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Home Crônicas Henrique Fendrich

Aqueles que andam a pé

porHenrique Fendrich
16 de março de 2016
em Henrique Fendrich
A A
"Aqueles que andam a pé", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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O pedestre é, antes de tudo, um forte. Não é qualquer um que, em plena era do automóvel, resolve andar por aí a pé mesmo, ou naquilo que a minha mãe chama de “expresso canelinha”. Terá que enfrentar não apenas as longas distâncias, mas calçadas em geral mal cuidadas e toda uma infraestrutura urbana que não vê no pedestre mais do que um incômodo. A coisa se torna ainda pior quando o pedestre resolve ser pedestre em Brasília, cidade que, como é sabido, foi planejada especialmente para tornar a vida do pedestre um inferno. Até por isso, não são muitos por aqui que se arriscam a usar as pernas para caminhar, e deve haver até mesmo aqueles que já se esqueceram de como se faz isso. Dizer que vai a pé de um lugar ao outro é uma excentricidade tão grande como se dissesse que irá voando. Vou dar um exemplo.

Um dia desses, precisei acompanhar uma reunião em um hotel que fica na mesma rua em que trabalho, só uns 500 metros adiante. Pois me deram um voucher para ir de táxi. Primeiro eu achei que era gozação, aquilo não podia ser verdade. Era. Era a verdade de uma cidade em que não se anda a pé. De curiosidade, fui olhar no Google Maps o tempo que levaria de carro até lá: 2 minutos. E só leva tudo isso porque o carro não poderia andar em linha reta, como o pedestre. Pombas, em dois minutos eu mal tenho tempo de entrar no carro e dizer para onde eu quero ir. Nós chegaríamos ao destino e eu ainda estaria preenchendo o voucher. O taxista também não iria gostar nada de uma corrida dessas. Fui a pé, é claro.

E levei bem menos que os 9 minutos que o Google disse que um pedestre levaria. O Google nada sabe sobre a minha forma de caminhar. Caminho rápido, sou ansioso, desejo chegar ao destino sempre mais rápido do que as minhas pernas são capazes de me levar. Admito, não sem vergonha, que chego a atravessar pela direita alguns pedestres mais vagarosos. Mas seja dito a meu favor que, em situações de cruzamento, eu sempre cedo a preferência. Às vezes vem uma pessoa na minha direção, eu vou para a esquerda, ela também vai, eu mudo para a direita, ela também muda, e a gente fica dançando um na frente do outro, até que finalmente conseguimos seguir adiante.  Mas sou um bom pedestre. Não sou como aqueles que só faltam passar por cima da gente – há pedestres que bem mereciam passar por umas aulas de caminhada defensiva.

Há pedestres que bem mereciam passar por umas aulas de caminhada defensiva.

Em geral, eu não reclamo de ter que caminhar. Só acho um pouco ruim quando volto do mercado carregado de sacolas. E quando chove. Andar a pé em Brasília já é difícil, mas andar a pé em Brasília na chuva é uma prova de que, se forçado, o ser humano é capaz de feitos inimagináveis. Porque aí não tem guarda-chuva que resolva, as calçadas, que ainda são do tempo do JK, se transformam em pura piscina e você tem a sensação de que está atravessando o Mar Vermelho antes dele ser dividido. E pior, às vezes chove justamente quando você está voltando do mercado carregado de sacolas. Nessas horas, eu faria de bom grado uma prece ao santo protetor dos pedestres, mas sabe do melhor? Não tem. Tem santo que protege os motoristas, mas não tem santo que protege os pedestres. E é por isso que alguém sempre espirrará lama em você.

Tags: andarandar a pécaminharCrônicapedestres

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