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Exuberância técnica e visual de ‘1917’ disfarça superficialidade do roteiro

Favorito ao Oscar de melhor filme, '1917' é formalmente espetacular e emociona, mas não há uma discussão mais transcendente sobre a Primeira Guerra Mundial.

porPaulo Camargo
30 de janeiro de 2020
em Cinema
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'1917' tem como um de seus protagonistas o cabo Schofield (Geroge McKay), um herói por acaso. Imagem: Divulgação.

'1917' tem como um de seus protagonistas o cabo Schofield (Geroge McKay), um herói por acaso. Imagem: Divulgação.

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No dia 6 de abril de 1917, numa França transformada em campo de batalha durante a Primeira Guerra Mundial, dois jovens soldados britânicos recebem uma missão inesperada e quase impossível: correr contra o tempo para entregar uma mensagem que impedirá 1.600 homens de cair em uma armadilha mortal, meticulosamente desenhada pelos alemães.

Ao dar as ordens, o general Erinmore (Colin Firth, de O Discurso do Rei), para estimular um dos rapazes, o cabo Blake (Charles Chapman, de Game of Thrones), o informa que seu irmão mais velho está entre os que podem ser mortos caso a informação não chegue até o destacamento.Também participará desse desafio quase suicida o cabo Schofield (George McKay, de Capitão Fantástico), por ironia escolhido pelo colega ao mero acaso. Essa é a premissa de 1917, longa-metragem do cineasta inglês Sam Mendes (de Beleza Americana), indicado a dez Oscar e apontado como favorito nas categorias de melhor filme e direção.

Inspirado por histórias que ouviu na infância de seu avô, veterano da Primeira Grande Guerra, Mendes brinca com os limites entre realidade e ficção. Engana-se, contudo, quem for ao cinema acreditando que assistirá a um épico histórico sobre o conflito que se estendeu de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918. O roteiro, coassinado pelo diretor e por Krysty Wilson-Cairns (da série Penny Dreadful) não se interessa em contextualização histórica, em discutir os porquês da guerra, ou mesmo questionar a importância do momento retratado pelo filme na História. O foco parece ser outro, mas isso não é, necessariamente, um problema.

Inspirado por histórias que ouviu de seu avô, veterano da Primeira Grande Guerra, Mendes brinca como os limites entre realidade e ficção.

Mais do que um filme de guerra, no sentido mais clássico, 1917 é, ao meu ver, uma grande aventura, uma obra sobre limites e superação, que toma a Primeira Guerra Mundial como pano de fundo, mas nunca pretende discuti-la do ponto de vista político, histórico. E, dessa forma, funciona muito bem, principalmente graças à exuberância da forma como Mendes escolhe construir a narrativa. Com o extraordinário trabalho de fotografia de Roger Deakins (de Blade Runner – 2049), que opta por tons pastéis e dessaturados, o cineasta nos proporciona uma impactante experiência imersiva por meio do que quer nos fazer acreditar que sejam dois únicos planos-sequência do início ao fim ao longa-metragem, a exemplo do que Alfred Hitchcock fez em Festim Diabólico (1948).

Como em um videogame de quase duas horas, estamos lado a lado de Blake e Scholfield, mergulhados nas trincheiras (marcas registradas da Primeira Guerra), transpondo barreiras, enfrentando inimigos, nos molhando, levando tiros, passando fome e sede, sofrendo. Essa “experiência” é, sem dúvida, notável, e justifica o entusiasmo de muitos em relação à direção de Mendes, que já venceu o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Diretores. Há, de fato, algo muito arrebatador na forma como o filme é narrado, por mais que, em alguns momentos, é inevitável questionar se essa espetacularização não seria, ao fim e ao cabo, um tanto vazia.

Aqui, volto minhas atenções ao que considero o ponto mais frágil do filme: a construção de seus personagens centrais, Blake e Schofield. A despeito das ótimas interpretações de Chapman e, sobretudo, de McKay, os dois protagonistas são muito rasos. Sobre eles, seus passados e motivações, pouco ou nada ficamos sabendo porque eles parecem estar a serviço do filme, instrumentalizados pela forma visual escolhida pelo diretor para construir a narrativa, e não o contrário. São quase avatares. Mesmo Schofield, que assume o protagonismo na segunda, e mais fraca metade do filme, tem pouca complexidade, ainda que McKay carregue em seu rosto e seu corpo muito da emoção do personagem, e nos cative. Ao ponto de pensarmos no filme como uma espécie de “Jornada do Herói” por acaso.

Impecável e exuberante visual e tecnicamente,1917 tem um roteiro superficial, ainda que eficiente, pontuado de clichês, muito aquém de outros filmes com os quais disputa a estatueta de melhor filme, como Parasita, O Irlandês e Adoráveis Mulheres, que oferecem ao espectador menos ideias prontas e bem mais sobre o que refletir. Ainda assim, ou exatamente por causa disso, por ser palatável, deve vencer.

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Tags: 1917Alfred HitchcockCharles ChapmanColin FirthCrítica CinematográficaFestim DiabólicoGeorge McKayOscar 2020plano-sequênciaPrimeira guerra mundialReviewRoger DeakinsSam Mendes

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