O teatro parte de um lugar não pertencente a um território, ele está inserido em todos os cantos, em todos os caminhos por onde percorrem as possibilidades existentes de pensamentos. Vamos articulando um movimento de saberes e possibilidades que nos condicionam a uma observação panorâmica de mundo, onde os pontos se conectam numa rede de criação de conhecimentos.
É através dos meios artísticos, da vida como referência, do jogo que movimenta a construção teatral, que vamos processando as informações que ligam os pontos da atuação cênica. O palco dessa atuação se dá na imaginação, no lugar de onde podemos perceber a fonte de existência criativa, em outro lugar em que podemos recriar outra forma de ver nós mesmos, em um ambiente onde o corpo respira a liberdade de identificações universais.
O teatro surge de um ponto que pertence a nós mesmos, do lugar descoberto pela vida que possuímos. Ele evidência todas as trocas buscando valorizar a capacidade de adaptação e pensamentos que unificam uma ideia única: possibilitar o que a realidade não permite, vir a ser o que nossa capacidade imaginativa constrói. A personalidade se desenvolve com os olhares, com as multiplicidades de se chegar ao alcance da observação; do corpo real presente em todos os sentidos. Interpretamos o que vivemos, nosso espetáculo é mostrar o que o mundo nos apresenta. A continuidade teatral depende do ponto em que nos inserimos para se ligar a uma corrente entre vários pontos que movimenta uma plataforma de encenação. Está tudo conectado, nossa atuação é a resposta das coisas que carregamos, do que está por vim a partir de nossos pensamentos.
É preciso acompanhar o fluxo verdadeiro das palavras, deixar o sentido pulsante dentro de nós, recompor os versos de nossas interações.
Manter o teatro vivo em cada canto é resistir em nossos avanços de conhecimentos, em nossa criação e interpretação de ser. Atuamos num palco terrestre que sustenta a existência de nossas vidas, ele transmite a essência do tempo que corre no agora. É preciso acompanhar o fluxo verdadeiro das palavras, deixar o sentido pulsante dentro de nós, recompor os versos de nossas interações, caminhar até o lado demarcado pelo ponto de nossa partida. A rede infinita de todo o percurso desmancha outros atravessamentos, são rizomas que formam um território de uma apresentação única. Teatro é firmamento, compromisso com a própria vida, a escotilha que nos sustenta para seguir adiante.
Encontrar o sentido artístico das coisas depende de uma observação panorâmica dos fatos, do ambiente composto por uma ação. Devemos desenhar um ponto no meio do espaço com a presença de nossas condições. Recontar o que acontece no espetáculo da vida a partir de mim e colher um bom entendimento para a adaptação de nosso conjunto. Todas as partes formam um lugar que compõe um cenário, uma história a ser contata pela identificação do ser atuante. Vamos reduzindo a expressão e ampliando a criação de outra sensação do território que pertencemos. Tudo está no pensamento para nossa representação das origens terrestre, estamos em cena sem perceber a observação do publico ausente.