O que teve de melhor na televisão aberta em 2021? Tivemos dois anos marcados pela pandemia, o que impactou a programação de várias emissoras, com menos lançamentos e mesmo novelas canceladas. No entanto, 2021 foi um ano marcado por muita movimentação na esfera televisiva.
Escolhemos, junto a convidados especiais, o que aconteceu de mais interessante neste ano na TV aberta.
Maura Martins
Jornalista e editora da Escotilha
Parece estranho listar esse fato em uma lista de melhores do ano, eu sei. Mas explico: esse evento foi absolutamente fundamental à TV brasileira em vários aspectos, causando uma espécie de “efeito borboleta”. Ela ocasionou uma série de movimentações nas emissoras e crises nas relações com seus profissionais – como a tensão do que fazer com Luciano Huck e por fim tirá-lo de sua zona de conforto. Além disso, a saída injusta de Faustão, de forma mal explicada ao público e sem direito a despedidas, ajudou a sedimentar a figura de Faustão como cult, e enterrou de vez a persona que havia sido instituída em torno dele nos anos 1990 e 2000: o de alguém que representava o pior da televisão. A estreia dele na Band em 2022 promete ser triunfal e ter mais audiência que final de Copa do Mundo.

- Big Brother Brasil 2021, na Globo
Goste ou não do “Big Boster Brasil”, como diz Ícaro Silva, não dá para negar que esse programa é um fenômeno. A edição anunciada de forma nada modesta como o “big dos bigs” foi, sem dúvida, histórica. Listo apenas duas razões que sustentam isso: ela conseguiu promover um cancelamento nacional (quiçá mundial) de uma artista de carreira consolidada, que viu sua trajetória de mais de década ruir no espaço de poucas semanas. Isso mostra que o BBB segue fazendo aquilo que se propõe, que é pautar as agendas de discussões entre todas as pessoas e continuar sempre na mira, mesmo de quem não o assiste. A segunda razão: a edição conseguiu elevar dois participantes anônimos (Gil do Vigor e Juliette) à condição de estrelas da Globo, desvinculados do próprio reality show – algo que não acontecia há muitos anos.
- 90 dias para casar, na Band
Nós, brasileiros que não assinamos a TV a cabo, temos finalmente a oportunidade de acompanhar semanalmente uma das melhores atrações dos reality shows trash que amamos odiar, ou odiamos amar. 90 dias para casar, que acompanha a rotina de americanos que irão largar tudo em seu glorioso país para se casar com um pretendente de alguma nação subdesenvolvida, é puro suco do preconceito cultural e do constrangimento alheio. Portanto, é irresistível.
Ciro Hamen
Jornalista do canal O Brasil que Deu Certo
- Show do Milhão, no SBT
Essa volta do Show do Milhão exatamente igual ele era em 1999 foi, pra mim, sem dúvida, a melhor coisa do ano. Celso Portiolli tentando imitar Silvio Santos é genial e acabou ficando mais parecido do que nunca com o Silvio Santos do Hermes e Renato, brincando com os participantes e sem ficar caçando histórias tristes, apenas as boas e velhas perguntas e “você ainda tem 3 pulos, placas, cartas e universitários”. A volta do Show do Milhão, inclusive, deixa ainda mais claro como o “Quem Quer Ser um Milionário”, do Luciano Huck, é chato, levando meia hora para fazer cada pergunta e buscando alguma fala inspiradora do participante. A volta do Show do Milhão sem ter mudado quase nada (apenas o apresentador), com formato e até musiquinha iguais, é a prova de que, às vezes, as coisas antigas ainda podem ter frescor.

- Ilha Record, na Record
O reality show do ano. Um grande acerto de Rodrigo Carelli e da Record em apostar em um formato completamente novo em um momento no qual os realities de confinamento e ao vivo (tipo Big Brother) estão em alta. Foi bom assistir a algo que não era ao vivo, apenas com votações internas para eliminar, sem interferência nenhuma do público, e MELHOR: com o twist da “caverna dos exilados”, mantendo todos os que eram eliminados em outro confinamento, com um cenário tosco e um sofá e uma televisão para eles comentarem o programa como se fossem Beavis e Butt-Head. Ainda por cima, os “exilados” interferiam no jogo e não perdíamos nem na eliminação o nosso participante favorito. Elenco estelar, já estou ansioso para a segunda temporada.
- Reprises dos Silvio Santos clássicos, no SBT
Com Silvio Santos afastado por conta da pandemia, o SBT resolveu apostar em reprises de programas clássicos do Silvio Santos nas noites de domingo, sem dúvida uma das melhores coisas do ano. O episódio do único vencedor do Show do Milhão, o Qual é a Música com os participantes da Casa dos Artistas, e até as clássicas participações de Ronnie Von no programa, Silvio Santos caindo dentro da piscina, entre muitos outros momentos proporcionados por ele em sua era de ouro. Nos últimos 10 anos, estamos acostumados com um Silvio Santos que não chega nem perto do que era aquele apresentador vibrante, que entrava nas brincadeiras e dominava o palco como ninguém. Foi gostoso demais ter esse “gostinho” e relembrar os motivos pelos quais ele é considerado o maior de todos.

Chico Barney
Colunista de televisão do portal UOL
- Big Brother Brasil 21, na Globo
O trunfo dos últimos BBBs é conquistar aquilo que eu imagino ser o objetivo da TV aberta atualmente: furar bolhas e repercutir muito. A exemplo do que ocorreu na temporada 20, foi mais um rolo compressor de mobilização, pautou o Brasil e transformou anônimos em celebridades do primeiro time.
- A Fazenda 13, da Record
Vejo que está sofisticando seu conteúdo, evoluindo o formato, ainda que a passos mais lentos que o BBB. Mesmo em um segundo semestre mais complicado para a TV aberta no geral, conseguiu render assunto graças a alguns protagonistas que se destacavam de um elenco medroso. A vitória do Rico pode encorajar a atitude dos próximos confinados.

Bônus de programa na TV fechada >>
- Curb Your Enthusiasm – sitcom da HBO, na décima primeira temporada
A temporada mais recente da comédia de Larry David é um exposed semanal das piores características que alguém pode ter. O protagonista é uma das piores pessoas do mundo e faz rir pelo constrangimento e pelo absurdo.
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