São seis dias de programação intensa, centenas de espetáculos dos mais variados tipos, diversos artistas mostrando seus trabalhos de dança, performance, teatro, música e tudo isso sem nem compromisso com o ineditismo. Obras desconhecidas e consagradas, para adultos ou crianças, debates históricos e novas ideias suspensas no ar. O encontro, mesmo que virtual, é combustível imprescindível à cultura e a edição virtual do Festival FarOFFa, que convida o público a sentar no sofá de suas casas e aproveitar a impecável e impressionante programação que compõe essa edição indiscutivelmente histórica.
Se você por algum motivo não tomou conhecido do início do Festival FarOFFA no Sofá e acabou perdendo os três primeiros dias da coisa, eu tenho uma péssima notícia pra você: já rolou muita coisa boa por lá, de verdade. No entanto, nem tudo são lágrimas diante do festival já começado, a boa notícia que hoje, sexta-feira, a programação rola desde cedo. Como o festival está exatamente na metade de sua duração, ainda tem muita água pra correr debaixo da ponte do FarOFFA.
Teatro da Vertigem, Lume teatro, Bando de teatro Olodum, Espaço Cênico, La Union de Los Rios e Companhia Brasileira de Teatro são alguns dos grupos que tiveram, ou ainda terão, obras apresentadas no festival. Se a quantidade de grupos impressiona, o mesmo pode-se dizer sobre a qualidade das obras escolhidas para compor o quadro de apresentações.
A ganhadora do prêmio Shell na categoria de melhor atriz em 2019, a atriz Nena Inoue, estará em cartaz hoje, às 19h, com a excelente Para Não Morrer. A peça tem dramaturgia de Francisco Mallmann. No sábado, o belíssimo e premiado BR3, do Teatro da Vertigem, poderá ser visto às 18h, e no domingo a emblemática Why the Horses?, do Grupo Pândega de São Paulo, encerra o festival com atuação magnífica da saudosa e eterna Maria Alice Vergueiro.
Esses são alguns exemplos, mas o grande barato mesmo é se debruçar com calma para destrinchar a programação completa e escolher atração por atração, criar uma agenda própria e matar a saudade daquela energia de festival que todo mundo gosta. Se programe, acompanhe diariamente o que está acontecendo na página do FarOFFa e aproveite para assistir obras que fizeram história no teatro brasileiro e mundial, conhecer e prestigiar novos grupos e encontrar, mesmo que de longe, novas pessoas, novas ideias e a possibilidade da beleza em tempos tão difíceis.
O grande barato mesmo é se debruçar com calma para destrinchar a programação completa e escolher atração por atração, criar uma agenda própria e matar a saudade daquela energia de festival que todo mundo gosta.
A escuridão parece sem fim no Brasil. Os mortos se acumulam, o governo permanece tão omisso quanto criminoso e temos a impressão de que mesmo que saíamos dessa sairemos pela metade, judiados demais, enfraquecidos demais, demasiadamente desesperados e sem fôlego. Mas como, apesar de tudo, o país sobrevive? É simples, sobrevive através de sua cultura.
A cultura, essa pausa na rotina, esse sopro de calma em meio ao caos. A cultura, única saída e principal inimigo do clã. Pois bem, o Festival FarOFFa no Sofá é uma excelente oportunidade para apreciar e pensar essa cultura com obras das mais significativas e belas das últimas décadas, através do pensamento e do debate de artistas consagrados e pensadores imprescindíveis.
Feito um lampião, desses que alumiam o horizonte e os sorrisos: é assim que vejo a grandeza de um festival como o FarOFFa nesse momento. Através dele podemos tomar contato com o melhor do Brasil, sua arte, sua cultura e essa gente que ama e cria e vive em defesa desse país que, infelizmente, outros tantos insistem em matar diariamente.
Confira a programação completa no site do festival.