Na última segunda-feira (16), no Big Brother Brasil, a participante recém-eliminada Paula, após ser indicada para o último paredão da edição, na hora de defender sua permanência na casa, apelou para o nacionalismo. Argumentando que é “brasileira raiz” e que o avô foi combatente na Segunda Guerra Mundial.
“Sou brasileira raiz. Neta de combatentes da Segunda Guerra, filha de pais que batalham muito, e eu sou atleta, vim para vencer e para jogar o game. Quebrei a cara, paguei língua e estou entregue no jogo”, afirmou. Ou seja, a candidata considera o seu nacionalismo um trunfo para vencer o BBB, em oposição ao fato de o programa contar com um estrangeiro.
A mensagem foi bem clara: ela queria ganhar o prêmio e ao mesmo tempo desbancar Kaysar, um refugiado sírio que, para alguns dos participantes, sequer deveria estar neste programa de nome ‘Brasil’.
A mensagem foi bem clara: ela queria ganhar o prêmio e ao mesmo tempo desbancar Kaysar, um refugiado sírio que, para alguns dos participantes, sequer deveria estar neste programa de nome “Brasil”. A forte presença do sírio no BBB18 provocou reações preconceituosas de alguns dos participantes do reality. O agora ex-BBB Wagner foi responsável pelo comentário mais grosseiro: “O cara é um zé ruela. Gringo! Se um gringo ganhar o ‘Big Brother Brasil’, pronto, acabou. Aí acabou o mundo. Pode desabar”, protestou.
Gleice também chegou a protagonizar uma fala polêmica, dizendo que seria estranho um sírio ganhar o programa. “O que será que o povo está achando do Kaysar aqui dentro? Porque ele é estrangeiro, agora imagina se ele ganhar? Porque tem gente que daria a vida para estar aqui dentro”, disparou.
A própria Paula fez comentários nesse viés. Em uma conversa com Breno, ela disse: “O que não é legal é que ele não é brasileiro. E é o ‘Big Brother Brasil, entendeu? Não é legal, tem que participar do ‘Big Brother’ lá da Síria, ele é de lá”. O goiano discordou. Em outro diálogo, Paula disse sobre o rival: “Tem outra coisa: ele não é brasileiro. Isso pode pesar também na hora do pessoal votar. Pode pesar, não é que vai pesar. Vai vir alguém de fora e vai ganhar o Big Brother aqui no Brasil? Porra! Não tem um brasileiro melhor do que alguém de fora para ganhar o programa?”.
Isso sem falar que no meio da última prova de resistência, Paula, Gleici e Ana Clara cantaram o Hino Nacional do Brasil enquanto contemplavam um carro zero km. Kaysar, presente, colocou a mão direita no coração e ouviu a cantoria com respeito. Ainda durante a prova, Ana Clara questionou Kaysar sobre a situação em que se encontra seu país de origem e a empresária Paula resolveu intervir na conversa, sugerindo uma “solução” para acabar com a guerra que dura sete anos: insurreição social, causando revolta nos telespectadores (veja aqui).
O Big Brother Brasil é um jogo, é fato. As pessoas fazem acordos, dissimulam, planejam táticas e utilizam de recursos apelativos em busca do prêmio de 1,5 milhão de reais (o próprio Kaysar usa de alguns destes artifícios), e isso já é mais ou menos aceito pelo público. Mas caminhar pelo terreno da xenofobia na tentativa de atingir uma parcela do público inclinada à discriminação é um passo arriscado e condenável. Vale citar que Paula foi eliminada ontem. Só é triste que, faltando pouco mais de 24h para a final, a produção do programa ainda não tenha se pronunciado sobre a polêmica. Xenofobia é preconceito… e preconceito é crime.