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Home Crônicas Henrique Fendrich

O cadeirante dentro do ônibus

porHenrique Fendrich
31 de maio de 2017
em Henrique Fendrich
A A
"O cadeirante dentro do ônibus", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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Era o final da tarde e mais um dia havia chegado ao fim. Agora era voltar para casa, voltar para casa e dar um jeito de esquecer que no dia seguinte começava tudo de novo. Era pegar o primeiro ônibus que aparecesse, era não perder tempo, aproveitar ao máximo as poucas horas que dedicamos às nossas próprias vidas. O problema era que não havíamos combinado com o motorista do ônibus. Já havia dado a hora de sair, mas o ônibus continuava parado no terminal, os motoristas lá fora, conversando… Até que resolveram entrar, ligar o motor, e a gente pensou que finalmente iria para casa, mas foi justamente aí que quis entrar um homem em uma cadeira de rodas.

O cobrador olhou para o motorista, o motorista olhou para o cobrador e falou: “Vai você”. E o cobrador foi. Hoje em dia, quase todo ônibus tem aquele elevador de fazer subir cadeirante. Hoje em dia, quase todo ônibus tem um elevador de fazer subir cadeirante que não funciona. E não deu outra: o cobrador colocou o cadeirante em cima, ligou a maquininha e o negócio travou no meio do caminho. O cadeirante ficou lá, suspenso no ar. Desceram então o cadeirante, tentaram reiniciar a engenhoca, mas ela nem saiu do lugar. Não daria nem para fechar a porta com o elevador daquele jeito. Que mancada! Era preciso dar um jeito de colocar o cadeirante dentro do ônibus e era preciso dar um jeito de descer aquele elevador, do contrário aquele ônibus nem sairia do terminal.

Hoje em dia, quase todo ônibus tem aquele elevador de fazer subir cadeirante. Hoje em dia, quase todo ônibus tem um elevador de fazer subir cadeirante que não funciona.

O cobrador tentou duas, tentou três vezes e nada. O tempo ia passando, o ônibus já estava bastante atrasado e alguns passageiros, que até então nem haviam percebido o drama que se desenrolava na porta de trás do ônibus, começaram a ficar inquietos. Lançaram ao fundo do ônibus olhares cheios de rancor que pareciam dizer: “Como é que é? Resolvam logo isso daí que eu estou com pressa!”. E estávamos, pois, todos com pressa, queríamos muito chegar em casa, era só o que faltava perder o nosso momento de descanso, que já é pouco, por conta daquele elevador para subir cadeirante. O curioso é que ninguém exprimia a sua revolta, víamos que ela existia, mas ficava só no pensamento, ninguém erguia a voz para reclamar. Estávamos visivelmente insatisfeitos com a demora, mas não ousávamos lançar nenhuma palavra na direção do cadeirante. Acaso intuíamos que estaríamos sendo injustos e desumanos? Não se sabe, mas era nesta frágil autocensura que se concentrava todo o equilíbrio do mundo.

Até que alguns passageiros se dispuseram a erguer o cadeirante no muque mesmo, colocar o cadeirante na marra dentro do ônibus. Não é possível medir o quanto havia de solidariedade e o quanto havia de pressa nesse gesto, mas o fato é que o cadeirante foi, realmente, colocado dentro do ônibus. Isso resolvia o problema do cadeirante, mas não o do ônibus, que continuava com uma parte do elevador para fora da porta. Tentou-se, tentou-se muito ainda, mas não havia jeito de arrumar aquela coisa. Veio então a novidade: teríamos que trocar de ônibus! Descemos todos, e lá foram os caras forçudos erguer de novo o cadeirante, colocar outra vez no chão o cadeirante. Eu só espero é que ele tenha uma boa auto-estima!

Tags: cadeiranteCrônicaonibus

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