Espetáculo apresentado no Festival de Curitiba, Mutações é uma imersão profunda nas reflexões sobre a vida, a passagem do tempo e a inevitabilidade da mudança. Sob a habilidosa direção de André Guerreiro Lopes e a interpretação magistral de Luís Melo, o espetáculo nos conduz através dos meandros de um idoso em uma jornada de autoconhecimento e confronto com sua própria finitude.
Desde o momento em que nos adentramos no universo da peça, somos envoltos pela presença marcante de Melo, que encarna com maestria o protagonista mergulhado em suas reflexões sobre passado, presente e futuro. É notável como esse grande ator paranaense não apenas interpreta o personagem, mas parece incorporar os questionamentos e dilemas que ele representa, transcendendo os limites do palco e nos convidando a uma profunda introspecção.
Mutações não é uma obra de fácil digestão. Requer um certo comprometimento por parte do espectador, que deve estar disposto a se entregar às nuances e complexidades da narrativa.
A obra, escrita por Gabriela Mellão, encontra sua essência na filosofia do “I Ching”, proporcionando uma perspectiva única e contemplativa sobre a vida e o mundo ao nosso redor. Essa influência filosófica é habilmente explorada pelo diretor e pelos atores, criando um ritmo pausado que nos convida a refletir sobre as diversas camadas da existência. Nesse contexto, os impressionantes trabalhos de cenografia e figurinos de Simone Mina e a iluminação de Aline Santini desempenham um papel fundamental.
Ao longo da peça, somos levados a testemunhar o embate entre o protagonista e sua versão mais jovem, interpretada por Alex Bartelli, bem como uma figura analítica, representada por Andréia Nuhr. Esses confrontos não apenas enriquecem a trama, mas também nos instigam a questionar nossas próprias percepções e preconceitos.
Mutações não é uma obra de fácil digestão. Requer um certo comprometimento por parte do espectador, que deve estar disposto a se entregar às nuances e complexidades da narrativa. No entanto, é precisamente essa característica desafiadora que torna a experiência tão enriquecedora e memorável.
O trabalho de Melo, aliado à direção cuidadosa de Lopes e ao texto instigante de Mellão, resulta em uma obra de arte contemporânea, que transcende os limites do teatro convencional.
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