O espaço urbano é efêmero e dinâmico. Parece que sempre estamos partindo de algum lugar para chegar em outro. Mas, nesses caminhos cotidianos, muitas coisas acontecem: olhares se cruzam, ouvimos aquelas conversas paralelas como quem não quer nada, compramos um pote para guardar qualquer coisa que estamos há meses “precisando” na 1,99, busão lotado, fazemos stories, pegamos o jornal gratuito.
É através desse corpo que a cidade é construída, por meio das relações diárias de uso, ocupação, passagem, resistência. Entender essa simbiose “corpo-cidade” nos coloca enquanto agentes ativos na construção dessa cidade, afinal, muito do que ela é, é reflexo de quem somos. E vice-versa.
A palestra “O corpo é uma cidade”, que juntou a Vanessa C. Rodrigues (Corpo Outro, editora Barbante) e o Aureliano (Mercúrio Cromo, editora Lote 42) no primeiro dia da Bienal Internacional de Quadrinhos de Curitiba para falar sobre corpo e cidade explorou justamente essa relação simbiótica, que nos dois trabalhos aparecem de forma distinta, mas complementares.

Enquanto Aureliano traz questões cotidianas e comicamente dramáticas, Vanessa perpassa corpo e poesia, palavras e curvas em um livro potente. Entretanto – e inclusive o que tornou o bate-papo interessante – é gigantesco o poder de identificação que ambos despertam nos leitores, afinal, todos nós temos um corpo e precisamos lidar com ele diariamente.
‘A Cidade em Quadrinhos’ é o tema desta Bienal, que se propõe a discutir a relação do ambiente urbano com o corpo nas diferentes culturas e contrastes, estabelecendo a conexão da urbe com os temas que figuram diversos quadrinhos.
Com mediação de Ricardx Nolascx (Casa Selvática) – que introduziu o tema com uma potente e lacradora leitura poética -, a palestra discutiu assuntos como o desenvolvimento e intenções das obras. Mas teve como assunto central o autoconhecimento que este recorte temático desenvolveu nos artistas.
Aureliano, que se coloca como protagonistas de suas publicações (conheça o Instagram dele aqui), trouxe comentários do seu público como “precisava se desenhar tão peludo?” para exemplificar a pressão social na adequação de corpos a padrões. Vanessa (conheça o site dela aqui) ressaltou a resistência que é ocupar um corpo feminino em uma sociedade machista, que pressupõe, além da forma, como este corpo deve agir.
Nesta Bienal de Quadrinhos, a temática que procura conexões com o corpo não estava presente apenas na palestra. “A Cidade em Quadrinhos” é o tema desta 5ª edição que se propõe a discutir a relação do ambiente urbano com o corpo nas diferentes culturas e contrastes, estabelecendo a conexão da urbe com os temas que figuram diversos quadrinhos.

A Bienal vai até o dia 9 de setembro, no Museu Municipal de Arte (MuMa) e conta com uma programação diversificada, com a presença de mais de 60 artistas, palestras, oficinas, espaço expositivo e diversas editoras participantes, acesse a programação completa clicando aqui.
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