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‘Os Dias Eram Assim’ é apenas mais um clichê folhetinesco

'Os Dias Eram Assim', primeira supersérie da Rede Globo, perde oportunidade de inovar ao ignorar a História por trás da Ditadura Militar.

porGabrielle Russi
31 de maio de 2017
em Televisão
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‘Os Dias Eram Assim’ é apenas mais um clichê folhetinesco

Imagem: Reprodução.

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Desde 2015, com o início das manifestações pedindo o impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff, vemos uma parcela da população pedindo a volta da Ditadura Militar. Além disso, alguns políticos, em especial os da família Bolsonaro, defendem o estilo de governo da época e salientam “pontos positivos”, alegando que havia mais segurança e organização. O problema é que nesses discursos não é falado sobre as medidas adotadas e o que acontecia nos bastidores. A censura, as torturas, as perseguições, os desaparecimentos, enfim, toda as barbáries e os extremismos cometidos são, propositalmente, deixados de lado.

No domingo (dia 21 de maio), o diretor de Dramaturgia da Rede Globo, Silvio de Abreu, no Programa do Faustão, em fala a favor da educação, revelou que, no processo de produção de Os Dias Eram Assim, o núcleo de pesquisa da emissora fez uma pesquisa sobre o conhecimento da ditadura com a população e constatou que o Brasil desconhece a própria história. Na verdade, isso não é surpresa. Se hoje, com todo o acesso que temos à informação, sabemos que uma grande parcela do povo brasileiro não entende as premissas do nosso sistema de governo, imagina em uma época em que a imprensa era calada e que nenhuma notícia contra o sistema podia ser divulgada.

Atualmente, existem muitos relatos, depoimentos, livros e demais provas que contêm a verdade do que foi a Ditadura Militar. Mas esses materiais ainda não são de conhecimento amplo, só quem se interessa em estudar o assunto é que procura e lê a respeito. Nas escolas, na matéria de História, há pouco tempo que se leciona sobre o assunto, porém, o ensino é raso, superficial. Sem contar que os adultos de hoje, que eram crianças nos anos 60, 70 e 80, não viram isso no colegial. Assim sendo, em uma época de propagação de discursos de conotação fascista, uma trama que aborde esse importante e distorcido contexto histórico seria muito bem-vinda.

Nesse momento em que muitos pedem intervenção militar, a série prestaria um grande serviço social caso se ativesse na história, na política e na sociologia brasileira, pois ajudaria a mudar esse cenário.

Bem antes da estreia no dia 17 de abril, quando a Globo anunciou que Os Dias Eram Assim não seria mais a próxima novela das seis e estrearia como a primeira “supersérie” (novo nome que a emissora dá às suas novelas mais curtas), no último horário dedicado à teledramaturgia na emissora, ficou a impressão que essa mudança tinha como propósito se aprofundar no contexto histórico da ditadura e mostrar de maneira realista os acontecimentos da época, coisa que dificilmente aconteceria se a trama fosse exibida em um horário considerado “light”. Como já aconteceu em outras minisséries, havia um receio de que o romance seria apenas uma maneira de dar sequência ao enredo. Mas não foi isso que aconteceu!

Com direção artística de Carlos Araújo, o apuro técnico e estético esperado das produções da Globo nesse horário é atingido. A supersérie tem um cuidado extra na fotografia, nas tomadas, no figurino e na trilha sonora. Artisticamente, ela cativa e emociona. Quanto ao roteiro, Angela Chaves e Alessandra Poggi, que assinam pela primeira vez como autoras titulares de uma obra, mas já colaboraram em inúmeras novelas e séries, estão mostrando que aprenderam todos os clichês, mas não a traduzir a complexidade do período que escolheram retratar.

A Ditadura Militar não passa de pano de fundo para uma típica história de amor folhetinesca, que, se não fosse por algumas cenas de nudez e violência (recorrentes nas produções das 23h), se encaixaria perfeitamente no horário inicialmente anunciado. Claro que não esperávamos que a novela fosse completamente realista. Até porque, é dramaturgia e não documentário. E é obvio que a Globo não pode ser plenamente honesta e verdadeira nesse assunto, porque para isso teria que assumir seu apoio ao regime e admitir que foi graças a ele que nasceu e se fortaleceu como a maior emissora de televisão aberta do país. Mas o programa podia, sim, estar sendo mais crítico, sem medo de soar incomodo ou pesado.

Para não sermos injustos, a produção se esforça em ser bem didática em relação aos fatos: na primeira fase, ela mostrou prisões ilegais, a influência e o apoio financeiro de grandes empresários ao aparelho de repressão do Estado, a censura artística e de imprensa, perseguições políticas e sessões de tortura – no caso das mulheres envolvendo abusos sexuais. Em algumas cenas, a personagem de Mariana Lima, que é professora universitária de História, protagoniza falas explicando como aconteceu o golpe, o que foi o AI-5 e discursando sobre a importância da democracia.

O problema é que tudo isso é secundário. Serve apenas para explicar e justificar o que separa o casal protagonista: a fotógrafa Alice (Sophie Charlotte) e o médico Renato (Renato Góes). A trama é maniqueísta e a ditatura é inteiramente romantizada: o núcleo bom é representado pelos idealistas que lutam pela liberdade (como o personagem de Gabriel Leone) e são afetados pelo lado mal, os empresários poderosos Arnaldo e Vitor (pai e marido de Alice, vividos por Antonio Calloni e Daniel de Oliveira).

No episódio da última quinta, a série entrou para a segunda fase e deu um salto de 9 anos, chegando no momento do anúncio da Lei de Anistia. No mesmo dia, Arnaldo sofre um infarto e é assassinado no hospital. Com isso, Renato (que havia fugido para o Chile e sido dado como morto para a antiga namorada) e Alice (que após a suposta morte do amado descobriu que estava grávida, se casou e se mudou para Miami) voltam para o Brasil.

Nesses poucos dias da nova fase, a Lei é o assunto principal. Porém, a trama, por enquanto, só está mostrando um lado da moeda: o bonito, do reencontro das famílias separadas. A conquista está sendo mostrada como uma grande vitória e o início de um processo de reabertura política. Sabemos que foi, mas fica a expectativa para ver se mencionarão que a anistia foi dada aos exilados e presos e também para os repressores e torturadores. Pelo menos os atentados cometidos pelos militares foram mostrados.

Mas, apesar desse início dar foco ao momento político, tudo dá a entender que a novela voltará aos clichês do gênero: o drama da paternidade do filho de Alice (história que está sendo repetida em todas as tramas da emissora que estão no ar) e o mistério de “quem matou Arnaldo?”. Além disso, segundo spoilers já divulgados, Os Dias Eram Assim dará mais um salto até 1984, o ano das Diretas Já, quando Alice e Renato se encontrarão novamente, e terá aí sua maior parte da história. Ou seja, o período mais violento do regime militar, durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), serviu apenas como ponte para a história e seu potencial foi pouco explorado.

Voltando ao início do texto, nesse momento em que muitos pedem intervenção militar, a série prestaria um grande serviço social caso se ativesse à história, na política e na sociologia brasileira, pois ajudaria a mudar esse cenário. Seria inovador e poderia dar bons resultados: outras minisséries já mostraram que nem só de romance se faz a audiência. Mas não, as autoras escolheram seguir outro caminho. O que torna Os Dias Eram Assim apenas mais do mesmo: uma história de amor impossível. Lamentável!

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