Um dos grupos mais inventivos e interessantes do teatro nacional está prestes a comemorar quarenta anos de existência. O Galpão, sonhado nos porões da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, tornou-se realidade há trinta e nove anos atrás e, desde então, se destaca no Brasil e no mundo como um dos mais experimentais e talentosos grupos de sua geração.
O trabalho de contar essa história não é fácil, convenhamos, afinal estamos diante de um grupo inquieto e produtivo ao extremo, de modo que a memória da companhia e seus integrantes é vasta e valiosa. Existem acervos de críticas, livros que contam suas histórias e investigam seus métodos e processo criativo, e até DVDs com as obras do Galpão, tudo com o intuito de investigar e documentar o trabalho espetacular da trupe.
Na última quinta-feira, 15, o grupo lançou em live mais uma obra dedicada à sua história, dessa vez um livro com fotos históricas de suas montagens em ordem cronológica e textos de imprensa sobre os espetáculos em questão. Grupo Galpão: Tempos de Viver e de Contar (Editora Sesc São Paulo) é o resultado de um trabalho de mais de cinco anos de pesquisa e dedicação.
Folhear o livro, ter a obra em mãos, é como segurar e viajar por uma parte importante e belíssima do teatro nacional.
Organizado por Eduardo Moreira, ator, diretor e um dos fundadores do Galpão, o livro conta a história de boa parte dos espetáculos do grupo através de 228 imagens, a maioria delas de Guto Muniz, e textos da imprensa. Moreira, que organizou a seleção tanto das fotos quanto dos textos, diz que a ideia é abraçar a pluralidade.
Há, por exemplo, muitos textos da Bárbara Heliodora (1923-2015). “Ela é uma referência e uma pessoa com quem a gente tinha uma relação de amizade. Sempre que estávamos no Rio, íamos à casa dela, que fazia uma sopa para a gente. Era famoso o encontro com a Bárbara. Por outro lado, ela nunca se furtou de nos criticar quando não gostava. O Partido (1999) ela não gostou, o livro traz um extrato da crítica. Tio Vânia (2011) também.”
Folhear o livro, ter a obra em mãos, é como segurar e viajar por uma parte importante e belíssima do teatro nacional. De Romeu e Julieta, dirigida por Gabriel Villela e apresentado no mítico Shakespeare Globe, em Londres, à última obra do grupo, Como os ciganos fazem as malas, apresentada durante a pandemia via aplicativo Telegram, a trajetória do Grupo Galpão é a prova de que o Teatro é medida a exata entre a paixão e a revolução, e que histórias como as do grupo devem ser contadas, exaltadas e documentadas, seja através dos livros ou dentro do nosso peito.
GRUPO GALPÃO: TEMPOS DE VIVER E DE CONTAR | Org. Eduardo Moreira
Editora: Sesc;
Tamanho: 356 págs.;
Lançamento: Abril, 2021.