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Home Crônicas Henrique Fendrich

De como eu quase matei uma vaca

porHenrique Fendrich
3 de agosto de 2016
em Henrique Fendrich
A A
"De como eu quase matei uma vaca", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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Algum dia você já teve a oportunidade de ver uma vaca correndo enlouquecida na sua direção? Garanto que não é nem um pouco agradável. Eu havia pulado a cerca para explorar o terreno ao lado da casa da minha vó, mas nem me ocorreu que aquilo pudesse chamar a atenção de umas pobres vaquinhas que pastavam do lado de lá. Não demorou muito até que uma me avistasse e começasse a correr para cima de mim. E corria mesmo, poderia passar até por um cavalo trotando. Minha avó conhecia aquela vaca, sabia que ela era mansinha e tal, mas era bem difícil acreditar nisso enquanto ela se aproximava furiosamente. Compreendi então que ela havia vindo se vingar. Não a si mesma, mas a toda a sua espécie. De algum modo ela havia descoberto que um dia eu quase matei uma vaca.

Compreendi então que ela havia vindo se vingar. Não a si mesma, mas a toda a sua espécie. De algum modo ela havia descoberto que um dia eu quase matei uma vaca.

Foi isso há muito tempo, eu tinha 13 anos e fazia catequese nos sábados à tarde. Um dia decidimos dar um passeio até um morro de onde se podia ver toda a cidade. Mas a gente era um bando de moleque que aproveitava o passeio apenas para fazer bagunça. Lá de cima, paramos para observar a cidade que se estendia ao longe. Devia ser muito bonito, só que não era engraçado, e a gente estava naquela fase da vida em que nossa maior preocupação é fazer graça para os amigos. Deve ter sido por isso que eu observei um paralelepípedo solto na beira da estrada. Era um daqueles paralelepípedos grandes, em forma de hexágono, e estava lá, soltinho, a espera da minha juventude.

Aproximei-me dele, ergui uma das pontas com o meu tênis e dei um impulso na direção da cerca que nos separava de um grande pasto que se abria morro abaixo. Meu objetivo era somente atingir a cerca, com isso eu já conseguiria afirmar a minha masculinidade, mas o diabo é que o negócio passou pela cerca, ficou em pé e começou a rolar morro abaixo com velocidade impressionante. Como se fosse um míssil teleguiado, o paralelepípedo fez uma curva à esquerda e entrou em rota de colisão com a vaca que, muito burra, pastava distraidamente por ali. Os catequizandos prenderam a respiração e aguardaram pelo trágico desfecho que se anunciava. Mas então, no último momento, a vaca deu um salto para trás, escapando assim de virar churrasco, e o paralelepípedo foi parar mais adiante.

Respirei aliviado, porque eu jamais me perdoaria pela morte daquela vaca, pedi perdão a Deus, confessei meus pecados ao padre, e achei que tudo havia ficado por isso mesmo, tanto que nem me lembrava mais disso. Faltava, no entanto, acertar as contas com a vaca, e ao ver uma delas correndo na minha direção eu não tive dúvidas de que o momento havia chegado. Mantive a calma, pelo menos a calma que se pode manter quando mais de 700 quilos ameaçam se chocar contra você, esperei que a vaca estivesse mais perto e dei um drible nela – vem daí a expressão “drible da vaca”. E voltei correndo para o lado da minha vó, que insistia em dizer que a vaca era mansa e estava atrás apenas do cachorro que me acompanhava.

Em todo caso, fiquei com a impressão de que, ao contrário do que eu pensava, nem é tão mais vantagem assim ter uma vaca em casa do que comprar leite no supermercado.

Tags: Crônicavaca

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