Em realização em Curitiba até o próximo dia 24 deste mês, o Salão Arte em Vidro Brasil 2022 tem tornado a capital paranaense o centro da arte vidreira brasileira. São 100 obras de 80 artistas vidreiros em exposição no Museu Municipal de Arte de Curitiba (MuMa), no Portão Cultural.
São peças decorativas, mosaicos, vitrais e joias contemporâneas, representando a produção artística brasileiras nas técnicas de vitrofusão, vidro soprado, mosaico em vidro e vitral.
São nove estados representados na exposição no MuMa, cuja elaboração contou com o trabalho de uma comissão julgadora formada por especialistas do Brasil, México e Argentina.
Palestras integram Salão Arte em Vidro Brasil 2022

Na programação do evento, o público curitibano também terá a oportunidade de assistir a palestras sobre a arte e a história do vidro. Voltadas a artistas, estudantes, profissionais de arquitetura, decoração e design, as conversas são gratuitas.
Entre os convidados está o galerista, antiquário e artista belga-italiano Jean Blanchaert, curador de inúmeras exposições internacionais e colunista da revista Art e Dossier.
Blanchaert, que dirige uma galeria italiana especializada em vidro, cerâmica, esmalte e materiais contemporâneos, fará três conferências sobre Vidro Veneziano do Século XX, Vidro Contemporâneo Internacional e Vitrais de Catedrais Antigas e Contemporâneas.
O Salão Arte em Vidro também contará com a curitibana Loire Nissen, fundadora do primeiro grupo de artistas vidreiros da cidade, a artista visual gaúcha Jaqueline Noleto, que desenvolve projetos em vidro artístico e coordena o Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Vidro, e a artista Cristine Baena, que debaterá o Venice Glass Week, a Semana do Vidro de Veneza, festival internacional anual dedicado a celebrar a arte vidreira.
Arte vidreira: milenar e lendária

São peças decorativas, mosaicos, vitrais e joias contemporâneas.
Repleta de lendas, a história sobre a descoberta do vidro nos leva próximo ao ano de 5000 a.C., ao menos na versão popularmente conhecida do historiador romano Plinio[1].
Neste período, um grupo de mercadores fenícios que navegava o Rio Belo, na Síria, com uma grande carga de nitrato de sódio teria aportado na região para descansar[2].
Querendo se alimentar, os fenícios teriam improvisado um fogão com os blocos de nitrato de sódio, que ao se fundirem com a areia da praia teriam dado origem a uma espécie de líquido transparente que vitrificou ao se secar.
As cores e formatos tornaram aquelas “pedras” valorizadas, sendo de posse apenas de nobres ou famílias muito abastadas. Mas o vidro como arte foi florescer no Egito Antigo, por volta de 1500 a.C., e toma corpo com o surgimento da técnica do sopro na Síria e em Alexandria.
No Brasil, a história do vidro se inicia a partir da chegada dos holandeses a Pernambuco, no século XVII, quando a primeira oficina de vidro foi criada pelos artesãos que faziam parte da comitiva de Maurício de Nassau.
Ao longo dos séculos, nomes como o do português Francisco Ignácio da Siqueira Nobre, do italiano Folco, do brasileiro Francisco Antônio Esberard foram solidificando a fabricação do vidro no país.
Já sob a perspectiva da arte vitralista, o alemão Conrado Sorgenicht e o italiano César Alexandre Formenti são incontornáveis. A dupla impulsionou a fabricação de vitrais e contribuiu para que chegássemos nos tempos atuais com destacada produção artística.
Salão do Vidro integra eventos da ONU
O Salão do Vidro conta com apoio da Fundação Cultural de Curitiba e idealização da artista curitibana Desirée Sessegolo, nome destacado da arte vidreira brasileira, com relevância internacional.
A mostra integra uma série de eventos oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) que celebra o Ano Internacional do Vidro, enfatizando a importância sustentável, cultural e econômica do vidro. Ele é o material mais puro e único 100% reciclável que existe.
SERVIÇO | Salão Arte em Vidro Brasil 2022
Onde: Museu Municipal de Arte (MuMa) | Sala Célia Neves Lazzarotto – Portão Cultural; Av. República Argentina, 3430 | Portão, Curitiba/PR;
Quando: de 21 de junho a 24 de julho; de terça a domingo, das 10h às 19h;
Quanto: entrada gratuita.
–
[1] Abravidro
[2] Marcelo Galdioli in Jornal da UEM
VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?
Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.
Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.
Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: [email protected] Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.