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A morte, o flagrante e o cinismo na televisão aberta

A morte do sertanejo Cristiano Araújo e a cena dos disparos transmitida ao vivo são ponto de partida para entender como a televisão generalista tem enfrentado a crise.

porMaura Martins
27 de junho de 2015
em Televisão
A A
A morte, o flagrante e o cinismo na televisão aberta

Imagem: Reprodução.

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Tivemos uma semana especialmente turbulenta para as emissoras televisivas, na qual várias questões interessantes foram levantadas – dentre elas, a espetacularização da morte de um cantor sertanejo não tão conhecido, ressuscitando as tantas vezes comentadas guerras por audiência nas tevês abertas. Há um tom quase nostálgico nas críticas que fazemos ao (re)lembrar o quão “baixo” conseguem ir as emissoras em busca dos receptores que agora escapam não apenas para as TVs a cabo, mas para seus smartphones.

De alguma forma, estas disputas pelo público da televisão generalista – apenas para reavivar a mente: a Globo chegou a cancelar parte da programação para fazer uma transmissão ao vivo do velório de Cristiano Araújo, e Ratinho e Gugu entraram numa concorrência pela transmissão dos últimos momentos do cantor – não deixam de ter um gosto meio saudosista (no bom e no mau sentido) quanto a um tempo em que a TV reinava absoluta como meio de preferência dos brasileiros.

Muito se fala hoje sobre como as empresas jornalísticas estão lidando para permanecer relevantes a um público cada vez mais fugidio, em um momento histórico em que “a internet” (aqui propositadamente generalizada, tornada uma “entidade”) é mais rápida em tudo, com seus memes, imagens que nunca se esgotam, opiniões e testemunhos obtidos no último segundo. Não por acaso, outro tema bastante debatido – e aparentemente abafado pela morte de Cristiano Araújo – foi a transmissão ao vivo de um tiroteio pelos programas Cidade Alerta e Brasil Urgente. Os programas transmitiram uma perseguição policial que, para euforia e choque de seus apresentadores, culminou no flagrante de disparos feitos pela polícia aos assaltantes caídos no asfalto.

Tal qual antigos contadores de história, Marcelo Rezende e José Luiz Datena mais narram aquilo que veem do que efetivamente produzem alguma forma de jornalismo.

Os dois episódios rechearam as agendas televisivas e possibilitaram bons níveis de audiências para aqueles que se dispuseram a transmiti-las. Interessante notar que os acontecimentos adentraram as emissoras por lógicas distintas: por um lado, a morte trágica de um cantor, parcialmente desconhecido, que gerou reflexões sobre o tratamento jornalístico dado a um fato que, a priori, não causa muita repercussão na vida dos brasileiros; por outro, o flagrante de uma cena anônima, transformada em notícia justamente pela disponibilização de uma imagem pulsante, viva, que exibe algo que transcorre no exato momento em que ocorre no chamado mundo real.

Vejamos: ambos os acontecimentos são intrigantes e dizem respeito, de formas diferentes, sobre os desafios enfrentados pelas emissoras televisivas. No caso de Cristiano Araújo, há a constatação, pelo próprio público – que se manifesta compulsivamente nas redes sociais – sobre a falta de medida na cobertura dada a certos fatos. A exploração de uma morte, por mais trágica que ela seja, já não é suficiente para manter relevância a um público que se crê cada vez mais ciente sobre como deveriam funcionar os veículos de comunicação.

No caso do tiroteio ao vivo, menos repercutido nas redes, uma constatação: para cativar o público, cada vez mais as emissoras têm investido na obtenção de imagens que, mesmo que sejam de baixa qualidade, seduzem o espectador justamente por sua suposta genuinidade, por parecerem uma espécie de reflexo do que efetivamente aconteceu lá fora. Não por acaso, a imagem foi capturada por câmeras instaladas em helicópteros a serviço da Band e da Record (ou seja, as empresas têm investido nos avanços tecnológicos em busca destes materiais).

Neste contexto em que as imagens parecem mais fiéis à realidade que a “tradução” feita delas pelas instituições jornalísticas, sobra aos profissionais de televisão, paradoxalmente, um outro papel. Tal qual antigos contadores de história, Marcelo Rezende e José Luiz Datena mais narram aquilo que veem do que efetivamente produzem alguma forma de jornalismo. Sua tarefa é a de estender por um longo tempo – com muita criatividade e recursos dramáticos – aquilo que as imagens mostram.

O flagrante dos tiros ao vivo, portanto, não está isolado da realidade de uma televisão que aprimora constantemente seus métodos para garimpar estas imagens brutas, que nos parecem mais reais do que aquilo que os jornalistas têm a dizer. O anúncio de que o YouTube lançou um canal com vídeos amadores que podem gerar interesse jornalístico mostra que a perspectiva sombria exibida no longa-metragem O Abutre não está muito longe do que vemos – e veremos – nos meios de comunicação.

Em tempo: creio que a quantidade de pessoas que se regozijaram nas redes sociais por desconhecer Cristiano Araújo, especialmente pelo fato de se tratar de um artista sertanejo, também não deixa de ser sintoma interessante de um certo cinismo, e mesmo de elitismo, de um público crescente que se considera informado e que se exclui da “grande massa”, expressão hoje já caduca e que precisa ser debatida. Estar por fora dos meios de comunicação é agora motivo de orgulho, não de vergonha. Mas isto é tema para outra reflexão.

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