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No menu: Palhaços

porFrancisco Mallmann
20 de outubro de 2015
em Teatro
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Patrice Pavis, em seu Dicionário de Teatro, afirma que o cômico não se limita ao gênero da comédia e o chama de fenômeno. Segundo o autor, antropologicamente, o cômico “responde ao instinto do jogo, ao gosto do homem pela brincadeira e pelo riso, à sua capacidade de perceber aspectos insólitos e ridículos da realidade física e social”. É nesse sentido que Pavis o chama de “arma social”, porque é capaz de “criticar seu meio” e também demonstrar a inventividade e o otimismo humano perante as adversidades.

O jogo ao que se refere, pode ser entendido como os recursos da improvisação e dos jogos teatrais. Eu já escrevi sobre a improvisação em um texto sobre a peça Histórias Extraordinéditas, da Antropofocus. Hoje, novamente, o assunto surge ao ter como tema o trabalho Palhaço Gourmet.

Em um livro chamado Natureza e Sentido da Improvisação Teatral, Sandra Chacra diz que o ato de improvisar tem estreita ligação com a natureza humana e afirma, ainda, que todas as formas de arte, de alguma maneira, estabeleceram relação com o processo improvisacional. Historicamente, em relação ao teatro, a Commedia Dell’Arte, se tornou um marco ao organizar formas e uma sistematização para o que se convencionou como a origem da improvisação, da maneira mais próxima aos dias atuais, já que o recorte não contempla manifestações de outros contextos e territórios. A contraposição ao teatro erudito, a criação a partir de um esquema e de um assunto, e a verticalização do trabalho do ator em um só personagem são referenciais importantes ao exercício – são elementos que parecem indicar os contornos que se mantiveram em exercício até hoje.

O mínimo de elaboração prévia possível, ou mesmo a inexistência de trajetos conhecidos e/ou testados, são característica primordial nesse modo de criação. Os jogos de improvisação lançam problemas, desafios, dificuldades e temas para serem trabalhados/enfrentados sem que haja, necessariamente, “tempo” para se resolver “como fazer”.

A improvisação surge como elemento importante para a formação e para o exercício do ator. O improviso, o jogo, a composição de uma cena sem “preparo” ou “combinação prévia”: o desafio é articular e mobilizar rapidamente os vários elementos (atores, público, ações, espaço, tempo) que compõe as circunstâncias da criação cênica.

A relação, tanto entre ator-ator como ator-público, é o ponto mais expressivo da improvisação. Em uma improvisação solitária não é possível colocar em questão as relações que cada sujeito tem com a linguagem teatral e com o mundo que o circunda – por isso, também, a complexidade: é um encontro com a natureza humana e com o próprio fazer teatral, de modo espontâneo e efêmero (como todo teatro, evidentemente, mas com uma especifidade maior).

O público, dessa maneira, se torna um importante elemento do ato cênico. Ele não é, somente, um receptor passivo. Mas é um agente que participa, colabora e ajuda a dar forma à proposta teatral. Esse tipo de metodologia fez com que, historicamente, muitos pressupostos teatrais, considerados “estruturantes”, fossem repensados. A improvisação abre espaço para aquilo que se entende como “espetáculo em processo”.

No Brasil, para exemplificar, esse tipo de concepção, influencia e influenciou o teatro de José Celso Martinez Corrêa, cujo trabalho se relaciona intensamente com a ideia de ritual, e o de Augusto Boal, e o seu Teatro do Oprimido, que entende o fenômeno teatral como resultado da coautoria com o público. Mas não só. São inúmeros os grupos no país que trabalham a partir dessa perspectiva (há, inclusive, estudos sobre “a improvisação no teatro contemporâneo”).

Aqui, no entanto, por conta da relação estabelecida com o Palhaço Gourmet, idealizado pelo núcleo teatral Palhaçaria, pensa-se essa explanação sobre a improvisação aliada ao contexto circense, ou, mais especificamente, à figura do palhaço.

O circo tem forte relação com a cultura cigana. No Brasil, ele é estruturado a partir de um movimento nômade, com uma cultura hereditária e com ares bucólicos. A arte circense foi passada de pai para filho e tem uma grande conexão com o interior do pais – alguns lugares recônditos tiveram apenas o circo como espaço  destinado a arte e a magia e apenas o palhaço como entidade artística.

O palhaço brasileiro, diferentemente do europeu, não tem, necessariamente, a mímica como principal recurso – pelo contrário, é reconhecidamente um falador o palhaço dos trópicos. Ainda que seja difícil dissocia-los, palhaço e circo, há muito tempo eles não andam mais somente juntos. Prova disso, é a gourmetização que um grupo de palhaços promove em Curitiba.

O que esses palhaços fazem são disputas em jogos de improvisação divididos em um “menu” que contempla o aperitivo, a entrada, o prato principal, a sobremesa e o café.

A utilização do termo que se popularizou na internet, especialmente com o “raio gourmetizador”, capaz de fazer com que algo se torne mais “gourmet”, parece ser uma brincadeira com o espaço em que se apresentam: a Casa da Flor- Bistrô.

Fúcsia, palhaça de Fernanda Caldas Fuchs foi a vencedora da noite do sábado de 17 de outubro. Foto: Julio Garrido.
Fúcsia, palhaça de Fernanda Caldas Fuchs foi a vencedora da noite do sábado de 17 de outubro. Foto: Julio Garrido.

O que esses palhaços fazem são disputas em jogos de improvisação divididos em um “menu” que contempla o aperitivo, a entrada, o prato principal, a sobremesa e o café. Todo o espetáculo tem a participação efetiva do público, em funções que vão desde o “sorteio de equipes” até manifestações espontâneas de toda ordem. O grupo é grande (a relação dos nomes está aqui) e há um revezamento nas apresentações, em que também participam convidados.

É criado, assim, um espaço de exploração da criatividade e da imaginação, de autoexpressão e de intensa relação com o outro, em que o jogo é exercitado como expressão simbólica. As regras são evidenciadas por um “mâitre”, responsável também por fazer anotações e pontuar as “performances” dos participantes. O cômico, explorado “aqui e agora”, resulta da possibilidade e da necessidade do diálogo com os elementos que compõe e surgem no espaço de jogo – a plateia, as pessoas, os objetos e os sons. No Palhaço Gourmet, toda a criação é acompanhada por um trabalho sonoro, realizado ao vivo, por músicos da banda “Os Goumercindos”.

SERVIÇO

Onde: Palhaço Gourmet é apresentado aos sábados, às 20 horas, na Casa da Flor-Bistrô, na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, nº 1.227, Centro.
Quanto: A entrada é franca

Onde: Além da Casa da Flor-Bistrô, nas sextas-feiras de outubro, às 20h30, o Palhaço Gourmet se apresenta na Cia dos Palhaços, na Rua Al. Princesa Izabel, n.º 465, São Francisco.
Quanto: A entrada custa R$ 30 e R$ 15 (meia).

Tags: Casa da FlorCia dos PalhaçosCrítica TeatralNúcleo PalhaçariaPalhaço GourmetTeatro

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