A artista Frida Kahlo dispensa introduções, certamente é uma das artistas de maior popularidade atual devido à sua expressiva produção e, principalmente, ao debate feminista, o qual é símbolo por sua obra e personalidade disruptiva. Não é à toa que o Google Arts & Culture criou asse incrível acervo online da artista, que traz mais de 800 peças como telas, rascunhos, artigos em profundidade, fotos e tours guiados (visite aqui).
Eu tive o privilégio de ter contato com obras físicas da Frida duas vezes. A primeira, em 2014, no MON (Curitiba), na exposição Frida Kahlo – as suas fotografias, que trazia registros feitos por fotógrafos do seu convívio e, em menor quantidade, fotografias feitas pela própria artista.
E dois anos depois, em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake, na exposição Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México, que, num caso raro e inédito no Brasil, trouxe 20 telas, além de desenhos, colagens e litografias da artista – juntamente a obras de outras mexicanas surrealistas.
As duas experiências foram emocionantes e únicas para mim e é claro que a experiência de ver as obras de Frida na web não se assemelha a fazê-lo ao vivo, mas o conteúdo reunido é capaz de causar reações e sentimentos genuínos a milhões de pessoas através apenas do acesso a internet.
O acervo online é rico e conta, inclusive, com raridades de obras nunca reproduzidas, como o desenho “Vista de Nova York”, feito em 1932 por Frida enquanto ela observava a vista da janela do Barbizon Plaza Hotel, o desenho pertencente a um colecionador.
O conteúdo reunido é capaz de causar reações e sentimentos genuínos a milhões de pessoas através apenas do acesso a internet.
A plataforma permite que cada usuário organize a sua própria visita guiada – por comentários escritos – aos museus: Frida Kahlo, Dolores Olmedo e Casa Ateliê de Diego Rivera e Frida Kahlo através do Street View.
Há também uma ampla gama de conteúdos escritos por especialistas na vida da artista sobre aspectos menos conhecidos de sua trajetória, como o editorial do historiador Alejandro Rosas, “Frida: Fusão da ‘Mexicanidade’ com o Socialismo”, sobre as influências da revolução mexicana no trabalho da artista (leia na íntegra aqui), a seção de cartas escritas por Frida para sua mãe ou o artigo “Explorando la relación de Frida Kahlo con su cuerpo”, que discute como a enfermidade da artista influenciou suas criações.
Das obras expostas, 20 podem ser vistas em alta definição, permitindo que o “visitante” dê um zoom para enxergar detalhes que passariam despercebidos a olho nu. Um exemplo é a obra “Auto-retrato dedicado a Leon Trotsky”, pintado em 1937 como um presente para Trotsky, após o breve caso que eles tiveram durante o exílio do líder revolucionário no México. Com o zoom é possível ler que a carta que o autorretrato segura diz: “Para Leon Trotsky, com todo o meu amor, dedico esta pintura em 7 de novembro de 1937. Frida Kahlo em San Ángel, México”.
Inserido nessa proposta, foi desenvolvido o projeto Frida e eu, que mostra a influência que a artista trouxe para importantes nomes da música e fotografia do século 21. A coletânea foi feita pela sobrinha-neta de Frida, Cristina Kahlo, o artista Alexa Meade e a cantora Ely Guerra, assista ao resultado:
Enfim, é possível passar horas e mais horas visitando esse imenso acervo e desvendando as peculiaridades inesgotáveis de Frida e o melhor, vale cada minuto.
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