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Home Crônicas Paulo Camargo

Qual é seu “Rosebud”?

porPaulo Camargo
29 de setembro de 2020
em Paulo Camargo
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Cidadão Kane

Imagem: RKO/Kobal/REX/Shutterstock.

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Charles Foster Kane, antes de morrer, sussurra, com um fiapo de voz, um dos maiores enigmas da história do cinema: “Rosebud”. Quem já assistiu a Cidadão Kane (1941), clássico incontornável e, para muitos, um dos filmes mais importantes já realizados, sabe do que estou falando. Aos que desconhecem o significado desse último suspiro, lanço um desafio: enfrentem com bravura a obra-prima de Orson Welles, que o coescreveu, produziu, dirigiu e estrelou, acreditem ou não, aos 26 anos. Não encontrarão a resposta nesta crônica, já vou logo avisando.

Kane, personagem fictício inspirado na figura anti-heroica do magnata da comunicação norte-americano William Randolph Hearst, ícone do capitalismo, chega à velhice alquebrado. E não é apenas seu corpo que sucumbe ao peso dos anos. Ele já não suporta sua alma, emocionalmente destroçada por uma sucessão de decisões equivocadas, de perdas e danos acumulados desde a infância, quando foi levado de sua família biológica em troca de uma promessa de fortuna e poder, que viriam eventualmente, mas jamais preencheriam o vazio emocional deixado por essa ruptura.

No leito de morte, quando já não tem ninguém que o ame a seu lado, Kane se apega a uma última lembrança: “Rosebud”, que em português significa botão de rosa. A tradução, contudo, nada explica, tampouco ajuda quem jamais viu o filme de Welles a decifrar a charada de uma palavra só. Mas, em vez de dar pistas, eu prefiro, além do desafio proposto acima, lançar aqui uma outra provocação. Qual seria o seu “Rosebud”, a última imagem evocada ou palavra proferida antes de partir?

Já tendo ultrapassado 50 anos de vida, está claro para mim que a felicidade não existe enquanto estado permanente. Não a suportaríamos, até porque ela não parece estar associada à certeza de possui-la e, sim, à possibilidade de tocá-la. Há momentos, muitos deles impermanentes, e quase todos fugidios, nos quais a contemplamos de perto, a sentimos com as pontas dos dedos, a percebendo no ar, ao ponto de querermos prender a respiração para não perdê-la, desperdiçá-la.

No leito de morte, quando já não tem ninguém que o ame a seu lado, Kane se apega a uma última lembrança: ‘Rosebud’, que em português significa botão de rosa. A tradução, contudo, nada explica, tampouco ajuda quem jamais viu o filme de Welles a decifrar a charada de uma palavra só. Mas, em vez de dar pistas, eu prefiro, além do desafio proposto acima, lançar aqui uma outra provocação. Qual seria o seu ‘Rosebud’, a última imagem evocada ou palavra proferida antes de partir?

Tenho uma amiga querida que se refere aos seus anos como estudante universitária no idílico campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, próximo à Praia Vermelha, como o seu “Rosebud”. Entendo! A juventude é um tempo de som e fúria, em que tudo é tão intenso, e enganosamente definitivo, que essas experiências ficam impressas na memória como digitais que nos dão identidade e, em certa medida, nos explicam.

Entre meus possíveis candidatos a “Rosebud”, muitos estão associados a encontros, olhares, a momentos nos quais consegui ser forte, ou corajoso o suficiente, para dizer, ou fazer, exatamente o que sentia e desejava. Instantes em que vislumbrei minha essência, despida, pulsando em sua verdade. Quando me despedir deste mundo, quero me lembrar, ironicamente, dessa sensação de estar tão vivo.

Tags: Cidadão KaneCrônicamorteOrson WellesRosebud

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