Apostas para o Oscar 2016

Quem será o grande vencedor do Oscar neste próximo domingo, dia 28 de fevereiro, na cerimônia que acontecerá em Los Angeles, no Dolby Theater? Os críticos Abonico Smith, do portal Mondo Bacana, Marden Machado, do site Cinemarden, Luiz Gustavo Vilela, do Crônico de Cinema, e Paulo Camargo, editor d’A Escotilha, apontaram quais devem ser os possíveis vencedores e indicaram quem mereceria levar a cobiçada estatueta dourada nas categorias de melhor filme, direção, ator, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, roteiro original e filme estrangeiro.

Se depender das previsões dos entrevistados, o grande vencedor deverá ser o épico western intimista O Regresso, de Alejandro G. Iñárritú, embora os prediletos dos entrevistados não sejam, necessariamente, os favoritos aos prêmios. Leia o que cada jornalista disse, categoria por categoria. Ao lado das indicações, você pode acessar os textos pessoais de cada jornalista entrevistado.

Filme

Indicados: O Regresso; Mad Max: A Estrada da Fúria; Spotlight – Segredos Revelados; Perdido em Marte; A Grande Aposta; O Quarto de Jack; Brooklyn; Ponte dos Espiões.

Abonico Smith

Quem vai ganhar: O Regresso (crítica). Nenhum dos outros tem o dom de conquistar mais votantes “medianos” da Academia, que acabam tendo mais peso na somatória final.

Quem deveria ganhar: Perdido em Marte (crítica), por sua importância histórica de antecipar o futuro da humanidade. Ter algo que vá consolidar a obra como uma produção que será bastante lembrada mais adiante deveria ser o quesito primordial para se eleger “o” filme da temporada.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: Tudo levar a crer que O Regresso será o grande vencedor da noite, porque reúne qualidades artísticas e técnicas valorizadas pela Academia. Mas Spotlight- Verdades Secretas ainda pode surpreender.

Quem deveria ganhar: O Quarto de Jack e Mad Max: Estrada da Fúria são filmes mais instigantes em termos de linguagem cinematográfica.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Acredito que a disputa ficará entre A Grande Aposta, O Regresso e Spotlight (crítica em vídeo).

Quem deveria ganhar: Dos três, torço para que Spotlight seja o vencedor por conta do conteúdo de sua história.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: O Regresso (crítica). Bonito, americano, etc…

Quem deveria ganhar: Mad Max (crítica). Convenhamos, é o único filme de 2015 que seguiremos assistindo nos próximos 20 ou 30 anos (O Quarto de Jack – crítica – entra para as notas de rodapé da história, o que já é muito).

Diretor

Indicados: Alejandro Iñarritú (O Regresso); Adam McKay (A Grande Aposta); George Miller (Mad Max: A Estrada da Fúria); Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados) e Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack).

Abonico Smith

Quem vai ganhar: Iñarritú, pela extrema beleza plástica das imagens aliada a momentos de tensão e reflexão silenciosa.

Quem deveria ganhar: Lenny Abrahamson. O cara consegue transformar o independente O Quarto de Jack (crítica) em um filmaço. Primeiro, inserindo o espectador no clima claustrofóbico vivido por anos a fio por mãe e filho em um cubículo quase sem luz natural. Depois, por mostrar de forma não menos dramática os efeitos desta vida forçada em cativeiro quando os dois dão de cara com a amplidão do mundo em seu dia a dia.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: O mexicano Alejandro G. Iñárritu deve vencer pela segunda vez consecutiva por O Regresso, um filme ambicioso que o tempo todo “vende” o esforço criativo de cineasta. Até demais.

Quem deveria ganhar: George Miller, por Mad Max, e Lenny Abrahamson, por O Quarto de Jack, têm trabalhos mais interessantes.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Creio que o prêmio de direção este vai mesmo para Alejandro G. Iñárritu, que fez um excepcional trabalho em O Regresso.

Quem deveria ganhar: Ficaria muito feliz se o vencedor fosse George Miller, por Mad Max,

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Dobradinha de Iñarritu. Fez o filme mais bonito e sobre um mito norte-americano.

Quem deveria ganhar: George Miller porque seu Mad Max é tudo o que O Regresso não é. Elétrico, feminino e brutalmente divertido (Há, porém, um universo paralelo em que Abrahamson, de O Quarto de Jack, ganha. Esse universo também é bacana).

