• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Teatro

Crítica: A ousadia musical de ‘A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa’ – Festival de Curitiba

O desempenho de Laila Garin arrebata na adaptação do clássico 'A Hora da Estrela', de Clarice Lispector, espetáculo que encerrou o Festival de Curitiba.

porPaulo Camargo
12 de abril de 2022
em Teatro
A A
Crítica: A ousadia musical de ‘A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa’ – Festival de Curitiba

Laila Garin e Claudia Ventura, em cena do musical 'A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa'. Imagem: Festival de Curitiba/Divulgação.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Último romance publicado por Clarice Lispector, em 1977, ano da morte da escritora, A Hora da Estrela é hoje um clássico consumado da literatura brasileira. E a protagonista, Macabéa, migrante alagoana pobre que vive marginalizada no Rio de Janeiro, tornou-se, ao longo dos 45 anos de existência da obra, uma de suas personagens femininas mais icônicas, por sua dimensão ao mesmo tempo patética e trágica.

Em 1985, a cineasta paulista Suzana Amaral adaptou o livro, em seu longa-metragem de estreia, trazendo a história para São Paulo. Mas essa não foi a única alteração significativa: o roteiro, assinado pela diretora, em parceria com Alfredo Oroz, limando a figura do narrador, o escritor Rodrigo S. M., eliminando esse importante elemento metalinguístico. Ainda assim, o filme retém a potência de sua fonte original e também graças à extraordinária interpretação de Marcélia Cartaxo, vencedora do Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim, é hoje um marco do cinema nacional.

No último fim de semana, fechando o Festival de Curitiba, foi apresentada no palco do Guairão, uma nova versão do romance de Clarice, agora sob a forma do musical A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, em uma ousada adaptação escrita e dirigida por André Paes Leme, que conta com 32 canções inéditas criadas pelo compositor paraibano Chico César. Os versos foram extraídos do livro.

O papel de Macabéa coube à atriz e cantora baiana Laila Garin, que ganhou a atenção nacional quando foi escolhida para protagonizar Elis, A Musical (2013), espetáculo no qual interpretou a cantora Elis Regina. Em A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, ela vive, além da protagonista, outra personagem, a Atriz, que desempenha o papel que nas páginas do romance é do escritor Rodrigo. Além de um olhar feminino, essa narradora dá à peça um tom mais compassivo, porque se afeiçoa por Macabéa, uma mulher invisibilizada por sua condição de marginal e pede licença para existir. Não reage e acredita não ter direito a coisa alguma. Ela é personificação da exclusão.

Por conta do som um tanto abafado no Guairão, na primeira apresentação da peça em Curitiba, sábado passado, nem sempre era possível compreender com clareza as letras das músicas.

Garin, dona de uma voz poderosíssima quanto canta, se sai muito bem ao se apequenar para dar vida à fragilidade de Macabéa, que vive, desde menina, em Alagoas, todo tipo de humilhações. No Rio, elas seguem se multiplicando no quarto de pensão que compartilha com outras moças e no escritório onde trabalha. Ela é sempre lembrada de sua inadequação, seja pela colega Glória (Claudia Ventura), seja pelo namorado, o cruel Olímpico de Jesus (Cláudio Gabriel).

Embora trate-se de um musical, em A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, as canções de Chico César não substituem os diálogos – quando são interpretadas, os atores quase sempre se voltam para o público, como em um show, e não uns para os outros, contracenando. Por conta do som um tanto abafado no Guairão, na primeira apresentação da peça em Curitiba, sábado passado, nem sempre era possível compreender com clareza as letras das músicas.

Essa dificuldade prejudicou um tanto a integração entre as canções e o excelente texto do espetáculo, extraído quase na íntegra do romance de Clarice. As músicas, em vez de potencializar a trama, pelo menos para mim, tiravam em alguns momentos a força da narrativa. Elas vão do samba ao xote, passando pelo maracatu e pelo rock, e são boas. Algumas são muito belas, porém poderiam estar mais organicamente integradas à peça, que tem ótima cenografia, construída com cadeiras e mesas, e excelente iluminação.

Cantando ou não, Laila Garin, completamente em sintonia com o maravilhoso texto de Clarice, brilha em cena, acompanhada de competentes colegas de elenco e músicos. Ela demonstra compreender a alma singela, ingênua e triste de Macabéa. Fez por merecer a ovação recebida ao término de espetáculo, quando Chico César subiu ao palco, para, à capella, os dois fazerem um dueto de uma das canções da peça, “Vermelho Esperança”, cujos versos assim dizem: “Da lama nasce uma flor/Vai ser a minha vingança/Vermelho, cor do amor/Eu sou vermelho esperança”. A plateia, que compreendeu a mensagem, foi ao delírio.

VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?

Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.

Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: pix@escotilha.com.br. Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: A Hora da EstrelaA Hora da Estrela ou o Canto de MacabéaAndré Paes LemeChico CésarClarice LispectorCrítica TeatralFestival de CuritibaLaila GarinmusicalResenhaTeatro

VEJA TAMBÉM

Dirigido por Luciana Paes, Gregório Duvivier protagoniza ode crítica à língua de todos nós. Imagem: Joana Calejo Pires / Divulgação.
Teatro

Crítica: Em ‘O Céu da Língua’, Gregório Duvivier performa as fissuras da linguagem – Festival de Curitiba

8 de abril de 2025
Espetáculo retornou após 15 anos ao festival. Imagem: Roberto Setton / Divulgação.
Teatro

Crítica – ‘In On It’ retorna a Curitiba após 15 anos sem perder o frescor – Festival de Curitiba

4 de abril de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

'O Amigo' foi o primeiro romance de Sigrid Nunez publicado no Brasil. Imagem: Marion Ettlinger / Divulgação.

Em ‘O Amigo’, Sigrid Nunez conecta as dores do luto e do fazer literário

10 de julho de 2025
Michael Cunningham tornou a publicar após anos sem novos livros. Imagem: Richard Phibbs / Reprodução.

Michael Cunningham e a beleza do que sobra

8 de julho de 2025
Roteiro de Joseph Minion foi sua tese na universidade. Imagem: The Geffen Company / Divulgação.

‘Depois de Horas’: o filme “estranho” na filmografia de Martin Scorsese

8 de julho de 2025
O escritor estadunidense Kurt Vonnegut. Imagem: Matthias Rietschel / AP Photo / Reprodução.

‘Um Homem Sem Pátria’: o provocador livro de memórias de Kurt Vonnegut

7 de julho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.