• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Música

Ian Curtis: Uma vida em desordem

Há 35 anos Ian Curtis, vocalista do Joy Division, morria em sua casa, após se enforcar. A coluna "Vitrola" analise sua carreira e sua genialidade.

porKaty Mary
18 de maio de 2015
em Música
A A
Ian Curtis: Uma vida em desordem

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Quando Ian Curtis cometeu suicídio, em 18 de maio de 1980, eu tinha dez anos. Ainda brincava de boneca, lia gibis e dançava em frente ao espelho ao som da trilha sonora de Dancin‘ Days. Sete anos depois, o cenário do meu quarto era outro – revistas, cigarros e álbuns menos leves do que o das músicas tocadas nas novelas, incluindo Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980). Naquele momento eu faria a pergunta que todos fizeram em 1980: “Por que Ian Curtis se matou?”, ou parafraseando Tony Wilson (Granada TV/Factory Records/Haçienda), “Que filho da mãe estúpido”.

Todos que leram algo sobre a morte de Ian sabem que a resposta sobre por que ele tirou a vida veio de dois prováveis lados – da sensação de impotência, de não seguir em frente por conta da epilepsia e de uma encrenca chamada Annik Honoré x Deborah Curtis.

No livro de Deborah, Touching From a Distance (editora Ideal, 2014), há uma passagem em que ela narra que Ian dissera, pouco antes de morrer, a Rob Gretton, empresário do Joy Division, que iria para Macclesfield, longe do pai, assistir ao filme Stroszek, do Werner Herzog. A sinopse? A história de uma cara que preferiu se matar em vez de escolher entre duas mulheres.

É bem provável que alguém que cante “Guess your dreams always end / they don’t rise up Just descend / but I don’t care anymore / I’ve lost the Will to want more / I’m not afraid not at all” (“Insight”, 1979) não deva estar com boa coisa passando pela cabeça. Mas Deborah havia sido proibida de ver shows e ter acesso às letras de Ian. Também não sabia que o marido estava tendo vários ataques durante os shows. Ian queria assim. Porque Annik estava por perto. Triste, não? É por isso que eu sempre assumi um lado nessa história, sem medo de ser julgada – Houve sofrimento, dor, tristeza, mas também houve, me desculpem o termo, filhadaputice.

Mas se Deborah não podia estar com Ian e nem saber sobre o que escrevia, como os mais próximos não perceberam? Hook dizia que ‘Ian era um cara normal, feliz’. E quanto às letras, nenhum deles prestava atenção.

Em uma edição especial da revista inglesa Uncut (março de 2010 – no. 50) há um artigo de dez páginas em que Peter Hook, Bernard Summer e Stephen Morris abrem o jogo sobre fatos bem interessantes. Algo que fica evidente – a banda aturava Annik. Ian mudava quando estava com ela. Não era “o cara” da banda. Ficava um pouco mais arrogante, segundo Summer. Quando saíam para o pub, Ian e Annik não se sentavam com a banda, mas sim em outra mesa, no lado oposto. Como ela era vegetariana (por conta disso Ian também, a menos quando ela estava por perto), eles não poderiam ficar próximos de gente que consumia carne. The meat is murder.

Mas se Deborah não podia estar com Ian e nem saber sobre o que escrevia, como os mais próximos não perceberam? Hook dizia que “Ian era um cara normal, feliz”. E quanto às letras, nenhum deles prestava atenção. Enquanto cada um ficava em seu pedestal, como o baixista admite no artigo, Tony Wilson aconselhava Ian a ouvir Frank Sinatra e Martin Hennett viajava em sua fúria e genialidade. Até que, em abril de 1980, Ian teve uma overdose de medicamentos. O alarme soou, mas já era tarde. Um mês depois ele colocava em prática o que assinava em suas letras – “Just something that I knew I had to do” (“The Kill” / 1977).

