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Ser-monossilábico

porFrancisco Mallmann
12 de abril de 2016
em Teatro
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O corpo vibra – são vários. Próximos mas, ainda assim, entre eles, distâncias, de ordem visual e outras, tantas, inomináveis. Corpos distintos. Cobertos, alguns, outros: extremidade. O que pode cobrir (isentar), no fim, um corpo que vibra? Qual esconderijo, capa, cápsula, poderia compreender a exposição que, em diferentes gradações, apresenta a verticalidade inerente a todas as coisas aparentemente simples? “O que nos leva a vibrar juntos?”, eles dizem. Muito antes de encontrar motivos: experienciá-los.

Espacialidade: “um lugar para perder o espaço – para refutá-lo, invertê-lo (…) revirar todas suas coordenadas usuais”¹. O espaço, “um lugar onde devemos andar às apalpadelas, com tatilidade, porque não temos os meios de prever suas múltiplas ramificações”. Um espaço, “um lugar onde nos tornamos capazes de tocar o pensamento ou a linguagem nascentes” (“mas tocar não é pegar, menos ainda possuir, dominar”). Mó²: ser-monossilábico. Miúda. Linha imaginária, inexistente talvez, a dissociar corpo-espaço-corpo-espaço.

A pirâmide – metáfora estruturante, sistemática, fundante. A pirâmide – nem-tão-metafórica-assim. A imensidão convertida em canto – reduzir, apertar, comprimir, restringir, estreitar. O que, daqui, é social? Imagem? Conceito? A impossibilidade de se permanecer alheio? A multiplicidade de códigos em contraste ao breu parece dizer: uma ideia, aqui se tem uma ideia de coletividade, reside aqui uma ideia – mais: uma forma de coletividade, aqui. Não é fotografia porque pulsa, não é frame porque respira, não é nada disso: é intuição pura, não só a experiência, mas a forma dela – o lugar de onde partem todas as outras direções, todas as outras possibilidades. “O universo não tem repouso”³ e por que iriam eles, então, parar? (Vê, que até quando caem, continuam. Respir.ação).

O trabalho é capaz de construir um universo em que somente se torna possível estabelecer critérios de diferenciação porque há uma coesão profundamente articulada entre os artistas-performers.

O trabalho é capaz de construir um universo em que somente se torna possível estabelecer critérios de diferenciação porque há uma coesão profundamente articulada entre os artistas-performers  – “semelhante” e “dissemelhante” são nomenclaturas possíveis apenas em relação a um senso de coletividade (ainda que seja dada, desde o início, em diferentes graus, alguma coisa a ser chamada de “individualidade”). O afastamento e o contraste – de corpos, movimentos, gestualidade e sonoridade – são visíveis e palpáveis em relação à uma noção de pertencimento, que em nada se acerca à posse, mas a uma perspectiva próxima a ideia de meio/veículo/transitoriedade e, talvez por isso, alheia a normatividade heterogênea. O jogo requer a ideia de ocupação de lugar(es), necessariamente, transitório(s) – nada tão passageiro, que não possa ser profundo, nada tão permanente, que não possa ser manuseado.

O que significa, então, pensar as hierarquias de um triângulo, supostamente inevitáveis aos âmbitos em que vivemos/habitamos, com uma prática que apresenta o múltiplo como um recurso de pesquisa? Que política é essa, exercitada pelas margens, que se afasta do consenso e vê o dissenso como como saída (prática/exercício)? Qual a militância existente nesses agentes que se propõe a vibrar (o processo consiste exatamente nisso: um corpo que vibra porque se propõe a vibrar)? Qual a antropologia existente nesses aglomerados que, por insistência, acaso ou reação outra, se fazem, refazem e se invadem? Pensar-ser-margem – experimentar o corpo a partir da centralidade expansiva, atingir as extremidades. Estar em trânsito, permanecer em transe – realidade, ainda que interpretação. Ser-transformação. Radical.

E, de repente: manada. Tão distante da corporeidade potencialmente erótica (porque humana, porque tátil). Estética-instinto-energia próxima ao humano porque se afasta dele, de algum modo. Marcha, reduto do silêncio. Contraste plástico ao shaking: a exaustão se torna outro corpo. Tem-se outro território, outro desenho, outro mapa. Outra(s) forma(s) de vida.

“O homem ser-humano não pode encontrar-se, não pode ter consciência de sua individualidade, senão por intermédio da vida social. Para ele, contudo, esse meio significa mais que uma força externa determinante. Como os animais, o homem ser-humano submete-se as regras da sociedade mas, além disso, participa ativamente da produção e da mudança das formas da vida social”4.

É sobre atravessamento, participação, produção, mudança, estado(s): corpos que levam, corpos que estão, corpos que são: entregues – a uma corrida circular, ao contato direto, espécie de convite físico-espacial-energético: “o que nos leva a vibrar juntos?”.

Nenhuma certeza, distante da racionalidade, frente a dificuldade que é se estabelecer “uno”, frente a inevitabilidade de se estar “juntos”.

 

¹DIDI-HUBERMAN, Georges. Ser-Crânio: lugar, contato, pensamento, escultura. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.

² Ficha Técnica: Desenhos: Aline Vargas. Direção: Caio Riscado e Luar Maria. Direção de som: Miúda e Thereza Rocha. Dramaturgismo: Thereza Rocha. Elenco: Aline Vargas, Bel Flaksman, Bernardo Lorga, Fred Araujo, Gunnar Borges, Isadora Malta, Larissa Emi, Lia Sarno, Lucas Canavarro, Marília Nunes, Natália Araújo e Nathalia Gastim. Figurino: Gunnar Borges. Iluminação: Miúda. Produção: Lia Sarno e Marcelo Mucida. Produção Executiva: Bel Flaksman. Programação visual: Lucas Canavarro. Workshop prática Shaking: Bia Figueiredo.

³ NOVARINA, Valère. Diante da palavra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009.

4 CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica. São Paulo: Mestre Jou, 1972.

Tags: Caio RiscadoColetivo MiúdaCrítica TeatralFestival de CuritibaFestival de Teatro de CuritibaLuar MariaMóTeatro

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