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‘4:44’ é um álbum tanto de JAY-Z quanto de Shawn Carter

porRômulo Candal
13 de julho de 2017
em Música
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O JAY-Z que o mundo conheceu e aprendeu a amar é um megalomaníaco crônico. Objetivando dominar o planeta Terra, o nova-iorquino Shawn Carter criou um personagem que se alimenta de autoafirmação e confiança – forte e infalível, um business man inatingível. Mas em seu 4:44, o rapper se despe do figurino, tira a máscara e mostra um lado desconhecido: uma entidade vulnerável, introspectiva e mais humana do que nunca.

Durante toda a audição, passa a sensação de ser uma autobiografia musicada da interseção entre Shawn Carter e JAY-Z. São 10 faixas que repassam momentos importantes da vida de criador e criatura, que se confundem em vários momentos do álbum. A monumental faixa de abertura, “Kill Jay Z”, por exemplo, é toda narrada em terceira pessoa, como se Carter estivesse analisando e duvidando da persona JAY-Z e relembrando vários dos equívocos cometidos no passado – da vez em que levou uns tapas de Solange, irmã de sua esposa Beyoncé, até a história maluca de quando esfaqueou Lance ‘Un’ Rivera em uma festa do rapper Q-Tip (é mole?).

JAY-Z faz de tudo em 4:44: mexe em feridas conjugais, quando fala abertamente sobre o caso de traição que ficou famoso graças às letras de Lemonade, álbum lançado no ano passado por Beyoncé, e comenta sobre como isso poderia ter estragado toda a relação da família que criou, pois o afastaria da esposa e da filha que tanto ama.

A faixa-título, desde a primeira frase, é um pedido de desculpas: “Look, I apologize, often womanize / Took my child to be born / To see through a woman’s eyes” (“Veja, peço desculpas, frequentemente sendo mulherengo / Foi preciso que nascesse minha criança / Para que eu visse através dos olhos de uma mulher”). Ele pede desculpas mais seis vezes durante a canção, o que deixa claro que esse é um tema recorrente e espinhoso na vida do casal.

O conturbado casal JAY-Z e Beyoncé
O conturbado casal JAY-Z e Beyoncé. Foto: Lester Cohen/WireImage.

Tem espaço pra muito assunto em 4:44. Com duração de pouco mais de 36 minutos, o lançamento é um disco cheio de mea-culpa, de arrependimentos e de expurgo de questões do passado.

Shawn Carter cutuca também questões complicadas de sua família de origem, quando revela ao mundo que sua mãe, Gloria Carter, é lésbica e teve que esconder sua orientação sexual por temer represálias em uma sociedade intolerante em relação à diversidade. A faixa “Smile”, que trata do tema, fala sobre como JAY-Z ficou feliz quando viu sua mãe amando, não importando se era “um ‘ele’ ou uma ‘ela’”, e sobre como ele “só quer vê-la sorrindo em meio a todo o ódio”. “Smile” termina ainda com um emocionante depoimento da própria Gloria, que relata todos os anos “vivendo na sombra” e recomenda: “ame quem você ama, porque a vida não tem garantias”.

Tem espaço pra muito assunto em 4:44. Com duração de pouco mais de 36 minutos, o lançamento é um disco cheio de mea-culpa, de arrependimentos e de expurgo de questões do passado. Mas é, sobretudo, um registro de reflexão, onde JAY-Z celebra as alegrias da vida, relembra o caminho até o topo e não foge de temas que o incomodam há tempos, como o racismo e as tretas com a indústria fonográfica tradicional.

JAY-Z não fica totalmente na defensiva, é claro. Como não poderia deixar de acontecer – para um MC que está no topo do jogo –, existe sim espaço para exaltar em suas rimas o feito de ser um negro bem-sucedido financeiramente. Em “Story of O.J.”, além de abordar a questão racial nos EUA, JAY-Z cita com orgulho seus investimentos em obras de arte e mostra um arrependimento tão sincero quanto ostensivo por não ter comprado por 2 milhões de dólares uma propriedade que hoje valeria em torno de 25 milhões.

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Musicalmente, 4:44 é belíssimo. No primeiro álbum da carreira de JAY-Z produzido integralmente por um só produtor – No I.D., que já trabalhou com vários dos grandes artistas do hip-hop gringo atual, de Drake a Kanye West e o próprio JAY-Z –, o disco é recheado de samples de soul, funk, rap antigo e reggae. Entre os sampleados, Stevie Wonder, Notorious B.I.G, Nina Simone… E, muito curiosamente, tem até sample de uma banda chamada Quarteto 1111, clássico lusitano da psicodelia.

O fato de apenas No I.D. ter trabalhado na produção do álbum (junto com JAY-Z) diz muito sobre o objetivo de soar mais intimista, menos grandiloquente – em Magna Carta, Holy Grail, o penúltimo álbum, lançado em 2013, mais de 15 produtores estão creditados na ficha técnica. A proposta funcionou: No I.D. conferiu a 4:44 um senso de unidade e uma estética que permeia todo o registro.

O produtor afirmou ter buscado referências em discos como o clássico antigo What’s Going On, de Marvin Gaye, e o clássico moderno My Beautiful Twisted Fantasy, de Kanye West. Essa mistura resultou em um disco de puro rap – menos exagerado e, consequentemente, mais cru. Os beats não tentam roubar o protagonismo em momento algum e acabam funcionando perfeitamente como uma cama para as rimas de JAY-Z.

Aliás, 4:44 nos apresenta um JAY-Z no auge de suas técnicas como MC. Menos agressivo e festeiro que no passado, JAY-Z parece ter adquirido uma posição confortável de rapper da velha escola, o que definitivamente não significa uma queda de qualidade. Pelo contrário: as rimas sagazes e os jogos de palavras intrincados ainda estão ali, mas agora a serviço de uma mensagem mais nobre e dos esforços de um homem mais velho tentando ser o mais sincero que consegue. Até quando está cutucando algum rapper, o novo JAY-Z é elegante, como demonstra o trocadilho usado no fim de “Kill Jay Z” – onde faz menção tanto ao futuro quanto à vida particular de Future, o famoso trapper de Atlanta. O disco traz algumas participações especiais, que não são muitas mas são certeiras, como Frank Ocean, Demian Marley e James Blake. Além dos três, participam as três mulheres da vida de Shawn Carter, a mãe Gloria Carter, a esposa Beyoncé e a filhinha Blue Ivy.

4:44 é muito diferente de tudo que JAY-Z já lançou até aqui. Um álbum contemplativo e autobiográfico, que mostra um lado mais verdadeiro de Shawn Carter, um homem de meia-idade, que chegou ao topo com seu alter ego e não precisa provar mais nada para a cena. É um trabalho reflexivo, que oferece pouquíssimos refrães pesados ou grudentos e nenhum hit em potencial, mas que é com certeza um dos melhores lançamentos de rap dos últimos tempos.

O décimo-terceiro disco de Shawn Carter é o melhor desde que ele desistiu da aposentadoria do rap – e definitivamente é o mais honesto da carreira de JAY-Z.

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Tags: 4:44BeyoncéCríticaCrítica MusicalJay ZlançamentoMúsicaRaprap americanoResenhaReviewShawn Carter

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