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‘A Noite Amarela’ e o pesadelo de uma imagem sem sentido

Novo filme do cineasta Ramon Porto Mota, 'A Noite Amarela' cria uma narrativa sobre adolescentes que perdem sua essência depois de adentrarem em uma ilha.

porRodolfo Stancki
30 de outubro de 2019
em Espanto
A A
'A Noite Amarela' e o pesadelo de uma imagem sem sentido

Imagem: Reprodução.

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Em A Câmara Clara, o escritor francês Roland Barthes propõe que as fotografias são registros de luz que são construídos como representações da vida diária. O que aparece nas superfícies das fotos são visualidades mundanas, abertas a interpretações por diferentes espectadores. Sem conhecer os referentes, uma foto de família se torna apenas uma foto de pessoas.

O cineasta paraibano Ramon Porto Mota há alguns meses vem descrevendo seu novo filme, A Noite Amarela (2019), como um slasher espiritual. A explicação estaria no fato de que seus personagens, adolescentes que estão concluindo o ensino médio, são imagens de corpos que perdem a essência durante uma viagem a uma ilha deserta para a casa da avó de uma das meninas do grupo.

Há uma implicação, em um dado momento do filme, de que esse desencontro entre o que se vê dos sujeitos que aparecem na tela e suas próprias almas é fruto de uma experiência quântica de um dos antigos dono da casa em que os jovens se hospedam. Tal experimento envolveria a criação de imagens, que abririam portas para novas realidades a serem interpretadas pelo cientista – que tem dificuldades em definir o que é a vida diária e esse novo mundo visual.

A Noite Amarela fala desse esvaziamento de sentido da imagem. É uma narrativa que mostra o que aconteceria se ‘o nada’ efetivamente tivesse vencido no fim de A História Sem Fim (1984).

Para mim, o filme todo é como um pesadelo protagonizado por vestígios de luz que deixamos nas imagens. Trata-se de uma narrativa que dá vida a um retrato de uma família desconhecida apenas para perceber que aquelas pessoas não possuem sentido familiar algum sem seus referentes mundanos. Os adolescentes criados por Mota literalmente se perdem entre a luz a sombra, entre o jogo de cores e a memória – sem noção de tempo ou espaço.

Em um certo momento de A Câmara Clara, Barthes diz ao leitor que teve dificuldades de encontrar a própria mãe, que havia acabado de falecer, nos álbuns de família. A mulher que aparecia nas fotos era sempre alguém diferente daquela que ele conhecera. Quando finalmente a encontrou, em um retrato da juventude dela, percebeu que aquela era apenas um rastro de sua passagem, uma forma sem vida criada por um processo químico para representar alguém que já se fora. 

A Noite Amarela fala desse esvaziamento de sentido da imagem. É uma narrativa que mostra o que aconteceria se ‘o nada’ efetivamente tivesse vencido no fim de A História Sem Fim (1984). Sem o devido contexto, as nossas representações imagéticas são apenas visualidades ocas, que aparecem para pessoas que não sabem dizer com precisão o é que está diante de seus olhos.

É possível argumentar que o filme é experimental e complexo demais para ser chamado de horror. Por outro lado, não deixa de ser muito assustador perceber que tudo o que criamos para deixarmos nossa marca no mundo vai se tornar signos que ninguém será capaz de interpretar quando deixarmos de existir.

Tags: A Câmara ClaraA História Sem FimA Noite AmarelaCinema de HorrorHorrorhorror nacionalRamon Porto MotaResenhaRoland BarthesSlasher espiritual

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