Em 2011, a cineasta brasiliense Larissa Figueiredo, hoje radicada em Curitiba, fazia uma pesquisa sobre cultura popular no interior do Maranhão, estado de origem da família de sua mãe, quando ouviu, na pequena cidade de Cururupu, uma lenda popular que a fascinou. O rei português d. Sebastião, que teria desaparecido no século 16, no Marrocos, durante a batalha de Alcácer-Quibir, sem que seu corpo jamais fosse encontrado, não teria sido morto em combate na cruzada.
Mas, sim, se refugiado, de posse de seus tesouros, em uma das ilhas do litoral maranhense, onde teria decidido criar um reino encantado, após fincar sua espada em um pedaço de terra, do qual teria surgido à ilha de Lençóis. O monarca teria guardado seus tesouros sob as dunas insulares, cujos atuais moradores, em torno de 400 pessoas, seriam descendentes do rei, que até hoje, reza o mito, vaga, em noites de Lua Cheia, sob a forma de um touro com uma estrela na testa.
A história teve tamanho impacto sobre Larissa que acabou lhe servindo como base para a criação do roteiro do longa-metragem O Touro. O filme é um dos longas escolhidos pela curadoria do FICBIC para a programação, e conta com exibição nesta quarta-feira, dia 11, dia em que também faz sua estreia em Curitiba, após uma trajetória premiada em festivais internacionais de cinema. Exibido em diversos países, o filme foi considerado pela crítica do jornal Folha de São Paulo como uma das atrações imperdíveis da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano. A obra é, ainda, o primeiro longa da produtora curitibana Tu i Tam Filmes.
O Touro é um híbrido de ficção e documentário. A ação gira em torno de uma personagem imaginária, chamada Joana, uma portuguesa que vem ao Brasil rumo a Lençóis, onde pretende recuperar as riquezas que um dia pertenceram a seu país.
A ação gira em torno de uma personagem imaginária, chamada Joana, uma portuguesa que vem ao Brasil rumo a Lençóis, onde pretende recuperar as riquezas que um dia pertenceram a seu país.
Para viver a protagonista, Larissa escolheu Joana de Verona, atriz portuguesa que trabalhou com diretores como o franco-chileno Raúl Ruiz (em Mistérios de Lisboa) e Marco Martins (em Como Desenhar um Círculo Perfeito). O diálogo com o cinema documental se dá no filme porque, embora a premissa seja ficcional, a atriz interage ao longo da narrativa com personagens da vida real, em situações desencadeadas pelo filme, mas não previamente roteirizadas.
O filme é, sob certo aspecto, um resgate da diretora da própria história. “Tratar do sebastianismo numa ilha de Maranhão foi a forma de lidar com as minhas origens”, declarou Larissa ao jornal Folha de São Paulo. A diretora, que nasceu em Brasília, é filha de português com maranhense.
Serviço | ‘O Touro’
Documentário, 2015, 78 minutos.
Quando: dia 11/11, Quarta, às 19h.
Onde: Espaço Itaú de Cinema, sala 2 – Shopping Crystal
Quanto: Grátis – retirar ingressos uma hora antes do início da sessão. Sujeito ao limite da sala.
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