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‘Meu Ayrton’ é a vingança elegante de Adriane Galisteu

Série documental 'Meu Ayrton, por Adriane Galisteu', da HBO Max, é provavelmente o primeiro relato sobre o piloto que foge do controle da família Senna.

porMaura Martins
13 de novembro de 2025
em Televisão
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Série da Max entrega um retrato de Ayrton Senna na visão de sua última namorada. Imagem: Magnífica Produções / Divulgação.

Série da Max entrega um retrato de Ayrton Senna na visão de sua última namorada. Imagem: Magnífica Produções / Divulgação.

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O ano era 1994. No dia primeiro de maio, o mundo testemunhou uma tragédia: a morte do automobilista brasileiro Ayrton Senna em um acidente ocorrido no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália. O luto coletivo estava instalado, e o país, especialmente, lamentava o desaparecimento de um herói nacional – em boa parte, fabricado pela mídia e pelas estratégias traçadas pela família Senna para construir a imagem do piloto.

Em meio às terríveis cenas do seu enterro, havia pelo menos uma pessoa visivelmente deslocada: a namorada de Ayrton Senna, uma modelo paulistana de 20 anos chamada Adriane Galisteu. Até pouco tempo desconhecida do público, sua fama até ali era galgada no fato de estar ligada ao piloto. Fato esse que, pelo que se sabia na época e se confirmou com a morte, era desmerecido pelos familiares que buscavam controlar sua vida e carreira com pulso firme.

Galisteu se tornou uma espécie de pária. Mesmo sendo muito jovem, foi categorizada como oportunista e aproveitadora, e vendeu-se a ideia de que o “verdadeiro amor” de Ayrton seria Xuxa, com quem ele havia se relacionado antes. Essa narrativa, reiterada há 31 anos, adquire finalmente uma nova versão com a série documental Meu Ayrton, por Adriane Galisteu, produzida pela HBO Max, com direção de João Wainer.

Para quem, nesta época, se alimentou deste universo do automobilismo ou simplesmente curtia as fofocas, a série é um prato cheio. Para boa parte das pessoas que se interessa pelo assunto, é a primeira vez que se pode ouvir a versão de Adriane sobre o que aconteceu entre os dois. Mas, se não bastasse isso, há muitos depoimentos surpreendentes (e até corajosos) vindos de sujeitos que circundavam o piloto muito de perto.

Adriane e Ayrton: uma história de amor cercada pelo luxo

Há muitos tópicos sobre Meu Ayrton, por Adriane Galisteu que merecem comentários. O aspecto mais interessante da série é o fato de ela apresentar uma Adriane pré-celebridade, em seus relances bem pouco glamourosos. Filha de uma família de classe média baixa e crescida no bairro da Lapa, em São Paulo, ela conviveu desde cedo com dois dramas familiares: o alcoolismo do pai e o severo vício do seu irmão em drogas injetáveis. Ambos acabaram morrendo precocemente.

Isso a levou, segundo conta nas entrevistas, a buscar desde cedo maneiras de trabalhar e ganhar dinheiro para ajudar em casa. A mãe definhava enquanto dedicava todas as forças a salvar o filho, o que a fez se isolar do mundo. Infeliz na própria casa, a jovem Adriane tentou encontrar refúgio com as amigas e os namorados, enquanto aproveitava de sua beleza para fazer bicos como modelo e em programas de TV.

Sua sorte mudaria ao trabalhar como “grid girl” (as modelos contratadas para ficar ao lado dos carros no grid de largada de corridas na Fórmula 1) e chamar a atenção do piloto mais importante daquela época. A partir de então, a história, narrada por Adriane, adquire um tom de conto de fadas dos super-ricos.

Quem vem falar com ela não é Senna, o próprio interessado, mas os seus agregados. Diante da recusa da modelo sobre as investidas, que parece inacreditável, Jacir Bergmann, o “Gordinho”, amigo de Senna, e Antônio Carlos de Almeida Braga, espécie de empresário e mentor do corredor, convencem-na finalmente a dar seu telefone.

Por fim, depois de uma surpreendente ligação para a sua casa, o romance começa a acontecer. Nas falas de Adriane, a descrição dos momentos juntos ganha certo tons moralistas, como quando ela destaca que falou para o piloto que não dormiria com ele de cara, pois não fazia esse tipo de coisa. Parece um esforço até compreensível, ainda que passível de indignação, de afastá-la do papel de mulher aproveitadora ou fácil, conforme a imprensa a rotulou.

Meu Ayrton por Adriane Galisteu soa como uma “vingança elegante” de uma mulher que foi achicalhada publicamente por um país machista e depois deu a volta por cima.

O resto é uma história pincelada pela arrogância dos poder dos que têm acesso a tudo: Ayrton a levou para o seu fabuloso mundo, com direito a viagens para a Europa para acompanhá-lo nos campeonatos. Ao informar o namorado de que não poderia deixar de trabalhar, pois sua família precisava do seu dinheiro, Adriane passa a receber uma mesada mensal.

O que soava como sonho em 1993 e 1994 parece questionável em 2025. Adriane Galisteu, contudo, consegue mergulhar no passado e contar para as câmeras de João Wainer a própria história segundo a lógica que circulava naquela época. Embora fique claro de que sempre foi uma batalhadora, bastante articulada e independente (talvez até por isso tenha encantado um homem que tinha tudo), Adriane topa embarcar naquele mundo. Ela replica o seu deslumbre ao dizer, por exemplo, o quanto ficou apaixonada por Braga e por sua esposa, Luiza Braga, que tratavam Senna – e ela, por consequência – como filho. Ambos eram milionários que pareciam dedicar seu tempo (e dinheiro) a estimular a Fórmula 1.

Senna e Galisteu: um romance na mira da revista ‘Caras’. Imagem: Reprodução.

Nessa narrativa (provavelmente a única em torno do piloto que não é controlada pela família Senna), os vilões são os parentes do piloto. De acordo com os depoimentos, eles foram capazes de fazer coisas terríveis para a namorada do automobilista, incluindo crueldades como criar hierarquias no enterro de Ayrton, deixando Adriane afastada do caixão sem poder se despedir (Xuxa, por outro lado, ganhou uma pulseirinha VIP) e gravar as ligações telefônicas na casa do corredor para armar uma situação em que ele finalmente terminasse com a namorada.

Mas a boa sacada de Meu Ayrton, por Adriane Galisteu é que as histórias mais lamentáveis são contadas não por Galisteu, mas por pessoas que, segundo consta, eram todas muito próximas a Senna. Entre elas estão, além de Luiza Braga e Gordinho, a ex-assessora de imprensa do piloto, Betise Assumpção, o ex-piloto Emerson Fittipaldi, o jornalista Roberto Cabrini, e os profissionais da revista Caras que retrataram o romance dos dois nas capas da publicação e depois se encarregaram do lançamento de Caminho das Borboletas, livro que a modelo lançou que contava sua história de amor (as piores partes da série, sem dúvida, são os momentos constrangedores em que a apresentadora de A Fazenda lê trechos da obra).

Para muitos fãs de Ayrton Senna, talvez a série pareça um acinte. Mas para quem se interessa por essa trama midiática, Meu Ayrton, por Adriane Galisteu soa como uma “vingança elegante” de uma mulher que foi achincalhada publicamente por um país machista e depois deu a volta por cima, construindo uma vida em seus próprios termos. Vale conferir.

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Tags: Adriane GalisteuAyrton SennaHBO MaxMeu Ayrton por Adriane GalisteuSérie Documental

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