• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Cinema

‘Desobediência’ usa clima denso para falar de religião que sufoca

Ambientação propositalmente engessada para contar bem a história é responsável pela competência artística digna de aplausos de ‘Desobediência’.

porTiago Bubniak
17 de julho de 2018
em Cinema
A A
‘Desobediência’ usa clima denso para falar de religião que sufoca

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Dos segundos iniciais aos momentos finais, o que atravessa o filme Desobediência  (2017) é o modo competente com que o diretor chileno Sebastián Lelio arquiteta um universo denso, pesado e sufocante a serviço da história a ser contada. A base dessa “arquitetura” é formada por um conjunto de fatores como personagens vividos por intérpretes que trabalham com movimentos engessados e vozes reprimidas e contidas, enquadramentos que priorizam planos médios, ambientes fechados (com direito a cena em que uma das personagens deixa claro que as janelas do quarto não abrem) e uma paleta de cores que prioriza o preto, o branco, o cinza, o ocre e suas nuances.

Todo esse conjunto de elementos é utilizado para compor um quadro de repressão onipresente da religião. Mais especificamente, do judaísmo ortodoxo. A história mostra Ronit (Rachel Weisz) chegando a Londres para participar da cerimônia de despedida de seu pai, Rav (Anton Lesser), rabino que acabou de falecer. Lá ela encontra seus amigos de infância que, agora, estão casados: Esti (Rachel McAdams) e Dovid (Alessandro Nivola). Dovid está sendo preparado pela comunidade judaica para substituir Rav, mas esse plano (e toda a sua rotina rigidamente formatada) sofre rachaduras com o retorno de Ronit. Ela se mudou para o exterior em razão do envolvimento homoafetivo com Esti na infância.

A reaproximação de Roni e Esti causa alvoroço na comunidade altamente conservadora. No entanto, muito mais do que o relacionamento homossexual entre duas mulheres, o que se destaca em Desobediência é mesmo a imposição sufocante de preceitos religiosos em praticamente tudo o que permeia a existência humana.

Desobediência não é uma produção digerível para muitos, mas representa um bom exemplo de direção cuidadosa nos detalhes, do figurino ao roteiro.

Um momento emblemático de ruptura acontece na cena em que Ronit e Esti entram na casa do rabino falecido. A ambientação criada pela direção de arte transpira conservadorismo, claustrofobia e, inclusive, dá impressão de sujeira. Um rádio é ligado: já está sintonizado em uma emissora religiosa. A sintonia é alterada e um pop inglês “rasga” o ar, simbolizando a quebra com o ortodoxo, o pétreo, oxigenando o ambiente e trazendo sinal de mudanças de comportamento das personagens, pontuando de modo oficial, pode-se dizer, a aproximação das duas.

Desobediência não é uma produção digerível para muitos, mas representa um bom exemplo de direção cuidadosa nos detalhes, do figurino ao roteiro, da interpretação dos atores à construção dos personagens, da escolha dos enquadramentos à inserção das músicas. Além do mais, tem um discurso sobre liberdade que causa impacto pela sutileza com que se dirige de modo incisivo, direto e representativo às pessoas certas, na hora certa, ao mesmo tempo em que dá a impressão de estar sendo direcionado a todos os presentes com igual intensidade.

A trama envolvendo Ronit, Esti e Dovid confirma o talento de um diretor que, em 2018, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por Uma Mulher Fantástica. O principal motivo? A mesma ambientação que é propositalmente engessada para contar bem a história é responsável pela competência artística digna de aplausos.

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Alessandro NivolaAnton LesserCinemaCríticaCrítica CinematográficaDesobediênciaRachel McAdamsRachel WeiszResenhaSebastián LelioUma Mulher Fantástica

VEJA TAMBÉM

Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.
Cinema

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Espaço antigo da Cinemateca de Curitiba, hoje Casa da Memória. Imagem: Marcos Campos / Acervo Casa da Memória / DPC / FCC / Reprodução.
Cinema

A Cinemateca de Curitiba e os filmes que nunca terminam

28 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.