Antes de iniciar a redação do texto de hoje, como sempre acontece, estava sem a menor ideia. Assim, apelei novamente ao sorteio eletrônico: joguei uma palavra aleatória no Google, como uma espécie de mandinga cibernética, para que algum guia, sei lá, me orientasse. Não contarei qual foi a palavra, mas o fato é que aparentemente funcionou. Encontrei algo relacionado ao primeiro clipe exibido na TV brasileira.
Trata-se da canção “América do Sul”, composição de Paulo Machado, interpretada por Ney Matogrosso. O clipe foi ao ar no programa Fantástico, no dia 29 de junho de 1975. É até um pouco engraçado, em alguns momentos, observar a coreografia meio maluca executada pelo cantor, associada ao figurino, exótico, como não poderia deixar de ser, tratando-se do ex-vocalista dos Secos e Molhados.
No curso dos anos 1980, muita coisa surgiu, com recursos e técnicas emprestados dos anúncios publicitários, com muito uso de tecidos esvoaçantes, espelhos se quebrando, água em câmera lenta, maquiagem e efeitos especiais cinematográficos.
Então, há 43 anos, estava iniciada no Brasil a produção e divulgação por meio deste produto cultural que se tornaria um instrumento poderosíssimo das gravadoras e seus departamentos de marketing, principalmente entre os adolescentes – graças, posteriormente, ao surgimento da MTV (Music Television), no dia 1 de agosto de 1981 nos EUA, e 20 de outubro de 1990, no Brasil.
Nossa intenção não é afirmar quando e quem gravou o primeiro clipe da história. Porém, é possível afirmar que os Beatles abriram caminho ao misturar cinema e música. A banda começou a deixar de lado apresentações ao vivo na TV, devido ao histerismo da plateia, por gravações.
Assim, o diretor Richard Lester é considerado uma espécie de pai dos videoclipes. Isto porque conferiu tratamento cinematográfico como pano de fundo às canções que estão nos filmes A Hard Day’s Night (1964) e Help! (1965), do quarteto de Liverpool.
Estas experiências pioneiras seriam repetidas nos anos 70, com outros artistas. Mas o verdadeiro surgimento da linguagem “música com imagem” viria com a estreia da Music TeleVision, ou MTV, em 1981. A emissora fez história ao produzir e veicular pequenos filmes nos anos que para sempre serão conhecidos como os da “década do videoclipe”. No início, não era comum alguém ter muitas ideias sobre como ilustrar uma canção – e o resultado ficava bem parecido com o obtido no vídeo de “América do Sul”: artista canta, dança e, basicamente, só.
Não demorou pra logo se definir estética própria para esse tipo de produto, com muitas inovações tecnológicas e edições e montagens cujos objetivos eram conferir agilidade às cenas, na tentativa de contar uma história em minutos.
O primeiro videoclipe exibido na MTV americana foi “Video Killed the Radio Star”, da banda The Buggles.
No Brasil, a Music TeleVision estreou em 1990 com Marina Lima cantando “Garota de Ipanema”.
Atualmente, o videoclipe talvez não represente nem de longe o que já representou para os fãs da música. E ao levar em conta as transformações que as novas tecnologias e plataformas digitais provocaram na indústria da música, fica difícil arriscar um palpite sobre o que pode aparecer logo, nos canais da internet, ou nos serviços de streaming. O jeito é esperar, e enquanto nada revolucionário aparece, curtir o que já foi feito sem perder de vista o presente.
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