Quando ensaiamos não conseguimos construir um raciocínio fácil sobre as nossas construções artísticas. Vamos fazendo e repetindo o trabalho em diferentes explorações físicas para dialogar com a personagem e ter uma interpretação. Temos o conhecimento e a prática, que nos direcionam para elaborar tal registro de todas essas criações em que observamos nas nossas repetições, que atravessam o corpo em vibrações suaves, que tencionam o batimento cardíaco para vivenciar o texto. As palavras soam como música, uma mistura de acordes e timbres na transformação do ator.
A transição é corrente, energia que sai pelos poros arrastando a outra camada que personifica o atuante em sentidos variados de apresentação. A atenção é única, o dialogo é com o espaço, com o preenchimento do ar, da platéia e de todas as partes que tencionam a energia em volta. A fala é a vibração do pensamento ensaiado em articulação emocional, liberdade das cordas vocais que contam uma historia, um anúncio verdadeiro que transmite o acontecimento da vida real. A mensagem é o som que enlouquece a mente de todo o conjunto.
Todo o espaço é ocupado por sentidos de um acontecimento imaginado, desenvolvido na ação física que constrói o dialogo cênico de meses de ensaio.
A angústia da cena prende a atenção, o ator deve devanear na sua construção teatral para mostrar o personagem que desenha a dramaturgia apresentada e assumir a postura que sustentará o espetáculo. O ator deve morrer na atuação da personagem se preciso. Enquanto o corpo permanece em outro estado além da normalidade, vamos identificando a imaginação que acredita no jogo em que está sendo encenado. Para o ator, interpretar faz com que o teatro ressuscite cada vez mais em seu trabalho, buscando ampliar a sua trajetória artística.
O corpo em cena escreve uma análise narrativa do espetáculo, constrói uma ideia de diferentes sentidos para o público, mostra um viés da obra a qual está sendo encenada. Em palco, o ator explode, seu sangue verve a tal presença, dar coragem e leveza. Todo o espaço é ocupado por sentidos de um acontecimento imaginado, desenvolvido na ação física que constrói o dialogo cênico de meses de ensaio. Tudo se transforma em fantasia de uma redescoberta real e ficcional. Interpretar é um modo de contar o que se leu de um texto e reproduzir teatralmente.