Ele simplesmente não para. Aos 32 anos, o ator e comediante carioca Fábio Porchat está de volta às telas a partir desta quinta-feira (2) em Meu Passado Me Condena 2, sequência da comédia romântica que, em 2013, levou 3 milhões de espectadores aos cinemas. O filme, com estreia prevista para 650 salas em todo o país, toma como base o seriado homônimo que teve duas temporadas no canal pago Multishow, assim como o primeiro filme, reencontrando o casal de protagonistas, vivido por Porchat e Miá Mello, em um momento de crise na relação.
Se no longa-metragem original, Fábio e Miá, que levam os mesmos nomes de seus intérpretes, eram recém-casados que começavam a se conhecer melhor a bordo de um cruzeiro de lua-de-mel rumo à Europa, agora eles parecem não se suportar mais. “O filme fala da crise, do desgaste, do convívio, dificuldades que todo casal acaba enfrentando”, contou Porchat em entrevista a Escotilha, realizada na última terça-feira em Curitiba.
A ideia de realizar uma sequência de Meu Passado Me Condena surgiu, revelou o ator, assim que o filme de Julia Rezende (filha do cineasta Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão) tornou-se um surpreendente êxito comercial. A empatia que o casal já causava na série ampliou-se quando transferida para a tela grande, e dar continuidade à história deles era uma consequência natural.
Tanto que a franquia também ganhou um desdobramento nos palcos, em cartaz desde agosto de 2014 no Teatro Frei Caneca em São Paulo, onde permanecerá até novembro deste ano. No mesmo espaço, Porchat também apresenta seu espetáculo de stand up comedy, Fora do Normal. No Canal Multishow, apresenta, ao lado de Tata Werneck, Tudo pela Audiência, espécie de paródia politicamente incorreta dos programas de auditório populares, a la Silvio Santos e Raul Gil. “A gente se diverte muito. Acho que não deixa de ser uma homenagem a esses programas, ao mesmo tempo em que é um deles”.
Em Meu Passado Me Condena 2, o protagonista Fábio, que sobrevive como animador de festas infantis, parece ainda não ter saído da adolescência, deixando roupas sujas pela casa, esquecendo de pagar contas e evitando todo tipo de responsabilidade da vida adulta, para irritação de Miá, jornalista econômica que praticamente sustenta a casa e não suporta mais a postura do marido.
A separação parece inevitável, quando Fábio recebe a notícia de que sua avó morreu em Portugal e os dois partem às pressas para o enterro. Lá, Fábio reencontrará, além do avô viúvo (Antonio Pedro) e de velhos amigos de infância, entre eles uma namorada, o hilário casal de picaretas Wilson (Marcelo Valle) e Suzana (Inez Viana), personagens que já estavam no filme original. Nesse segundo episódio, eles administram, sempre à base de golpes, uma funerária no interior do país.
Segundo Porchat, foi ele quem deu a ideia de transformar a dupla de trambiqueiros em agentes funerários. Ele frisa, no entanto, que o roteiro de Meu Passado Me Condena 2 não é dele, mas de Leandro Muniz, Patrícia Corso e Tati Bernardi. “Eu, como de costume, acrescento muitos cacos, já que convivo há muito tempo com o personagem, mas 90% do que está na tela já estava nos diálogos originais”.
O filme, na trilha de outras comédias distribuídas com a chancela da Globo Filmes, não ousa muito. Repete a fórmula do primeiro longa e da série, mas tem uma narrativa um pouco mais fluída e alguns momentos cômicos. As belas paisagens de Portugal e os coadjuvantes ajudam a sustentar a trama, menos refém do cenário do episódio anterior, um navio transatlântico, que era uma gigantesca peça de merchandising explícito.
Nunca leio comentários, jamais. Não tenho o menor interesse em saber o que as pessoas pensam sobre o que eu escrevo. Isso é problema delas.
Porta dos Fundos
A explosão de popularidade dos vídeos da série Porta dos Fundos na internet também está em vias de migrar para o cinema. Nesse caso, Porchat é um dos encarregados do roteiro. “Não serão esquetes, como nos vídeos, e os personagens serão novos, uns ou outros já apareceram antes”. Ian SBF, sócio de Porchat na produtora Fondo Filmes, vai dirigir o longa. “Uma história com começo, meio e fim, mas tem uma brincadeira a la Pulp Fiction, com tramas entrecortadas que vão fazendo sentido ao longo da história”, contou.
Ainda sob a direção de Ian, Porchat lançou neste ano nos cinemas a comédia dramática Entre Abelhas, que tinha proposta de ser para o comediante algo como O Show de Truman foi para Jim Carrey, um trabalho de transição para outro gênero. “Tenho formação em teatro e já atuei e dirigi espetáculos mais dramáticos, mas não me incomodo em ser identificado com a comédia, não. Até porque ela tem muitos matizes, variações, do escracho ao humor negro”.
Embora o filme não tenha sido muito bem recebido pela crítica, Porchat se disse muito satisfeito com o retorno do público. “Fizemos 500 mil espectadores, muito mais do que muitas comédias que têm sido lançadas”.
Formador de opinião
Atualmente colunista do Caderno 2, suplemento de cultura do jornal O Estado de São Paulo, o comediante carioca, embora admita escrever o que pensa em suas crônicas, rejeita com veemência o rótulo de formador de opinião. “Não quero influenciar ninguém, acho muita pretensão pensar que vou ajudar alguém a formar um pensamento sobre qualquer assunto. Faço humor, e me expresso através do que escrevo”.
A exemplo de seu companheiro de Porta dos Fundos, o ator, poeta e escritor Gregório Duvivier, que contribui semanalmente para a Folha de S. Paulo, Porchat por vezes toca em assuntos que podem gerar discussão, como política e religião, mas evita acompanhar a repercussão de seus textos. “Nunca leio comentários, jamais. Não tenho o menor interesse em saber o que as pessoas pensam sobre o que eu escrevo. Isso é problema delas”.
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