Ator

Indicados: Leonardo DiCaprio (O Regresso); Michael Fassbender (Steve Jobs); Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa), Matt Damon (Perdido Em Marte) e Bryan Cranston (Trumbo: Lista Negra).

Abonico Smith

Quem vai ganhar: DiCaprio. Sofrimento extremo dá ibope na hora de chamar a atenção de votantes de prêmios. Não à toa, ele vem faturando todos os outros mais importantes nas semanas anteriores do Oscar.

Quem deveria ganhar: DiCaprio. Menos pelo papel do caçador que sobrevive a toda espécie de azares e intempéries, mais por outras grandes atuações nestas duas décadas de carreira (Titanic, não incluído nesta lista aqui, lógico!).

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: Leonardo DiCaprio vencerá pelo conjunto de suas escolhas até hoje. É um dos maiores, senão o maior, astro do cinema norte-americano atual. E O Regresso coroa uma trajetória vitoriosa.

Quem deveria ganhar: DiCaprio ou Michael Fassbender, genial no subestimado Steve Jobs.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Este ano é do Leonardo DiCaprio, em O Regresso. Ele já merecia ter ganho um Oscar de atuação, principalmente por seu desempenho em O Lobo de Wall Street. Não ganhou naquele ano, mas, vai ganhar neste.

Quem deveria ganhar: Leonardo DiCaprio.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Leonardo DiCaprio por motivos externos ao filme (comer carne, aprender duas línguas, se ferrar de frio, etc). Não é um trabalho tão intenso e complexo quanto o de O Lobo de Wall Street, única vez em que ele mereceu de fato. Mas o hype está forte demais.

Quem deveria ganhar: Como não indicaram Jacob Tremblay, o garotinho de O Quarto de Jack, é Michael Fassbender como Steve Jobs (crítica) quem fez o trabalho mais impressionante do ano.

Atriz

Indicadas: Brie Larson (O Quarto de Jack); Jennifer Lawrence (Joy – O Segredo do Sucesso); Cate Blanchett (Carol); Saoirse Ronan (Brooklyn); Charlotte Rampling (45 Anos).

Abonico Smith

Quem vai ganhar: Brie Larson. Pelo que mostra na tela e pela força da história, que já mostrou-se bastante impactante quando lançada em livro.

Quem deveria ganhar: Brie Larson. Poucas vezes se viu tamanha intensidade em uma protagonista aparentemente desconhecida em Hollywood

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: Embora adore o trabalho de Saoirse Ronan, no encantador Brooklyn, Brie Larson tem a interpretação mais potente do ano entre as atrizes.

Quem deveria ganhar: Brie Larson.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Não há dúvida aqui. Brie Larson, por O Quarto de Jack, é a franca favorita e o fez por merecer.

Quem deveria ganhar: Brie Larson.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Brie Larson seguindo a tendência das outras premiações. Sua Joy é tridimensional e cheia de contradições. Das personagens mais humanas dos últimos anos.

Quem deveria ganhar: Larson é a escolha honesta, mas ninguém acharia ruim se Cate Blanchett vencer, apesar de sua Carol não ser tão complexa quanto a Jasmine, de Blue Jasmine, que lhe rendeu o Oscar em 2014.

Ator coadjuvante

Indicados: Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar); Tom Hardy (O Regresso); Christian Bale (A Grande Aposta), Mark Ruffalo (Spotlight – Segredos Revelados) e Mark Rylance (Ponte dos Espiões).

Abonico Smith

Quem vai ganhar: Stallone. Rocky é Rocky. Ainda mais ganhando um sexto filme, no qual ator e personagem já são septuagenários. A seu favor também conta toda a carga dramática que se mistura a lembranças e citações do passado de glória e decadência do lutador nas telas.

Quem deveria ganhar: Tudo bem que o humor corrosivo dos diálogos em que participa com o personagem de Tom Hanks trazem a assinatura dos irmãos Coen, mas a desfaçatez pura do personagem de Mark Rylance arranca gargalhadas do espectador desde o início de Ponte dos Espiões (crítica).

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: Premiar Sylvester Stallone, por Creed, seria dar a estatueta para um ícone do cinema, que ascendeu há exatos 40 anos ao estrelato com Rocky, um Lutador. Ele volta ao papel e deve ser premiado.

