Melhor do que ler um bom livro numa tarde de domingo, é ler um bom livro com um projeto gráfico consistente e ilustrações dedicadas numa tarde de domingo. Essa é a ideia que permeia a exposição Narrativas em Processo: Livros de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que traz relações diversas entre artistas e escritores no formato de publicações para o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.
No primeiro olhar, a disposição das obras não é atrativa, mas cores pastéis e uma ordenação repetitiva camuflam a qualidade e a profundidade do material exposto. De clássicos da literatura brasileira, com títulos como O Alienista (1948), escrito por Machado de Assis e ilustrado por Candido Portinari, a experimentações mais contemporâneas, como As Potências do Orgânico (1994-1995), da artista plástica Adriana Varejão, é possível percorrer os mais diversificados estilos literários e estéticos se surpreendendo com a coletânea apresentada.
No primeiro olhar, a disposição das obras não é atrativa, mas cores pastéis e uma ordenação repetitiva camuflam a qualidade e a profundidade do material exposto.
A exposição segue ordem cronológica e foi dividida em oito núcleos: Angelo Agostini (1843-1910), Design gráfico: capas e ilustrações ao longo da história, Cem Bibliófilos, Álbuns de gravura, Uma escrita em branco, Livros-objetos, Paisagens e Rasuras.
As primeiras obras apresentadas foram feitas no século XIX por Angelo Agostini, o núcleo seguinte traz publicações da extinta Sociedade dos Cem Bibliófilos, na sequência, é apresentado o período Modernista, com artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Cícero Dias, por fim, chega a contemporaneidade, com obras de Brígida Baltar, Augusto de Campos, Waltercio Caldas, entre outros.
Narrativas em Processo também aborda diferentes recursos gráficos utilizados no projeto de um livro. A exposição conta com papéis, materiais inusitados de capa e miolo e acabamentos expressivos. É possível notar a mesma lógica nos conteúdos trazidos, que vão de poesias modernistas à abstração total do conteúdo como em Balada (1995), de Nuno Ramos, um livro em branco, impresso em capa dura com uma perfuração profunda que o transpassa do começo ao fim, como uma bala.
As dezenas de obras expostas com curadoria de Felipe Scovino são documentos que narram pelo menos 150 anos de história da arte brasileira e valem a visita. A montagem da exposição foi uma parceria do MON com o Itaú Cultural e fica até o dia 24 de junho na sala 1 do museu. A dica é ir na quarta-feira, que a entrada é gratuita!
SERVIÇO | Narrativas em Processo
Onde: Museu Oscar Niemeyer | R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico
Quando: de 27 de março a 24 de junho, de terça a domingo, das 10h às 18h | toda primeira quinta-feira do mês, horário estendido até às 20h;
Quanto: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia-entrada) | toda quarta-feira, entrada franca.
Para mais informações, acesse o site oficial do MON.
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