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O melhor intérprete de Belchior sempre foi ele mesmo

A voz e o jeito de cantar de Belchior sempre foram traços marcantes da personalidade musical do cearense, elementos indissociáveis de suas composições.

porRômulo Candal
4 de maio de 2017
em Música
A A
Belchior cantando com seu marcante timbre e violão

A voz e o jeito de cantar sempre foram traços marcantes da personalidade musical do cearense. Imagem: Paulo Salomão/Dedoc.

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Quem nasceu do final dos anos 80 pra cá não teve a oportunidade de acompanhar em tempo real o surgimento de grandes sucessos de Belchior, esse artista gigante que nos deixou no último domingo, 30 de abril. O pessoal da minha época, portanto, conheceu Belchior por tabela, através das interpretações de outros artistas.

Sou de uma geração que ouviu muito Mamonas Assassinas na infância, início da adolescência. Lembro de ter ouvido o nome Belchior pela primeira vez ao mostrar para meu pai a voz engraçada que o Dinho, vocalista dos Mamonas, fazia em certo trecho de “Uma Arlinda Mulher”. “Ele tá imitando o Belchior”, me explicou o pai, e eu fiquei me perguntando quem seria esse homem misterioso, com um jeito de cantar tão esquisito quanto o nome que carregava.

Provavelmente alguns anos depois, Belchior recebeu pra mim a marca de “compositor da Elis”, a cantora preferida de minha mãe. Ganhava força o interesse pela música brasileira, e era impressionante pensar que “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida” tinham sido compostas pelo mesmo homem – duas canções muito fortes e particulares demais, que posteriormente me interessariam mais pelas letras poderosas, de métrica exótica, do que pela interpretação pungente de Elis Regina em si.

Depois disso, grande parte de minha geração passou por um período Los Hermanos, em que os jovens consumiam com avidez tudo que a banda fazia ou lançava. Durante alguns dos bons anos da MTV Brasil, a emissora veiculava o Luau MTV, programa que levava artistas para tocar em algum cenário paradisíaco qualquer do Brasil, e calhou de, em 2002, o grupo de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante ser um dos convidados. Lá pro fim da atração, a VJ Sarah Oliveira anuncia: “Agora vai ter Belchior aqui, com o Los Hermanos”. Camelo aproveita pra mandar um salve para o compositor, em forma de abraço, e emenda explicando que “A gente não se conhece, mas a gente gosta muito desse disco seu”, para, em seguida, fazer boa parte de seu público ouvir “A Palo Seco” pela primeira vez.

Ganhava força o interesse pela música brasileira, e era impressionante pensar que ‘Como Nossos Pais’ e ‘Velha Roupa Colorida’ tinham sido compostas pelo mesmo homem.

Já em 2014, o site de cultura pop Scream & Yell realizou um projeto em tributo à obra de Belchior. Ainda Somos os Mesmos trouxe vários artistas da cena atual para reinterpretar canções da era de ouro do compositor – especialmente do disco/obra-prima Alucinação, de 1976. Com destaque para versões bastante inspiradas, como a do paulista Phillip Long, fazendo uma versão intimista de “Como Nossos Pais”; Lemoskine, o caminho solo de Rodrigo Lemos (ex-Poléxia e A Banda Mais Bonita da Cidade), com uma interpretação meio orgânica, meio eletrônica e toda elegante de “Não Leve Flores”; e os mineiros da Transmissor, fazendo uma releitura honestíssima e quase lo-fi de “Fotografia 3×4”, o trabalho se propôs a apresentar a fatia mais relevante da carreira de Belchior aos não-iniciados. Deu certo.

Foi somente depois dessa época que tomei vergonha na cara e fui tratar de conhecer e pesquisar de fato a obra de Belchior – e lembro até hoje do impacto que foi a experiência de colocar o Alucinação para tocar, de cabo a rabo, pela primeira vez. Da abertura, com o jeito fanho de cantar chutando a porta de cara em “Apenas Um Rapaz Latino Americano”, até a faixa que fecha o disco, “Antes do Fim”, o álbum é com certeza uma das coisas mais importantes já produzidas na música brasileira.

Alucinação oferece quase todos os sucessos compostos por esse cearense, e funciona quase como uma coletânea – ali estão “A Palo Seco”, “Como Nossos Pais”, “Velha Roupa Colorida”, a faixa título, “Alucinação”… Se o resto da carreira de Belchior é menos relevante, pouco importa: um artista que gera uma obra desse nível merece reconhecimento para sempre.

Hoje em dia, pode causar estranheza pensar que uma combinação tão peculiar de poesia, forte sotaque nordestino, métrica ousada e voz anasalada pode ter sido sucesso radiofônico no Brasil, mas esse tempo existiu. Especialmente pela interpretação – ligue seu rádio ou TV, ou coloque para tocar uma playlist de novidades no Spotify e repare se alguém tem um timbre tão diferente quanto tinha Belchior. Ou se alguém, a exemplo dele, tem a liberdade de diminuir ou aumentar o tempo das sílabas a bel-prazer, fazendo a melodia fugir tanto do tradicional quanto possível.

E olhando em retrospecto, ainda que muita gente de talento incontestável já tenha gravado e homenageado Belchior, fica uma ponta de inveja daqueles que puderam acompanhar o lançamento desse álbum ou assistido a um show dele na época: a emoção despejada pelo compositor em cada uma das dez faixas deixa claro o fato de que o melhor intérprete de Belchior sempre foi o cantor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes – vulgo ele próprio.

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