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Afinal, o que significa qualidade na televisão?

A coluna debate o que significa o conceito de qualidade na televisão, propondo a reflexão sobre onde ela deve ser buscada: na programação ou no público.

porMaura Martins
20 de junho de 2016
em Televisão
A A
Afinal, o que significa qualidade na televisão?

Imagem: Reprodução.

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No primeiro episódio da nova temporada da série norte-americana UnReal – cujo mote é a exibição cruel dos bastidores nada éticos de um reality show casamenteiro -, os produtores debatem sobre o que seria um programa de televisão de impacto e o que seria um programa de qualidade. Há uma disputa interessante sobre “fazer a história da televisão” (no caso, conseguir emplacar um protagonista negro e sofisticar a discussão dentro de um reality show fútil) e “fazer aquilo que o público quer” (ou seja, apostar nas mesmas fórmulas, já testadas milhares de vezes, entendendo que elas funcionam justamente por ir ao encontro da demanda e dos desejos da audiência).

Não há uma resposta fácil a esta questão, é claro. O debate sobre qualidade na televisão é uma constante enfrentada pelo veículo desde sempre, mas aparentemente, sem que se nunca consiga defini-la. De alguma forma, a busca por ela é uma espécie de mito de Sísifo, ou seja, é uma saga diária e nunca atingida, pois as fórmulas parecem incapturáveis e irrepetíveis (algo que deu certo num momento não funciona no outro).

E, afinal, o que é “dar certo”?  É aí que se chega ao âmago da questão da qualidade. Sendo um veículo caro, de natureza massiva, que só se paga com grandes audiências (as que atraem anunciantes de peso), a televisão parece profundamente atrelada ao compromisso de angariar números estratosféricos para poder existir. Os programas televisivos não podem se dar ao luxo de arriscar perder este bem tão precioso chamado audiência – diferente de alguns produtos digitais, mensurados por outras lógicas (basta ver, por exemplo, o quadro recente do Porta dos Fundos que satiriza, de alguma forma, o público incomodado com o tom altamente político de alguns esquetes).

É claro que o caminho seguro, então, torna-se tentar percorrer as estradas já testadas – ainda que nem sempre elas sejam garantias de boas audiências. A repetição da fórmula “folhetim do horário das 18h” é, por exemplo, o que parece ter explicado o sucesso de Êta Mundo Bom!, novela de Walcyr Carrasco – que, numa espécie de lógica circular, repete com vagas mudanças outras novelas que vingaram neste horário, como O cravo e a rosa e Chocolate com Pimenta. São todas novelas que apostam na mesma fórmula melodramática tradicional, com personagens planos e marcados, além de bater na tecla da nostalgia do campo, reforçado pela caracterização das personagens e pelo uso de uma comicidade pueril. Resumindo, são boas tramas, mas sem grandes novidades ou vontade de testar os limites deste meio.

Todos defendem uma televisão de qualidade, mas nem todos parecem dispostos a assisti-la.

Mas o pior dilema enfrentado pela tevê talvez seja esse: todos defendem uma televisão de qualidade, mas nem todos parecem dispostos a assisti-la. Não há medida do que seria essa tal programação mais madura e como ela estaria necessariamente adequada aos gostos de um público que, por essência, é heterogêneo. Este eterno descompasso transparece, por exemplo, no caso da novela Velho Chico. É um consenso que a trama escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Luiz Fernando Carvalho é de forte qualidade – os críticos chegaram a reconhecer mesmo a intertextualidade com a literatura, nas obras de Gabriel García Marquez – mas tem sofrido para manter seus espectadores grudados à tela. Alguns falam de problemas de ritmo, pois Velho Chico, para desenvolver suas cenas e tramas, transcorreria numa velocidade a que as pessoas não parecem acostumadas. Quem, afinal, precisa se adaptar: o público ou a televisão?

Talvez haja um erro implícito neste raciocínio, que é o de carregar uma visão extremamente idealizada de qualidade, associando-a apenas aos programas educativos, mais típicos da TV pública que da privada. Por vezes, associamos à falta de qualidade tudo aquilo que parece direcionado ao “povão” (é claro que todos que sustentam esta concepção inevitavelmente se excluem disto a que chamam de povo). Se não refletirmos sobre o que chamamos de qualidade, corremos o risco de acreditar que tudo aquilo que tenta falar às massas – sejam novelas, programas de entretenimento, atrações jornalísticas – está, e sempre estará, condenado ao rebaixamento de nível, à produção mal feita, ao menosprezo da inteligência, a tudo que não é “edificante”, etc.

Para tentar problematizar esta ideia, trago um exemplo saído de um dos programas de pior reputação das grades emissoras. Refiro-me ao famigerado Casos de Família, veiculado pelo SBT e apresentado por Christina Rocha desde 2009 – ela sucedeu Regina Volpato, que comandava uma versão mais “sóbria” do programa. Casos de Família parece reunir vários aspectos que associamos à baixa qualidade: uma apresentadora exagerada e histriônica, meio como um Ratinho de saias; humilhação pública; discussões que não se elevam para além do senso comum; barracos e catarse de mau gosto; a exposição dos problemas que denotam os dramas dos mais pobres; a suspeita constante de que nada que acontece ali é “real” e que todos estão sendo pagos. Parece, afinal, uma grande celebração da miséria humana.

Portanto, há alguma surpresa ao vermos certos episódios do programa como “Homossexualidade não é uma doença contagiosa”, que traz uma discussão contundente e, por que não, corajosa, ao posicionar-se claramente contrário à homofobia e a alguns discursos religiosos. Esteticamente, a (falta de) qualidade permanece a mesma, mas o discurso – que continua adequado ao público a que se direciona, e que espera pelo tom excessivo de Casos de Família – traz sinais de maturidade na sua abordagem.

No fim das contas, quiçá seja possível encontrar luz e reflexão neste que é considerado por muitos um dos piores programas da TV. Inclusive, talvez o grande trunfo associado à qualidade da discussão deste episódio de Casos de Família seja justamente o fato de ele estar direcionado ao “povão”, e não a um público para o qual o debate contra a homofobia já está consolidado e, por isso mesmo, não tem tanta necessidade de enfrentar o assunto.

Em outras palavras: talvez a grande questão para pensar em qualidade na televisão tenha menos a ver com a natureza dos programas e mais a ver com a régua que estamos usando para medi-la.

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