ARede Globo exibiu nessa terça-feira (18 de dezembro) o último episódio da segunda temporada da série Sob Pressão. Considerada por crítica e público como uma das produções artísticas de televisão mais bem realizadas de 2018, a qualidade do texto, direção, produção e atuação do elenco fez a atração se destacar.
Em um momento em que a Globo busca concorrer de igual para igual com plataformas de streaming como Netflix, HBO e Amazon Prime Video, Sob Pressão é o produto perfeito para conquistar um público ainda resistente à Globoplay.
A emissora já apresenta um cardápio bastante variado em sua plataforma, mas, como estamos vendo com o momento atual da Netflix, são as produções próprias que garantem o sucesso junto ao público. A Globo só poderá bater de frente com as aclamadas produções internacionais se dispor de produtos nacionais à altura, como este. Os episódios foram exibidos em horário nobre na TV aberta, porém, aqueles que não quiseram ficar presos aos episódios semanais na grade puderam maratonar na plataforma on-demand.
Um dos grandes méritos da série foi conduzir as tramas e os personagens de forma envolvente. A direção e produção de elenco merecem os parabéns, foi um show de atuação, tanto do elenco fixo, como dos atores que participam dos episódios isolados. Neste cenário, destaca-se Renata. A nova personagem é uma vilã que nos mostrou uma Fernanda Torres diferente de tudo aquilo que já vimos antes na televisão – o episódio da morte do Dr. Samuel (Stepan Nercessian) é uma grande prova disto.
O grande vilão da série é o sistema e a engrenagem burocrática, que deveria existir para salvar vidas, mas é utilizado para desvio de verbas e roubo de dinheiro público.
Nesta temporada, o roteiro contrapôs momentos de dor e a dedicação de profissionais dedicados, com a corrupção escancarada presente na saúde pública. Os dramas se acumularam a cada episódio, com momentos de desespero daqueles que foram parar em um hospital carente. Pudemos acompanhar as negociatas e os interesses pessoais e financeiros que passaram por cima de vidas humanas sem a menor cerimônia.
E isso fez com que a vilã Renata não fosse tão vilã assim. Afinal, o roteiro não a entregou de forma mastigada e a personagem foi se corrompendo gradativamente. A série despertou no telespectador a sensação de que só quem garante que é absolutamente incorruptível pode julgá-la friamente. O grande vilão da série é o sistema e a engrenagem burocrática, que deveriam existir para salvar vidas, mas são utilizadas para desvio de verbas e roubo de dinheiro público.
Esse é o maior triunfo da produção: entregar um produto nacional com qualidade de séries internacionais, mas com um enredo que o público daqui consegue identificar. O conteúdo dialoga com a realidade que conhecemos e com a qual temos familiaridade.
A terceira temporada está em fase adiantada de gravação e irá ao ar no próximo ano. Drica Moraes, no papel de uma médica infectologista, é uma das novidades. Ana Flavia Cavalcanti também gravou uma participação especial na nova temporada. Entretanto, apesar dos bons resultados em matéria de audiência, a previsão é o término da série ao fim da próxima temporada.