Tornando-se cada vez mais tradicional no calendário de eventos cinematográficos de Curitiba, o Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba (FICBIC) inicia hoje mais uma edição. Procurando refletir o momento de transformações sociais, políticas e culturais pelo qual o Brasil passa, a equipe curatorial do FICBIC selecionou mais de 100 produções em que gênero, raça e representatividade sexual, por exemplo, são temáticas abordadas.
A seleção também procura contemplar abordagens estéticas distintas, mas que estabelecem um diálogo urgente e contemporâneo entre si. Os filmes fazem um recorte vivo da produção atual, seja através das temáticas, seja pelas opções estéticas de seus realizadores. Para chegar a este resultado, a curadoria foi construída levando em consideração o atual estado das coisas, conforme aponta o curador do Circuito Brasileiro pela terceira edição consecutiva, o crítico Paulo Camargo, também editor d’A Escotilha.
Este ano, integram a equipe responsável pela seleção dos longas, além de Camargo, a pós-Doutora em Cinema Denize Araujo (Circuito Brasileiro), Aristeu Araújo (Circuito Clássico), Mariana Bernal (Curto-Circuito) e Nico Loiola (Circuito Universitário).
Os filmes fazem um recorte vivo da produção atual, seja através das temáticas, seja pelas opções estéticas de seus realizadores.
Ao longo dos próximos dez diz, as mais de 100 produções serão exibidas no Cine Guarani (Portão Cultural), Cinepensamento – SESC Paço da Liberdade, Cinemateca de Curitiba e Espaço Itaú de Cinema. Com exceção das exibições do Espaço Itaú, onde os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada), os filmes têm entrada gratuita.
Dos grandes nomes da Nouvelle Vague, Jacques Demy é homenageado da Ficbic 2017
Sob curadoria de Aristeu Araújo, o diretor francês Jacques Demy é o homenageado do FICBIC 2017. Demy criou um universo à parte, destacando-se de seus colegas da Nouvelle Vague, entre eles Jean-Luc Godard e François Truffaut, filtrando seu formalismo autoconsciente através de histórias profundamente emotivas e com um suntuoso estilo visual, que oferecem ao espectador sensações múltiplas e intensas através das trilhas sonoras, das cores vivas e das situações contrastantes de júbilo e tragédia.
Sua filmografia inicia com o realismo, mas gradativamente envereda para a fantasia, resgatando a narrativa fabulosa de pioneiros como Georges Méliès e Jean Cocteau. Filmes como Os Guarda-Chuvas do Amor e Duas Garotas Românticas estão entre suas principais obras e integram a mostra que o homenageia.
Vencedor do Festival de Brasília abre o Ficbic
Para a abertura, que acontece hoje, no Espaço Itaú de Cinema, o longa-metragem escolhido foi Arábia, da dupla mineira Affonso Uchôa (de A Vizinhança do Tigre) e João Dumans. Exibido no Festival de Brasília deste ano, onde venceu quatro prêmios, Arábia acompanha a história de André (Murilo Caliari), um jovem que mora com seu irmão mais novo em Ouro Preto.
Após um acidente com um operário de uma fábrica local, André acaba encontrando um caderno com memórias da vida do acidentado, chamado Cristiano (Aristides de Sousa). A partir daí, o filme mergulha completamente na vida de Cristiano, que se torna o narrador da história. Uma ode ao trabalhador comum, Cristiano é um retrato singular do brasileiro simples em uma época que os direitos trabalhistas estão sendo cortados.
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