O musical Os Saltimbancos faz parte de doces lembranças da minha infância e adolescência. A obra, adaptada do original italiano I Musicanti, de Sergio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov, chegou ao Brasil em 1977 pelas mãos do mestre Chico Buarque, que trouxe novas canções e uma leitura bem brasileira da fábula inspirada no conto Os Músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm.
Com forte teor social e político, o musical marcou gerações. Quem não lembra do álbum com as participações de Miúcha (a Galinha) e Nara Leão (a Gata), além de Magro (o Jumento) e Ruy (o Cachorro), ambos na época do MPB4?
O êxito do trabalho levou o projeto também aos cinemas, em 1981, com o quarteto Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias: Os Saltimbancos Trapalhões, uma das maiores bilheterias da história da sétima arte no país.
No 40.º aniversário desta obra-prima, foi lançado em janeiro Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood. O filme, que reúne mais uma vez Renato e Dedé, tem direito, inclusive, a uma música inédita de Chico Buarque – “Amor Natural”.
Além dos eternos trapalhões, o longa-metragem, dirigido por João Daniel Tikhomiroff, conta com as participações de Letícia Colin, Alinne Moraes, Rafael Vitti, Roberto Guilherme, Marcos Frota, Emílio Dantas, Maria Clara Gueiros, Livian Aragão e Dan Stulbach. Há algumas mudanças no enredo, mas, em linhas gerais, a trama mantém os mesmos ingredientes do clássico.
O que mais me encanta nessa obra? Com certeza, é o convite à superação. Em ‘Os Saltimbancos’, somos estimulados a pensar no nosso próprio cotidiano e na diferença que faz o trabalho em equipe, a união e o respeito ao outro. Provoca, diverte, emociona e traz esperança.
Infelizmente, Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood chegou a pouquíssimas salas de exibição. Na Região Sul, por exemplo, nem foi lançado. A produção, distribuída pela Downtown Filmes, provavelmente perdeu espaço por conta do êxito surpreendente de Minha Mãe é uma Peça 2. Para quem não teve a oportunidade de conferir a produção, que presta uma homenagem a Mussum e Zacarias, além de trazer novamente à telona Didi e Dedé, o longa já está disponível no NOW, serviço de vídeo sob demanda da NET.
Além do filme, Os Saltimbancos foi relançado pela editora Autêntica, que também trouxe às prateleiras outro título de Chico Buarque para as crianças: Chapeuzinho Amarelo. As duas publicações têm ilustrações de Ziraldo.
Memória
Em 2014, fui ao Rio de Janeiro para conferir a chegada de Os Saltimbancos Trapalhões aos palcos. O musical, concebido pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, foi uma homenagem às mais de cinco décadas de carreira de Renato Aragão, que comemorou seu 8o.º aniversário fazendo teatro pela primeira vez.
Foi impossível conter as lágrimas. Reviver o clássico, as canções e acompanhar a emoção em cena de Renato e Dedé, parceiros também nessa empreitada, trouxe inúmeras memórias afetivas e fez aumentar ainda mais o carinho por esse projeto.
Tive a honra de apresentar Os Saltimbancos para gerações através de oficinas dedicadas ao audiovisual. Em 2012, com a Cia. Regina Vogue, pude comemorar o 35.º aniversário do musical no teatro. Inesquecível.
O que mais me encanta nessa obra? Com certeza, é o convite à superação. Em Os Saltimbancos, somos estimulados a pensar no nosso próprio cotidiano e na diferença que faz o trabalho em equipe, a união e o respeito ao outro. Provoca, diverte, emociona e traz esperança.
Em tempo: ainda este ano, a Rede Globo deve lançar o especial Os Trapalhões. A exemplo de Escolinha do Professor Raimundo, a ideia do programa é homenagear a trajetória do quarteto, que encantou gerações de brasileiros. Lucas Veloso, Bruno Gissoni, Mumuzinho e Gui Santana vão interpretar, respectivamente, personagens que lembram Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Nego do Borel entra em cena para reviver Tião Macalé, que imortalizou o bordão “Ih, nojento!”. Renato Aragão e Dedé Santana estão confirmados na atração.