Quem deveria ganhar: Tom Hardy, por O Regresso, e Mark Rylance, por Ponte de Espiões, têm desempenhos mais complexos e impactantes.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Disputa bem acirrada. Todos estão muito bem em seus papéis. Creio que aqui vai pesar a questão sentimental. E neste quesito, dificilmente a Academia não irá premiar Sylvester Stallone, pelo seu canto do cisne em Creed (crítica).

Quem deveria ganhar: Stallone.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Stallone. Não há nem discussão. Tanto pela grandeza de entregar o universo de Rocky para outros criadores quanto pela interpretação corajosa, se permitindo fragilidade em uma construção que sempre se voltou para a força.

Quem deveria ganhar: Esse é mesmo o ano de Sly.

Atriz coadjuvante

Indicadas: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa); Rooney Mara (Carol); Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados), Rachel McAdams (Spotlight – Segredos Revelados) e Kate Winslet (Steve Jobs).

Abonico Smith

Quem vai ganhar: Alicia Vikander. A sueca é um nome jovem e em ascensão no cinema europeu. Portanto, pronto para ganhar de vez a atenção da indústria norte-americana – o Oscar, afinal, também serve para apontar tendências mercantis. Outro ponto importante: Alicia interpreta (e muito bem, aliás) a personagem de uma história importante para a luta LGBT. Em um ano em que a Academia sofre violentas acusações pela falta de indicações a atores negros, dar mais visibilidade a outra importante causa social pode ser uma forma de compensar e amenizar os ataques.

Quem deveria ganhar: Jennifer Jason Leigh. O dedo de Tarantino na transformação que sua bandida ganha durante as quase três horas de Os Oito Odiados (crítica) é algo impressionante. No início ela apanha sem dó nem piedade e sofre as mais violentas pancadas físicas e psicológicas dos homens com os quais contracena. Depois, entretanto, Daisy Domergue vai se mostrando algo muito, mas muito mais do que a pobre coitada e humilhada à qual o espectador fora apresentado.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: A categoria mais disputada da noite. Acho que fica entre Alicia Vikander, excelente em A Garota Dinamarquesa, e Kate Winslet, por Steve Jobs. A Academia pode se sentir tentada a colocá-la lado a lado com DiCaprio, seu par romântico em Titanic.

Quem deveria ganhar: Rooney Mara, por seu excepcional trabalho em Carol, o filme mais injustiçado do ano.

Marden Machado

Quem vai ganhar: acho que Alicia Vikander será a vencedora por A Garota Dinamarquesa. E isso não será injusto. Ela é o principal destaque deste filme fraco e, de certa forma, esta vitória premia também o desempenho dela em outro belo filme, Ex Machina.

Quem deveria ganhar: Se dependesse de mim, daria este prêmio para Jennifer Jason Leigh, pelo filme Os Oito Odiados.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Rooney Mara por Carol, seguindo a tendência de Cannes, além de ser prêmio de consolação para todo o filme, apesar dele ser bem melhor do que a média dos indicados. Kate Winslet, seguindo a tendência do Globo de Ouro, também é uma forte possibilidade.

Quem deveria ganhar: Jennifer Jason Leigh por Os Oito Odiados (crítica), já que sua construção é a mais complexa.

Roteiro adaptado

Indicados: Brooklin; Carol; A Grande Aposta; Perdido em Marte; O Quarto de Jack.

Abonico Smith

Quem vai ganhar:  A Grande Aposta. O roteiro não-linear pega um fato sério e importante para a História recente dos EUA (o estouro da bolha econômica em 2008) para ser explicado ao espectador leigo com uma verve bastante irônica. E, claro, o filme não vai levar mais nenhum Oscar na noite deste domingo, a não ser este como consolação.

Quem deveria ganhar: O Quarto de Jack. Adapatado ao cinema pela própria autora Emma Donoghue, o roteiro deste livro leva para as telas o mesmo pesado sentimento de claustrofobia, suspense e drama que chamou a atenção da crítica literária.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: A Grande Aposta tem grandes chances por tornar um assunto árido, mercado financeiro e crise econômico de 2008, em um filme bem sucedido. O Quarto de Jack tem boas chances, também.

Quem deveria ganhar: O Quarto de Jack.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Torço por A Grande Aposta. E acredito que ele será o vencedor.

