No início da tarde de quarta-feira (15), foi eleito o novo presidente da Comissão de Cultura. Assume o posto o deputado federal Marcelo Queiroz (PP-RJ). Ao todo, 12 deputados membros votaram na eleição, em que líderes partidários chegaram no consenso do nome de Queiroz, que apareceu como candidato único. Ele recebeu 10 votos, enquanto outros 2 foram dados em branco.
Em seu primeiro mandato na Câmara, Queiroz já foi vereador no Rio de Janeiro e deputado estadual, quando assumiu a vaga aberta com o falecimento do titular, José Luiz Anchite.
Considerado pelos pares um homem público de perfil sereno, o deputado tem trajetória longa na política. Entre 2007 e 2011, foi filiado ao antigo DEM, atual União Brasil. Em 2011, ingressou no Progressistas, partido pelo qual foi eleito vereador, em 2012, e que integrou a base do secretariado do então prefeito, Marcelo Crivella. Entre outubro de 2019 e março de 2022, foi secretário estadual no governo de Wilson Witzel, saindo do cargo em uma reforma administrativa comandada por Cláudio Castro.
Em ambas situações, chama a atenção que Queiroz tenha atuado em áreas nas quais não seja especialista. Formado em Direito pela PUC-RJ, fez mestrado em Economia pelo IBMEC-RJ. Na prefeitura do Rio, foi secretário de Meio Ambiente. No estado do Rio, foi secretário de Agricultura. Ainda que sua linha de pesquisa não fique clara, ele possui publicações em que chama o imposto sobre grandes fortunas de “perigo para a classe média”.
Marcelo é filho de Cid Heráclito de Queiroz, que foi Procurador Geral da Fazenda entre os anos de 1979 e 1991. Cid esteve entre os autores do texto da Lei de Responsabilidade Fiscal (LFR).
Na contramão de políticos de seu partido e de sua ala ideológica, o deputado federal pontuou como o setor é gerador de emprego e renda.
Na campanha para deputado federal em 2022, Marcelo Queiroz destacou a defesa de causas animais – sua marca de campanha estampava um gato e um cachorro unidos pelo mesmo traço, sob os quais reinava um coração. O deputado do PP foi eleito com 73.728 votos.
No discurso feito à equipe de reportagem da TV Câmara, o novo presidente da Comissão de Cultura se disse ansioso pelos trabalhos e defendeu o que chamou de “união para além das disputas ideológicas”. “A cultura representa nosso país. É diversa, grande, temos que saber trabalhar para respeitar as diferenças”, afirmou.
Com o retorno do Ministério da Cultura e os anúncios que sinalizaram a maior verba já destinada à pasta em toda história do país, Queiroz também levantou a importância de um extenso debate sobre os projetos oriundos do governo federal. “Precisamos debater todos, incluir ao máximo e fazer um debate democrático dentro desse aspecto. É necessário pacificar e avançar com coisas concretas”, finalizou.
A fala de Marcelo Queiroz também exaltou a importância da descentralização de recursos da pasta, proposta de campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendida pela ministra Margareth Menezes. Na contramão de políticos de seu partido e de sua ala ideológica, o deputado federal pontuou como o setor é gerador de emprego e renda, o que, segundo ele, torna as discussões feitas na comissão permanente ainda mais cruciais para o país.
Comissão de Cultura comandada por político sem histórico na área
Após ser anunciado presidente da Comissão de Cultura pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que comandou a sessão de instalação e eleição, Marcelo Queiroz fez um breve discurso, agradecendo à colega, a quem chamou de referência, e aos deputados que lhe deram um voto de confiança.
Queiroz, em seu breve e entusiasmado discurso, afirmou ter participado de movimentos culturais no Rio de Janeiro. Em dado momento, inclusive afirmou ter “vindo do samba”, agradecendo que na trilha colocada durante o processo eleitoral tenha colocado um samba-enredo.
No entanto, sua atuação como vereador e deputado estadual mostra um olhar diferente do apontado. Entre os projetos que foi autor ou coautor estão os destinados à área ambiental, de esportes e turismo. Nem mesmo em sua campanha levantou bandeiras para o setor cultural.
Com grande presença de políticos alinhados à extrema-direita na comissão, entre eles o padrinho político de Queiroz, o ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, a expectativa é que Queiroz tenha um árduo trabalho para manter o debate saudável, dificuldade que já demonstrou no seu primeiro dia no cargo, com discussões e deputados da oposição usando seu tempo de fala para propagar fake news.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.