O sucesso do corte norte-americano de Godzilla (1954), que muda aspectos substanciais da obra de Ishirô Honda, abriu um caminho para um interesse generalizado em ficções científicas japonesas com monstros gigantes. Rodan – O Monstro do Espaço (1956) e Os Bárbaros Invadem a Terra (1957) ganharam novas edições, também muito distintas dos originais, para agradar o público ocidental.
No coração desse namoro com Hollywood estavam as próprias produções dos Estados Unidos que também lidavam com insetos, lagartos e alienígenas enormes e destruidores de cidades. Para aproveitar o filão, a Toho decidiu produzir um telefilme em parceria com uma emissora norte-americana.
De acordo com os biógrafos de Honda, Steve Ryfle e Ed Godziszewski, os detalhes desse acordo são meio contraditórios. O que se sabe é que dali nasce um filme chamado Varan, o Monstro do Oriente (1958), rodado em preto e branco e pensado para ser uma fita dividida em três episódios para a televisão.
Honda dirigiria o filme com os parceiros habituais. Eiji Tsuburaya realizaria os efeitos visuais, Akira Ifukube assinaria a trilha sonora e Haruo Nakajima vestiria a fantasia do monstro. Nada seria original no enredo, que apresentaria um grupo de cientistas exploradores que desaparece ao investigar uma rara borboleta que vive em uma ilha. Um grupo de repórteres decide investigar o caso e descobre que ali vive uma criatura mítica temida e adorada pela população local.
O acordo com a emissora ocidental cai por terra pouco tempo depois de a produção começar. Isso forçou a Toho a rever os planos pouco ambiciosos para a produção e apressar o desenvolvimento para um lançamento comercial nos cinemas. O tal corte em três episódios nunca chegou a ser exibido dentro ou fora do Japão.
Honda diria mais tarde que ‘Varan, o Monstro do Oriente’ sofreu com os contratempos e a correria de finalização.
A mudança afetou o aspecto da tela, originalmente rodado em tamanho 4:3, formato padrão dos televisores da época. No cinema, a imagem ficou comprimida e estranha. O orçamento, drasticamente menor, também interferiu no visual, que parece muito mais barato do que o próprio Godzilla, que havia estreado quatro anos antes.
Honda diria mais tarde que Varan, o Monstro do Oriente sofreu com os contratempos e a correria de finalização. O prazo era mais apertado do que as demais produções que havia dirigido, a escolha pelo e preto e branco não se justificava e a trama era pouco desenvolvida, lenta e repetitiva quando comparada a outros lançamentos do gênero no Japão.
Varan, o Monstro do Oriente acabaria se tornando uma fita menor de Honda, pouco lembrada mesmo por aqueles que conhecem bem o cinema kaiju. Um corte americano, novamente com inúmeras e muito significativas modificações, foi lançado em 1962, substituindo os protagonistas por atores ocidentais e reduzindo a duração em mais de meia-hora. Curiosamente, a versão exibida no Brasil em 1959 foi a japonesa, por meio de um contrato realizado por um representante da Toho no país.
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