Quem deveria ganhar: A Grande Aposta. Trata-se de uma difícil adaptação de um livro com um tema bastante árido para ser convertido em filme.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Sem ter lido nenhum dos livros, resta avaliar o trabalho acabado. Neste sentido, o que mais parece se destacar é o de Emma Donoghue, por O Quarto de Jack. O livro nasceu como roteiro, tomou corpo como livro e voltou a ser roteiro, pelas mãos da própria autora. O resultado atende aos critérios de “fidelidade” além de recriar um universo bastante literário nas telas.

Quem deveria ganhar: Donoghue mesmo.

Roteiro original

Indicados: Divertidamente; Ex-Machina: Instinto Artificial; Ponte dos Espiões; Spotlight – Segredos Revelados; Straight Outta Compton: A História do NWA.

Abonico Smith

Quem vai ganhar:  Spotlight. Os prêmios de roteiro original e adaptados vêm sendo utilizados pelos votantes da Academia como uma espécie de consolação aqueles filmes que tiveram importância no ano mas que não tiveram estofo para ir mais além nas disputas principais da cerimônia E também porque a temática tratada em Spotlight possui relevância social e histórica.

Quem deveria ganhar: Straight Outta Compton. Expõe sem muitos não-me-toques o que havia por trás da formação, ascensão e queda do NWA, um dos grupos que, na virada dos anos 1990, ajudou o rap a sair definitivamente dos guetos e se acostumar com as altas vendagens e o topo das paradas musicais nacionais dos EUA.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: Spotlght merece vencer e este pode acabar sendo seu único prêmio no próximo domingo. Seu roteiro é bem construído e econômico nas emoções, fazendo uma bela homenagem ao jornalismo de investigação.

Quem deve ganhar: Spotlight.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Creio que Spotlight será o vencedor, uma vez que não darão o prêmio de melhor direção para Tom McCarthy, o prêmio de roteiro original funcionaria como uma espécie de compensação.

Quem deveria ganhar: Apesar de gostar muito dos roteiros de Ex-Machina e Divertida Mente, gosto mais ainda de Spotlight

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Divertida Mente (crítica). De longe o melhor roteiro da temporada, usando a jornada do herói de um jeito inovador e único, além de trabalhar conceitos complexos (como o processo de assimilação de informação) de forma simples e visual.

Quem deveria ganhar: Ex-Machina pela sua reflexão existencial sobre o que significa ser humano, ainda que não seja injusta a vitória para Divertida Mente.

Filme estrangeiro

Indicados: O Filho de Saul (Hungria); O Lobo do Deserto (Jordânia); A War (Dinamarca); Cinco Graças (França); O Abraço da Serpente (Colômbia).

Abonico Smith

Quem vai ganhar:  Filho de Saul (crítica). Por ser uma história (ficcional, o que acaba não importando muito no resultado final) que se passa durante o holocausto judeu promovido pelas tropas nazistas na Segunda Guerra Mundial. E todo mundo sabe que o poder judeu nos bastidores políticos e econômicos de Hollywood é enorme.

Quem deveria ganhar: Filho de Saul. Leva o espectador a uma experiência sensorial, tentando adivinhar o que são sons não mostrados na tela e acompanhando a todo momento – e bem de perto – os passos e ações do protagonista Saul Ausländer.

Paulo Camargo

Quem vai ganhar: O drama húngaro Filho de Saul consegue inovar ao falar do Holocausto. Foge do registro melodramático e é esteticamente intrigante, colocando o espectador dentro de Auschwitz.

Quem deveria ganhar: O belo Cinco Graças, coprodução franco-turca é um belo libelo contra a opressão feminina no mundo muçulmano. É um filme mais solar do que O Filho de Saul e isso pode pesar a seu favor.

Marden Machado

Quem vai ganhar: Aqui temos um filme que lida com questões que são caras à Academia. Trata-se de Filho de Saul, da Hungria. E é um grande filme. Se for mesmo o vencedor, como tudo indica, não será injusto.

Quem deveria ganhar: Filho de Saul.

Luiz Gustavo Vilela

Quem vai ganhar: Não vi todos, mas parece difícil que Filho de Saul (crítica) não seja o vencedor. Filme sobre o Holocausto com uma fotografia inovadora e inventiva. De certa forma é uma dobradinha com Ida, do ano passado.

Quem deveria ganhar: Cinco Graças. Por mostrar que o fundamentalismo religioso é tão ruim para o Oriente Médio quanto é para o Ocidente; pelas cinco atrizes que interpretam as irmãs; e pela delicadeza do roteiro e fotografia.