Vini Reilly, do Durutti Column, era um bom amigo. Escreveu até uma música para Ian – “The Missing Boy”. Durante uma longa conversa pelo telefone, poucos dias antes da morte do cantor, Ian disse a Vini que as coisas não andavam bem. Ele também reclamou com Summer. Disse que estava dentro de um redemoinho do qual não conseguia sair. O pai de Tony diria à nora, Lindsay Reade: “esse rapaz vai se matar”. Mas quase sempre a gente não acredita. Talvez alguns que leiam aqui já possam ter passado por algo semelhante.

No documentário Joy Division (2007), dirigido por Grant Gee, um especialista em epilepsia analisa toda a medicação que Ian tomava e dispara: era garantido que ele se mataria. Isso deu certo alívio para todos ao redor. Mas ainda havia outra desgraça anunciada. A capa de Closer. Petter Saville, designer gráfico, cofundador da Factory Records e idealizador das capas dos álbuns do Joy Division, entrou em desespero. Na capa havia a foto de um túmulo, tirada pelo fotógrafo francês Bernard Pierre Wolff.

Peter havia levado, ainda durante as gravações de Closer, algumas fotos para a banda escolher. Todas eram de lápides de cemitérios na Itália. O artista andava fascinado com a obra de Wolff e somente por essa razão andava com as imagens. Ian achou bem apropriado. A imprensa veio com tudo. Disseram que foi jogada de marketing, que foi por dinheiro. Antes que você se pergunte, Peter também não havia tido acesso às letras de Closer. São as infelizes coincidências que a vida nos dá.

“Tchau, garoto” – Foram as últimas palavras que Tony Wilson disse a Ian durante o velório. A morte do cantor foi anunciada por John Peel (BBC Radio), à noite. Em seguida tocou “Atmosphere”. Hook lembra que, alguns dias depois da tragédia, estava dirigindo e no rádio do carro começou a tocar “As 20 melhores da semana”. A número 13 do ranking era “Love Will Tear Us Apart”. “Quebrou meu coração. Foi terrível”, disse Hook. Sete anos depois, para mim e para os que chegaram até o final da leitura, creio eu, também foi.

O texto de hoje eu dedico ao Juarez Tavares, um grande fã do Joy Division. Com certeza, se ele ainda estivesse neste plano, estaria  curtindo e compartilhando.

VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?

Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.

Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: pix@escotilha.com.br. Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Annik HonoréBBC RadioBernard Pierre WolffBernard SummerCloserDeborah CurtisDurutti ColumnFactory RecordsGrant GeeHaçiendaIan CurtisJohn PeelJoy DivisionLindsay ReadeManchesterMartin HennettPeter HookPetter SavilleRob GrettonStephen MorrisTony WilsonVini Reilly

VEJA TAMBÉM

Cantora trará sucessos e canções de seu 12º disco de estúdio. Imagem: Ki Price / Divulgação.
Música

C6 Fest – Desvendando o lineup: Pretenders

9 de maio de 2025
Grupo indiano chega ao Brasil com disco novo, em parte de extensa turnê de lançamento. Imagem: Tenzing Dakpa / Divulgação.
Música

C6 Fest – Desvendando o lineup: Peter Cat Recording Co.

8 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Cantora trará sucessos e canções de seu 12º disco de estúdio. Imagem: Ki Price / Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Pretenders

9 de maio de 2025
Exposição ficará até abril de 2026. Imagem: Gabriel Barrera / Divulgação.

Exposição na Estação Luz celebra a Clarice Lispector centenária

8 de maio de 2025
Grupo indiano chega ao Brasil com disco novo, em parte de extensa turnê de lançamento. Imagem: Tenzing Dakpa / Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Peter Cat Recording Co.

8 de maio de 2025
O escritor José Falero. Imagem: Reprodução.

Contundente e emocionante, ‘Vera’ evidencia a alta qualidade da literatura de José Falero

7 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.