Não é novidade que o consumo de audiovisual no Brasil (e no mundo) mudou muito nos últimos anos. Se antes os programas da TV aberta eram soberanos como opção de entretenimento para a população, hoje eles competem com uma variedade enorme de opções disponibilizadas pelo avanço da era digital.
Opções como YouTube, Netflix e Twich têm ganhado a preferência dos consumidores de conteúdo em vídeo (principalmente os jovens), afinal essas plataformas possibilitam a escolha do que ver e quando ver, diferente da grade fechada da TV aberta. A Rede Globo, emissora líder de audiência, percebeu que estava perdendo público e há tempos vem tentando estratégias para driblar essa realidade.
Nesse sentido, em outubro de 2015, o Grupo Globo lançou a Globoplay, uma plataforma digital com streaming de vídeos sob demanda, que oferece acesso gratuito a trechos de novelas, séries e minisséries, assim como íntegras dos programas jornalísticos e telejornais esportivos. Os assinantes têm acesso às íntegras de todo o conteúdo já produzido pela emissora, com opções gravadas em resolução 4K.
Só a criação da plataforma já pode ser considerada um avanço, pois com ela o telespectador tem a opção de escolher o horário e qual programa quer ver, sem ficar preso a grade, além de poder assistir a conteúdos antigos. Além disso, filmes (brasileiros e estrangeiros), opções infantis e séries estrangeiras (como Charmed, House e a premiada The Handmaid’s Tale – que entra para o catálogo agora em 2019) também estão disponíveis.
Outra vantagem que a plataforma traz é o fato de disponibilizar todos os episódios, de uma única vez, das séries e minisséries exibidas pela emissora em TV aberta, dando opção para quem quer maratonar, como foi o caso de produções como Supermax, Carcereiros, Treze Dias Longe do Sol e Sob Pressão. Não bastasse, desde 2016 a Globo está investindo bastante em conteúdos exclusivos para plataforma, transformando-a em uma concorrente de peso às plataformas de streaming como Netflix, HBO e Amazon Prime.
A Globo só poderá bater de frente com as aclamadas produções internacionais se dispor de produtos nacionais à altura. Por isso, a produção de séries está cada vez mais forte e tem sido uma prioridade.
As primeiras amostras foram os lançamentos das webséries Eu Só Quero Amar, spin-off de Malhação: Seu Lugar no Mundo; Totalmente Sem Noção Demais, spin-off da novela Totalmente Demais; A Lenda do Mão de Luva, spin-off da novela Liberdade, Liberdade; e Haja Coração, spin-off da novela de mesmo nome. Em 2017, para promover o reality Big Brother Brasil, o Globoplay começou a exibir o programa #RedeBBB e no ano seguinte, após o encerramento da 18ª temporada, criou o especial BBB18: Fogo no Parquinho.
Como podemos ver com o momento atual da Netflix, são as produções próprias que garantem as assinaturas do público. A Globo só poderá bater de frente com as aclamadas produções internacionais se dispor de produtos nacionais à altura. Por isso, a produção de séries está cada vez mais forte e tem sido uma prioridade. Em 2018, atingiram um relevante patamar: a emissora não poupou esforços e inovou em seus lançamentos.
Para divulgar conteúdos exclusivos e atrair seus telespectadores, a emissora fez apresentações especiais de três novos títulos – a internacional The Good Doctor e as brasileiras Assédio e Ilha de Ferro – e exibiu como drops na Tela Quente os primeiros episódios, fazendo chamariz para a Globoplay.
Para 2019, a promessa da emissora é investir pesado nessas obras, com muitas estreias e novidades para o ano. Alguns exemplos são: a segunda versão de Os Experientes (que contará com episódios escritos por renomados autores como Gilberto Braga, Geraldo Carneiro e Manoel Carlos); Shippados (dos autores Fernanda Young e Alexandre Machado e protagonizada por Eduardo Sterblitch e Tatá Werneck); Desalma (de Ana Paula Maia); Aruanas (de Estela Renner e Marcos Nisti); e Eu, a vó e a Boi (de Miguel Falabella), fora a segunda temporada das séries Ilha de Ferro e Pais de Primeira.
Em entrevista ao site Todo TV News, especializado em notícias de mercado na América Latina, o diretor executivo Raphael Corrêa Netto afirmou que a Globo quer ser reconhecida internacionalmente como uma potencial criadora de séries. “Nós sempre fomos reconhecidos pelas telenovelas, mas ao longo dos últimos dois anos temos avançado em série e a Globo começa a ser reconhecida como criadora e produtora de séries de alta qualidade”, diz o executivo. “Ela avança para o mundo como grande produtora de conteúdo para multimercados e multiplataformas”.
Com tudo isso, será que esse ano a Globo irá conseguir reconquistar o público que perdeu para outras plataformas e convencer seu público da TV aberta a assinar e consumir o conteúdo disponível online? Resta acompanhar e ver os próximos passos. Com tudo isso na previsão, juntando com os conteúdos das concorrentes, para os adeptos do streaming, opções de escolha não faltam.