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Crítica – ‘In On It’ retorna a Curitiba após 15 anos sem perder o frescor – Festival de Curitiba

Mais do que uma peça sobre perda e memória, 'In On It' continua sendo um espelho das inquietações contemporâneas, um exercício de metalinguagem sobre a arte e sua capacidade de iluminar as zonas mais obscuras da experiência humana.

porPaulo Camargo
4 de abril de 2025
em Teatro
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Espetáculo retornou após 15 anos ao festival. Imagem: Roberto Setton / Divulgação.

Espetáculo retornou após 15 anos ao festival. Imagem: Roberto Setton / Divulgação.

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O retorno de In On It ao Festival de Curitiba, no Teatro da Reitoria, é um evento raro e significativo no cenário teatral brasileiro. As artes cênicas, por sua natureza efêmera, raramente permitem que obras sejam revisitadas com o mesmo elenco após tantos anos. No entanto, a remontagem dessa peça, que estreou em 2009 e já havia sido apresentada no festival em 2010, revela não apenas a força de sua dramaturgia, mas também sua capacidade de ressignificação diante das transformações sociais e culturais da última década.

Sob a direção de Enrique Diaz e com as atuações de Emílio de Mello e Fernando Eiras, In On It mantém sua estrutura engenhosa, baseada em múltiplas camadas narrativas e no jogo metateatral que desafia as convenções tradicionais do palco. A peça brinca com os limites entre ficção e realidade, envolvendo o espectador em um labirinto de significados, onde as fronteiras entre personagens e atores se diluem. O texto do canadense Daniel MacIvor, rico em ambiguidades e sobreposições temporais, exige um engajamento ativo da audiência, que se vê compelida a preencher as lacunas da narrativa e construir sua própria interpretação.

Ao mesmo tempo em que preserva seu brilhantismo técnico e sua fluidez narrativa, a nova montagem de In On It ganha camadas adicionais de significado, especialmente quando analisada à luz do contexto brasileiro contemporâneo. Se em sua primeira passagem pelo país a peça já impressionava pela sofisticação estrutural, hoje ela ressoa ainda mais profundamente, tornando-se um comentário sobre a resiliência da arte em tempos de crise.

Além do impacto estético e emocional, a peça se insere de forma crítica na discussão sobre as mudanças nas percepções sociais.

As performances de Mello e Eiras, como um casal em vias de separação, são de uma precisão impressionante, sustentadas por um jogo cênico minimalista que realça a complexidade do texto. A economia de elementos – um casaco, dois atores e uma narrativa multifacetada – contrasta com a riqueza de camadas emocionais e simbólicas exploradas em cena. Em uma das passagens mais marcantes, a interação com o casaco se torna um gesto de profunda carga emotiva, revelando a solidão e o desamparo do personagem de maneira quase subliminar. É nesse tipo de sutileza que o teatro se diferencia de outras formas narrativas, permitindo que cada espectador projete suas próprias emoções na cena.

Além do impacto estético e emocional, a peça se insere de forma crítica na discussão sobre as mudanças nas percepções sociais. Mello destacou a necessidade de revisar a forma como o espetáculo representa as mulheres, um exercício de atualização essencial em um tempo de revisão de valores e de desconstrução de discursos normativos. Esse tipo de releitura reforça a importância do teatro como um espaço dinâmico, capaz de se adaptar às transformações do mundo e provocar novas reflexões a cada nova encenação.

O sucesso de público em São Paulo e Curitiba demonstra que In On It não perdeu sua força ao longo dos anos; ao contrário, consolidou-se como uma obra atemporal e sempre atual. Sua remontagem reafirma o teatro como um espaço de resistência, reflexão e renovação, onde a performance não apenas reproduz um texto, mas o reinventa a cada apresentação.

Mais do que uma peça sobre perda e memória, In On It se torna um espelho das inquietações contemporâneas, um exercício de metalinguagem sobre a arte e sua capacidade de iluminar as zonas mais obscuras da experiência humana. Um clássico vivo e pulsante, que segue dialogando com o público de forma visceral e transformadora.

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Tags: Emílio de MelloEnrique DiazFernando EirasFestival de CuritibaIn on ItTeatro

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