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Gil Gomes e o jornalismo do cotidiano do ‘Aqui Agora’

Com a morte de Gil Gomes, a coluna relembra o programa 'Aqui Agora', que foi um marco no jornalismo televisivo popular.

porMaura Martins
22 de outubro de 2018
em Televisão
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O estilo de Gil Gomes ainda é um paradigma na crônica policial

O estilo de Gil Gomes ainda é um paradigma na crônica policial. Imagem: Reprodução.

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Faleceu, na semana passada, o célebre repórter Gil Gomes, aos 78 anos. Gomes, que consolidou sua carreira no rádio, inscreveu seu nome no panteão das figuras lendárias da televisão ao participar do programa Aqui Agora, um inesperado telejornal exibido pelo SBT entre os anos 1991 e 1997 e que estabeleceu padrões, de certa forma, àquilo que hoje entendemos como TV popular. Seria justo dizer, aliás, que o tipo de programa policial ao estilo do Cidade Alerta (copiado e adaptado nas diversas redes espalhadas pelo país) deve prestar reverência ao estilo inaugurado pelo telejornal da TV de Silvio Santos.

Para uma pessoa de 2018, talvez seja difícil entender o impacto do Aqui Agora nos anos 90. O programa tornou-se uma verdadeira sensação entre os espectadores ao investir em uma fórmula até então inusitada: pautas corriqueiras, algo banais, explorando crimes menores, dos bairros de São Paulo (que não entravam, por exemplo, na agenda do Jornal Nacional e mesmo do telejornal “sério” da mesma emissora, o TJ Brasil), narradas de forma emocionante (para não dizer sensacionalista) por repórteres efusivos, um tanto caricatos, que logo caíram na graça da audiência.

Falar do Aqui Agora apenas de forma pejorativa, pelo olhar da espetacularização da tragédia, é deixar de notar que o programa desempenhou uma importante função de inclusão e valorização de uma camada até então subjugada pelo jornalismo televisivo.

O Aqui Agora surgiu, de fato, como uma estratégia do SBT para comunicar diretamente a um público que não se sentia contemplado pelos programas noticiosos, pois sentiam que os telejornais não falavam para eles. É quase como se o programa tivesse identificado que havia uma população à margem da própria televisão e que gostaria de ser contemplada por meio de um outro tipo de jornal. Para se ter uma ideia de que tipo de estratégia era essa, basta dizer que os quadros de economia informavam sobre o aumento do preço do cigarro e do cimento – e tinham, dentre seus comentaristas, o pugilista Maguila, que falava sobre economia portando luvas de boxe e vestindo smoking. 

Por tudo isso, falar do Aqui Agora apenas de forma pejorativa, pelo olhar da espetacularização da tragédia, é deixar de notar que o programa desempenhou uma importante função de inclusão e valorização de uma camada até então subjugada pelo jornalismo televisivo. O slogan já dava a deixa: o Aqui Agora se anunciava como “um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é” – frase que sugeria a ideia de que os outros telejornais, ao focarem-se nas notícias oficiais e grandiosas (de política, por exemplo) deixavam de retratar a dura vida diária dos milhões de brasileiros que mal tinham tempo para pensar no impacto das notícias nacionais em suas rotinas.

E um aspecto central para que toda essa proposta funcionasse era uma marca forte no “pessoalismo”, ou seja, na ênfase na figura pessoal dos repórteres, explorada para que fossem bastante próximos dos seus espectadores (essa tendência à “intimidade” com as figuras do jornalismo só cresceria posteriormente, mesmo nos jornais tidos como referência – o que é, de alguma forma, uma influência legada pelo jornalismo popular). Sendo assim, muitos personagens se tornaram muito populares com o Aqui Agora: como Celso Russomanno, cujas matérias marcavam ênfase em uma plataforma de defesa do consumidor (a qual se tornaria seu mote e o alçaria a uma carreira política), Jacinto Figueira Junior, conhecido como o “homem do sapato branco”, e, por fim, o saudoso Gil Gomes, a cujo estilo gostaria de me atentar aqui nesta análise.

Famosíssimo (mesmo 21 anos do término do telejornal), e muito imitado por humoristas, Gil Gomes consagrou uma performance única, caricaturada (pois repetitiva) que buscava trazer tensão e seriedade à crônica policial. Toda sua mise-en-scène era marcante: sempre com camisas estampadas semiabertas, um jeito algo desleixado, com um ar de decadência que remetia ao ambiente das delegacias, além de um onipresente movimento de mão e uma fala cadenciada que era repetida a cada pequena tragédia que narrava.

Em uma comparação inspirada, um dos jornalistas que criou o Aqui Agora homenageou Gil Gomes chamando-o de “Nelson Rodrigues da TV”. Ainda que a analogia possa parecer esdrúxula (e mesmo ousada) a muitos, talvez se possa dizer que ambos – repórter e dramaturgo – guardavam em comum um olhar curioso e genuinamente interessado à vida comezinha das pessoas simples, e que certamente carregam histórias mais complexas do que pode parecer à superfície. É uma lição importante, sem dúvida, que o conhecido repórter lega às novas gerações de jornalistas.

Tags: Aqui AgoraCelso RussomannoGil GomesJacinto Figueira JuniorJornal NacionalJornalismo popularSBTtelejornaltelejornalismoTelevisão

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