Em quase todas as listas de melhores filmes norte-americanos de todos os tempos, O Poderoso Chefão ocupa um lugar privilegiado, muito perto do topo, logo atrás de Cidadão Kane, de Orson Welles. O que poucos se lembram, no entanto, é que, embora tenha vencido o Oscar de melhor filme, em 1973, a estatueta de melhor direção não foi parar nas mãos do cineasta Francis Ford Coppola. Quem venceu foi Bob Fosse, consagrado diretor e coreógrafo de musicais, que também construiu uma sólida carreira cinematográfica.
Fosse foi premiado por Cabaret, vencedor em outras sete categorias, tornando-se o grande campeão da noite – O Poderoso Chefão ganhou apenas mais um troféu: o de melhor ator, para Marlon Brando, que mandou, em seu lugar, uma falsa índia à cerimônia da Academia, para ler um discurso de recusa ao prêmio.
Comparar os dois filmes é uma bobagem. Ambos são, sem exagero, clássicos, cada uma a sua maneira. Cabaret, que acaba de ser relançado em DVD pela Livraria Cultura com exclusividade, percorreu um longo caminho até chegar à tela grande.
O grande mérito de Cabaret é o de ser, ao mesmo tempo, um musical espetacular, com magnífica trilha sonora de Ralph Burns, com canções de Fred Ebb e John Kander, e espetacular coreografia de Fosse, e um drama histórico muito poderoso.
Nasceu como livro memorialístico do escritor britânico Christopher Isherwood, que nele conta as experiências vividas na Berlim da República de Waimar, implementada na Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial. Depois, se tornou uma peça de teatro e, por fim, um musical, primeiro apresentado nos palcos, para depois ganhar adaptação para o cinema.
O personagem central, Brian Roberts (Michael York), é um alter ego de Isherwood. Como o autor, é aspirante a escritor, mas pretende ganhar a vida lecionando inglês. Acaba se mudando para uma pensão, onde conhece a borbulhante Sally Bowles (Liza Minnelli, premiada com o Oscar de melhor atriz pela atuação), vedete que sonha com o estrelato. Os dois acabam se envolvendo romanticamente, embora Brian tenha uma sexualidade ambígua.
Nazismo
O grande mérito de Cabaret é o de ser, ao mesmo tempo, um musical espetacular, com magnífica trilha sonora de Ralph Burns, com canções de Fred Ebb e John Kander, e espetacular coreografia de Fosse, e um drama histórico muito poderoso.
O Kit Kat Klub, inferninho berlinense onde boa parte da trama se passa, é uma espécie de microcosmos onde se vê, de forma alegórica e por vezes literal, a ascensão do nazismo. Quem tem o papel de guia nesse interessante percurso pelo labirinto em que a Alemanha estava se tornando é o Mestre de Cerimônias do cabaré, em uma interpretação magistral de Joel Grey, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante.
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