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Quando as máquinas param

porBruno Zambelli
27 de abril de 2017
em Teatro
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A ficção poucas vezes consegue superar a realidade. Aquele ser inanimado, estático no palco, nunca surpreende a ponto de tornar-se mais imprevisível do que qualquer humano desprezível que esteja ao lado. Somos imbatíveis no quesito insensatez.

De todos aqueles que souberam recriar o mundo na arte, adulando a moça realidade, poucos foram tão fantásticos, e tão verdadeiros, quanto o nosso bendito maldito Plínio Marcos. O rei das noites sujas que, mesmo perdido, reconheceu a luz obscura de um abajur lilás; um homem de unhas longas, sujas, de cabelos desgarrados e negros, feito o horizonte que nos aguarda, redescobriu esse país perdido no seu próprio mapa. Tratamos de um curandeiro da sarjeta. Uma espécie de santo da gente esquecida. Um desbravador de nossa própria miséria. Plínio foi força guerreira, da treta, das madrugadas inacabadas e dos sonhos estraçalhados. Na época podre em que vivemos, é obrigação de todos nós batermos cabeça a Plínio Marcos! E quando as máquinas param? A saída é um murro seco, que se levanta contra o nada e mira o infinito.

Em Quando as Máquinas Param, peça em cinco quadros desse querido, o tema é um Brasil antigo. Um Brasil que, a cada dia que passa, torna-se mais presente. Nas decisões extravagantes desse presidente desgovernante, na estupidez acachapante desses ratos podres que nos cercam, no riso incurável desses bandidos engravatados a peça resiste. Resiste baseada nos fatos. Nina e Zé sofrem de uma vida doída. Essa vida rasteira, brasileira, que nos agita e maltrata. Os protagonistas sofrem dessa mania em existir que nos mata. Destroem-se pelo Brasil.

O espetáculo conta a história desse casal, Nina e Zé, que poderiam ser Marias e Oswaldos, Mários e Tarsilas, ou qualquer casal que se encontre diante do ardor da vida. Reféns da impossibilidade, sufocados pelo dia-a-dia, os protagonistas dessa história resistem. Resistem por pura teimosia. Resistem apesar de saberem que rebentaram para a desgraça, e que por mais que tentem acabarão arrebentados pelo mundo que nos oprime.

O espetáculo conta a história desse casal, Nina e Zé, que poderiam ser Marias e Oswaldos, Mários e Tarsilas, ou qualquer casal que se encontre diante do ardor da vida.

Zé, mais um desempregado, tem em sua esposa, Nina, seu porto seguro. Aquela ilha seca que nos guarda da tempestade. Aquela moça de sorriso aberto, que nos espera com a certeza do sucesso, mesmo que a vida nos guarde o fracasso. E Zé é um bom moço. Desses que lutam e que roem o osso desejando o filé da vida. Que não se conformam, mas creem que a saída é a busca por um futuro melhor. Ambos sobrevivem. Sobrevivem como se o amanhã guardasse apenas a possibilidade de se estar vivo. Como se só fosse possível respirar, sem pagar, diante do mundo. Escravos da submissão, transtornados pela imposição monetária de um mundo amordaçado por dólares, existem entre o jogo do timão e a novela da vez, ou das dez. São brasileiros livres, até o momento em que defrontam a vontade do maldito burguês. Aquele que cobra o aluguel, que comanda a régua da vendinha e que acumula votos na porcaria dessa democracia falsa que nos engana e alucina. Tudo fictício?

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Tal qual na peça de Plínio, hoje os sindicatos correm o risco de serem destruídos. Devorados por homens que comem cédulas, destruídos por homens de negócios, que comem leis e cagam regras, eles estão como nós: submetidos a todos esses decretos que nos dilaceram. Só a escrita de Plínio nos salva!

Andamos cansados de repúdios, de canções, de atos. Andamos destroçados pelo tempo, carcomidos pela raiva e cegos pelo destempero. Seguimos nos entupindo de ansiolíticos, sustentando traficantes, bebendo até o que não conhecemos. Somos seres insignificantes na noite da vida. Sem paciência e sem futuro, com uma navalha na garganta, não passamos de seres despedaçados. Mesmo quando sorrimos, esse sorriso forçado e enferrujado é um pedido de socorro. Estamos cansados de roubar e de mentir, cobertos de pecados e impossibilidades, nos escondendo pelos cantos. Alternamos os passos e somos ora loucos e ora covardes, esquecidos de tão roucos e desesperados por sermos tão poucos.

Plínio Marcos, pai dos transtornados, salve-nos desse modorrento mundo dos coitados! É agora ou nunca. É hoje ou nada. Dá-nos um murro, desses condenáveis, que arrebentam a vida mas nos legam a eternidade.

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Tags: Crítica TeatralPlinio MarcosQuando as Máquinas ParamTeatro

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