldita e arredores:

– Carregador portátil de celular, dez reais!

– DVD, só um real!

Não tinha me tocado que, mesmo sendo sábado (07) e que a Corrente tivesse começado na segunda-feira, o palco principal da Boca só estaria montado no dia seguinte. Mesmo assim, o evento de rua já dava as caras na XV pelo grande número de ambulantes, estátuas vivas e o fato de ter dois – e não apenas um – homem-aranha tirando fotos com os passantes; um no início, outro no final do calçadão. Sem falar nas figurinhas marcadas como o Plá e aquele pastor malucão que sempre diz que o diabo está atrás de mim.

Perto da galeria do TUC, os banheiros químicos denunciavam a proximidade dos shows. Eles tinham sido colocados ali faz pouco tempo, mas um deles já exibia o pixo curioso: “sistema falido”. Até agora não sei se era uma crítica à Corrente, ao capitalismo ou se o banheiro não estava funcionando mesmo. Não paguei para ver.

Ladeado por vendedores de espetinhos e bebidas (um tanto suspeitas), punks e hare krishnas, cheguei nas Ruínas exatamente às 16h. O show da Duda Brack começou com poucos minutos de atraso e hipnotizou até quem tinha caído ali de paraquedas. Quer dizer, nem todo mundo. Tinha uns gatos pingados na plateia que estavam tão confusos quanto o clima – que, esquizofrênico, não se decidia se queria sol ou garoa – soltando gritos de “gostosa!” ou então comentários machistas sobre a suposta indecência das roupas da cantora gaúcha.

Saí de lá cheirando a cigarro, mesmo estando ao ar livre, e fui acompanhar com alguns amigos o final da #viradacontracunha, que já estava fervendo em frente ao palco da Boca Maldita. Deu tempo de ver a ciranda final da manifestação e alguns depoimentos da galera que estava por lá. Resolvi ir para casa logo em seguida, o dia seguinte ia ser cheio e começaria bem cedo com o show do Emicida às 11h – um horário no mínimo curioso para um show desse porte.

A soma do cansaço e a chuva matinal resultaram no inevitável: acordei atrasado. Saí já meio conformado em perder a apresentação que mais esperava assistir. Fui rezando até a Estação Central para que os atrasos da edição passada se repetissem e compensassem o meu relaxo. Deu ruim. O rapper paulista subiu ao palco apenas dez minutos depois do previsto.

Atravessei a XV a passos largos enquanto ouvia de longe aquelas que seriam as duas últimas músicas do show. A garoa leve fez os vendedores de carregador de celular e artistas de rua darem lugar aos comerciantes de capas de chuva. O calçadão estava com outra cara. Enquanto lá na frente ecoavam os versos sobre racismo e desigualdade social da pedrada sonora que é “Mandume” – faixa do último álbum do Emicida – os moradores de rua dormiam pesado debaixo das marquises. Pensei comigo mesmo na ironia escancarada da cena e continuei meu caminho.

No caminho de volta fui pensando em como a rua fica muito melhor assim, cheia de pessoas diferentes unidas pela música ou apenas pela possibilidade de deixar as preocupações de lado e curtir.

Alcancei a plateia a tempo de pegar a última música do show. Fui desviando dos ambulantes que circulavam como garçons entre as pessoas vendendo batidinhas coloridas em cima de bandejas. Só avistei o rapper no telão e quando ele foi embora sobrou da apresentação apenas o cheiro da marofa e o arrependimento de não ter acordado mais cedo.

Resolvi ir até as Ruínas para ver o Lemoskine. Não contava com o tráfego lento da feirinha do Largo da Ordem e acabei perdendo mais um show. Pelo menos consegui assistir à bandinha dos hare krishnas atravessando a feira e acabei almoçando no templo deles. Entre todas as opções de barraquinhas que estavam pela rua graças à Corrente Cultural, o buffet vegetariano dos devotos era a opção mais apetitosa – e em conta.

Se até ali o clima estava fechado e a chuva já ameaçava cair, o TUC estava um verdadeiro inferninho. Lá consegui assistir ao show inteiro da sempre competente Banda Gentileza. Que, mesmo com alguns problemas técnicos de som (os únicos que presenciei durante todo o evento), botaram o povo todo para dançar.

Depois de matar um tempinho na rua São Francisco, me deparei com uma plateia lotada e calorosa no show da Far From Alaska – que, a propósito, fez um dos shows mais insanos da Corrente. O stoner rock desértico dos nordestinos trouxe uma breve estiagem na garoa persistente e de quebra deixou alguns queixos caídos ali pelas Ruínas.

Nessa altura do campeonato a realidade já estava meio distorcida – um fenômeno comum no Largo e que se agrava durante esses eventos de rua. Tive certeza disso quando avistei, simultaneamente, um doidão com os braços esticados brincando de aviãozinho no meio dos carros enquanto um grupo de amigos cantava “que bonita sua roupa”, eterno hit do Chaves. Não há alma que escape dos efeitos do Fontana.

Até cogitei assistir ao show do Machete Bomb ou da Pitty, mas o tempo ruim deu uma desanimada. Sem falar que, graças a uma curiosa ausência de policiais, transitar domingo de noite entre os palcos era um convite à aventura.

Já na Estação Central, a cobradora comentava o movimento. “Se você soubesse o que eu vi hoje. Ih, quando acabar isso daí vai dar confusão, você vai ver. Quando os farofeiros chegarem vou, ó [levantando os braços], deixar passar tudo, tá louco”.

No caminho de volta fui pensando em como a rua fica muito melhor assim, cheia de pessoas diferentes unidas pela música ou apenas pela possibilidade de deixar as preocupações de lado e curtir (como concordariam os moradores de rua que eu vi dançando em vários dos shows); em como a Corrente pareceu muito menor esse ano e que, em 2016, a Fundação Cultural deveria rebatizar algum dos palcos para Palco Fontana. Mas, bem, eu costumo divagar.

 

* Bruno Vieira é estudante de jornalismo da UFPR e músico nas horas vagas. Atrasado desde 1995, tem planos demais e tempo de menos. Queria fazer carreira com jornalismo cultural e literário, mas caso tudo dê errado, ele sempre terá a opção de fazer um canal de esquetes no Youtube.

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Tags: Boca MalditaCorrente CulturalDuda BrackFundação Cultural de CuritibaJornalismo GonzoJornalismo LiterárioTUC

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