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‘O Mundo Segundo os Brasileiros’: a reinvenção das nações segundo os brasileiros

'O Mundo Segundo os Brasileiros', veiculado pela Band, foge dos clichês dos programas turísticos a partir de uma sacada simples.

porMaura Martins
23 de novembro de 2015
em Televisão
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'O Mundo Segundo os Brasileiros': a reinvenção das nações segundo os brasileiros

Imagem: Reprodução.

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O que significa, afinal, fazer parte de um país? Ao definir o que seria uma nação, o cientista político Benedict Anderson propõe o conceito de comunidade imaginada. Em simples linhas, para Anderson, sentir-se parte de um país é algo que provém, em certa medida, de um sentimento imaginado coletivamente, uma espécie de fantasia. De alguma forma, o fato de termos nos unificado perante o sentimento de fazer parte do mesmo local é o que permitiu que muitas nações se formassem, por meio de um processo de aniquilação das diferenças culturais. Uma das grandes sacadas do programa O Mundo Segundo os Brasileiros, veiculado pela Band e disponível no catálogo da Netflix (2ª e 3ª temporadas), é levantar – mesmo que de forma quase imperceptível – a questão do pertencimento a algum local.

Antigamente reconhecida como uma emissora especializada em esportes, a Band tem despontado com programas de destaque entre as grandes redes. O sucesso estrondoso do MasterChef Brasil este ano é um sintoma do aprimoramento de sua produção – e, é claro, de um bom “faro” para saber quais franquias midiáticas adquirir e adaptar à emissora – e de uma boa sintonia com as demandas do público da TV aberta.

Uma das pérolas da emissora da família Saad é o híbrido O Mundo Segundo os Brasileiros, que se situa entre o programa jornalístico, o reality show e o documentário. Programas de viagens, como sabemos, são um formato bastante explorado pelas emissoras, e costumam fazer sucesso por misturar doses de fascínio, deslumbre e de idealização quanto ao trabalho jornalístico (afinal, muitos sonham em seguir a profissão para conhecer o mundo todo, tal como a Glória Maria em Globo Repórter). Sempre embalado por lindíssimas imagens feitas pelas mais modernas câmeras, tais programas também costumam corroborar à ideia mitificada do contato com a “natureza intocada” e de um certo resgate das raízes, o que certamente tem forte consonância com um discurso recorrente hoje na cultura (veja análise aqui).

Antigamente reconhecida como uma emissora especializada em esportes, a Band tem despontado com programas de destaque entre as grandes redes.

Versão nacional de um programa intitulado Clase Turista: El Mundo Según los Argentinos (produzido pela Eyeworks, produtora resultante da fusão com a Cuatro Cabezas, da qual a Band comprou o formato do CQC), O Mundo Segundo os Brasileiros se destaca justamente por conseguir ir além do formato algo repetitivo do programa de turismo. A sacada do formato é simples mas perspicaz: ao invés de ser protagonizado por um jornalista, que emprestaria ao local um olhar estranho, turístico (no sentido negativo do termo), O Mundo Segundo os Brasileiros é narrado sob o olhar de um nativo do Brasil que habita uma outra região do mundo. Ou seja, a visão sobre a cidade enfocada é limítrofe: situa-se entre a do estrangeiro, o brasileiro que se insere na cultura do outro, e a do indivíduo já adaptado ao outro espaço e à outra identidade.

Nação como espaço de tensão

Ou seja, o programa habita um espaço que é de tensão: entre nascer em um país e adotá-lo como seu; entre falar sobre a cultura do outro e o risco sempre presente de observá-la pelo “filtro” da sua; entre render-se ou não à mitologia que cerca algumas culturas; entre a tentação de ver o resto do globo como um mundo melhor para se viver ou aproveitar a experiência de forma propositiva, trazendo uma leitura “estrangeira”. Afinal, é bom destacar, há coisas que só se desnudam por meio do olhar do turista que, tal como um antropólogo, enxerga algo onde, pela mirada dos nativos, só havia normalidade, hábito, ou onde simplesmente nada acontecia.

Com cerca de uma hora de duração, os episódios são longos passeios em diferentes cidades do mundo na companhia de brasileiros que, por razões diversas, largaram sua nação de origem para assentar-se em outras terras. As cidades enfocadas vão desde regiões preferidas pelos brasileiros em suas rotas turísticas (como Miami, Buenos Aires, Londres, Nova York) quanto lugares menos desbravados pela mídia (como Luanda, Bogotá, Maputo e Medellín). Ao fugir do foco do turista, o programa ganha ao perder um certo ar de “excursão turística da CVC” e preferir – ao menos na maioria dos episódios – revelar aspectos menos conhecidos dos locais.

Há ainda uma última questão, um tanto delicada, que o programa sutilmente levanta. No encerramento dos episódios, há uma pergunta recorrente aos participantes brasileiros, que é se eles sentem falta de seu país de origem. Interessante observar que, ainda que levantem diversos fatores (como saudade da família, do calor, da comida, etc.), pouquíssimos manifestam explicitamente o desejo de retornar ao Brasil. Em um momento delicado do país, em que muito se discute sobre fronteiras, imigrações e emigrações, é importante que haja um olhar menos ideologizado ao conceito da nação (sobre ser o melhor/ pior país do mundo, “abençoado por Deus e bonito por natureza”, pois “Deus é brasileiro”, entre outras frases já consolidadas no nosso imaginário) e se entenda, afinal, que quem faz o país são as pessoas que o habitam, e não necessariamente as que nele nasceram.

O programa O Mundo Segundo os Brasileiros vai ao ar nas sextas-feira, às 23h30, e está disponível no Netflix (2ª e 3ª temporadas).

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