Ficar olhando por um longo tempo, chegar mais perto, afastar um pouco, interpretar, desinterpretar, reinterpretar. Parece um buraco de fechadura, será? Não, é uma boca! É? Por que esse verde está justamente aqui? Não é acaso. Do lado direito, um monumental quadro inteiro branco, simetricamente em linha reta, mas em oposição, do outro lado do salão, dois triângulos, tudo vermelho. A exposição Tomie Ohtake em Curitiba – Vultos, fissuras e clareiras é um universo de possibilidades construídas por uma das artistas mais importantes do abstracionismo brasileiro.
Com obras das três principais frentes de trabalho de Tomie Ohtake – pintura, gravura (serigrafia, litografia e metal) e esculturas – as 29 peças que compõem a exposição, no Salão Paranaguá do Memorial de Curitiba, criam um panorama diversificado e maduro de uma artista que produziu até os 101 anos. Tomie Ohtake nasceu no Japão e com 23 anos veio para o Brasil para visitar seu irmão, mas acabou ficando aqui devido ao início da Guerra do Pacífico, que impossibilitou a sua volta.
Sua trajetória na arte começou aos 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano, e ganhou repercussão internacional, com a realização de mais de 20 exposições individuais, participação em 20 Bienais Internacionais e mais de 30 obras públicas desenhadas para diversas cidades brasileiras, Tóquio e a província Okinawa, ambas no Japão.
As 29 peças que compõem a exposição, no Salão Paranaguá do Memorial de Curitiba, criam um panorama diversificado e maduro de uma artista que produziu até os 101 anos.
Além da exposição, uma escultura da artista foi instalada na Praça do Japão, inaugurando o Largo Tomie Ohtake na cidade. Ambas completam uma homenagem aos 110 anos de imigração japonesa no Brasil.
A escultura, intitulada “Curitiba”, é robusta, com estrutura de aço pintado em vermelho e traz uma faceta democrática da arte de Tomie, que é a de expor ao ar livre, no espaço urbano e na contemplação cotidiana.
Esta é a segunda escultura da artista em Curitiba: a primeira foi criada em 1996 para celebrar a amizade Brasil-Japão e está instalada no Museu Municipal de Arte (MuMa), no Portão Cultural.
Tanto a exposição quanto a escultura valem momentos de contemplação e mergulho nas possibilidades que Tomie deixa em aberto. A visita à escultura pode ser feita de dia ou a noite, a pé ou de busão. Já a exposição fica até o dia 30 de setembro no Memorial de Curitiba, aberta todos os dias, tem entrada gratuita e classificação livre.
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